Primeiro é preciso deixar claro que conceitos como “derrota do Flamengo boa” e “vitória ruim” não fazem o menor sentido. Por mais que obviamente existam horas piores pra que algo ruim aconteça, não existe momento oportuno para o fracasso, assim como, por mais que existam situações que potencializam alegrias, não existe momento em que uma coisa que você acha realmente boa apareça e você vá dizer “opa, não, eu hoje quero é passar raiva”.
Digo isso, obviamente a mente humana, mais como um mecanismo dissociativo de defesa e menos como um processo lógico ou racional, tende a procurar, mesmo nas piores desgraças, mesmo nas maiores vergonhas, algum aspecto positivo que permita encontrar um falso viés de vantagem onde na prática existe apenas tristeza, raiva e chateação.
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E uma das maneiras como isso opera é através da crença de que toda situação ruim deixa algum aprendizado. Você não passou 12 anos num emprego e foi demitido do nada, você adquiriu experiência que vai usar em novas oportunidades. Vocês não levou um golpe do pix, você aprendeu uma lição sobre segurança cibernética. Você não ganhou uma jatada de vômito durante uma viagem de ônibus, você aprendeu a importância de não sentar ao lado de pessoas que parecem meio esverdeadas e estão respirando esquisito.
Por essa lógica, mais do que uma derrota vagamente vergonhosa num clássico de arbitragem maluca, a nossa mente precisa acreditar que o 2×1 sofrido pelo Flamengo hoje diante do Fluminense vai gerar algum tipo de ganho, alguma forma de aprendizado, alguma lição possível pra que situações assim não se repitam e o torcedor não precise estar, aos 55 do segundo tempo, depositando suas esperanças em Léo Pereira na lateral cruzando para David Luiz de centroavante.
Primeiro é preciso lembrar que, por mais que o Flamengo tenha evoluído de maneira brutal desde a chegada de Dorival Júnior, ele ainda é uma equipe que tem virtudes e defeitos, como todas as outras, por mais que alguns torcedores prefiram abandonar o plano prático da realidade e acreditar que torcem para uma versão melhorada da seleção brasileira de 1970.
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Filipe Luis é um grande jogador mas não é exatamente um sub-23 e tende a ser superado na velocidade, nossa criação é muito dependente da situação de Arrascaeta e qualquer problema físico dele vai pesar no nosso desempenho, assim como a mesma pressão no ataque que tantas vantagens gera, quando não encaixa, faz com que a situação estoure na defesa.
E claro, Rodinei não sabe marcar. Ele pode ter vigor físico, mas ele não sabe marcar. Ele pode estar vivendo sua melhor fase, mas continua não sabendo marcar. Ele poder ser um cara gente boa que qualquer um de nós gostaria de ter na família, mas ele apenas não faz a menor ideia de como um lateral deveria marcar.
Porque o Flamengo é sim um bom time, possivelmente dos melhores do continente, e tem sim condições de brigar de verdade pelas taças que está disputando. Mas derrotas como a de hoje lembram a verdade óbvia que ele também tem pontos fracos, problemas não resolvidos e ângulos que um time competente pode saber explorar, e pros quais é preciso buscar soluções o quanto antes.
Como eu disse, não existe derrota boa e nunca vai existir hora razoável pra perder, mas a situação lamentável da partida de hoje pode ao menos ganhar algum sentido se dela forem tiradas lições que permitam que nos próximos jogos o Flamengo corrija os seus defeitos, evolua dentro das suas características e o torcedor não precise testemunhar situações bizarras como o Rodinei olhando pro ar enquanto o jogador adversário, quase ao lado dele, faz um gol de cabeça. Sério, não é pedir muito.
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