O Flamengo precisa de tempo: por mais que perder seja terrível, por mais que a postura do time em dados momentos tenha sido constrangedora, por mais que esperar que Vitinho marque duas vezes na mesma disputa de pênaltis seja tão sensato quanto apostar todas as suas economias no fato de que o ator Stepan Nercessian será o novo 007, é preciso reconhecer que o Flamengo não teve uma atuação ruim contra o Atlético-MG neste domingo. A equipe começou a partida de maneira confusa, se mostrou superior, e aí sofreu um gol na infelicidade de Hugo. Voltou melhor no segundo tempo, conseguiu a virada e aí sofreu o empate em mais um erro de marcação.
Do mesmo autor: Mais que um jogo, Flamengo x Atlético-MG se tornou um duelo de narrativas
Quando você leva em conta que estamos num começo de trabalho, em que Paulo Sousa teve até agora menos de dois meses para implementar um outro esquema tático após a verdadeira terra arrasada que foi o combo Dome/Ceni/Gaúcho e que a derrota diante do atual campeão brasileiro só veio após uma sequência bisonha de pênaltis perdidos, é preciso admitir que estamos diante de um trabalho com potencial e que merece tempo para ser desenvolvido. Não é carta branca, não é ignorar os erros, é apenas perceber que talvez um pouco de paciência agora possa sim render frutos amanhã.
O Flamengo precisa de goleiro: Hugo tem um imenso potencial. É um goleiro ágil, alto, veloz, que vem se destacando desde as categorias de base e surgiu com muita confiança num momento dos mais complicados do Flamengo em 2020. Mas, como já demonstrou diversas vezes, quase sempre em jogos decisivos, Hugo também pode ser extremamente inconstante, inseguro e cometer falhas que, de maneira alguma condizem com a sua capacidade e o seu potencial. Quando você soma isso a um Diego Alves que transmite bem mais segurança mas já está no crepúsculo de sua carreira – e não por viver um triângulo amoroso com um vampiro e um lobisomem, mas sim por estar em declínio físico e técnico – fica evidente que o Flamengo precisa de um goleiro que una condição física, qualidade técnica e psicológico de quem não vai rebater bola pro meio em jogo decisivo.
Leia no MRN: 5 goleiros em fim de contrato na Europa que poderiam pintar no Flamengo
O Flamengo precisa de um psicólogo: esse não é um daqueles memes “namore alguém que faz terapia”, não é romantização de consulta com psicólogo que nem fazem no Instagram, é apenas a constatação de que, em vários momentos das últimas duas temporadas o elenco rubro-negro demonstrou que talvez seja sim necessário um suporte psicológico mais específico para diversos jogadores. A disputa do esporte em alto nível exige não apenas uma condição física plena, mas também um controle emocional e uma segurança que, se você analisar o desespero e o descontrole do Flamengo durante as últimas cobranças da disputa desde domingo, parecem não estar presentes.
Desde o primeiro trimestre de 2019 o Flamengo não conta com um psicólogo na comissão técnica, tendo apenas um “mental coach”, que saiu do clube junto com Jorge Jesus em 2020. Seria tão absurdo pensar que talvez um profissional da saúde mental pudesse agregar ao trabalho feito com a equipe profissional? Não que exista algum tratamento que possa fazer Léo Pereira marcar ou Isla acertar a cobertura, mas talvez um bom psicólogo pudesse evitar que William Arão tivesse se aproximado da marca dos pênaltis com o olhar perdido do atleta que encarou o abismo, foi encarado de volta, o abismo ainda criticou o cabelo dele.
Leia no MRN:
Ex-integrante da comissão de Jorge Jesus, Evandro Mota diz que voltaria ao Flamengo
Não precisa de psicólogo? Paulo Sousa cobra emocional do Flamengo e admite desorganização
O Flamengo precisa de um novo Coach Mental
O Flamengo precisa de um pouco mais de vergonha na cara: seja qual for a explicação dada para que Vitinho cobrasse seu segundo pênalti, o cenário como um todo só pode ser classificado como uma grande palhaçada. Se deixaram Vitinho cobrar para se consagrar, colocaram o prestígio do jogador à frente do título do clube. Se Gabigol queria cobrar o próximo, colocaram a conveniência do jogador à frente do título do clube. Se Vitinho cobrou porque era quem estava “mais confiante”, que diabos estava acontecendo para o elenco todo ter menos confiança que Victor Vinícius, eleito 3x o homem mais triste da cidade do Rio pela Veja RJ?
Por mais vitoriosa que a geração 2019 seja, é preciso que ela não esqueça que 2019 já acabou, os títulos conquistados ficaram para a história, mas nada está ganho este ano, como não esteve na temporada de fracassos de 2021 e no Brasileirão ganho na bacia das almas de 2020. Por mais respeito que o elenco do Flamengo possa impor, ele precisa voltar a provar, dentro de campo, com gana, vontade e qualidade, que ele segue tão capaz quanto foi 3 anos atrás. Ou isso ou vamos estar fadados a mais tardes de frustração, cansaço e irritação como a deste domingo.
Siga João Luis Jr no Medium.
Siga o MRN no X/Twitter, Threads, BlueSky e no Instagram.
Contribua com a independência do nosso trabalho: seja apoiador.
- Sofascore destaca números de Wesley com liderança importante
- Zico fará Jogo das Estrelas no Japão em 2025
- Meia do Internacional deve enfrentar o Flamengo no sacrifício
- STJD: Alcaraz está livre para jogar, mas Braz é suspenso e perde fim do Brasileirão
- Flamengo x Internacional: Rochet projeta dificuldades no Maracanã