O canal Oh Meu Mengão reuniu os presidentes de algumas das principais Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro. Representando a Torcida Jovem do Flamengo, o presidente Vigarinho participou do debate que tinha como foco debater principalmente a punição ao CPF e não o CNPJ. Ou seja, o torcedor que infringir regras ou leis deve ser punido e não a associação.
Vigarinho comenta o assunto e conta que as punições são renovadas em cima de outras punições. Assim, a Torcida Jovem do Flamengo já está afastada do Maracanã há cinco anos.
“A gente vem sofrendo diversas punições desde o ano de 2012. Começamos a pegar um jogo de punição. Às vezes um cara soltava uma bomba no Maracanã, cara nem foi identificado, já falavam que era a Torcida Jovem do Flamengo, pega três jogos sem poder levar uma bandeira, uma faixa. Foi só aumentando, três meses, seis, um ano. Tudo que era problema no Maracanã falava que era a Torcida Jovem do Flamengo. Mas ninguém identificado, ninguém preso e caía sempre na conta do CNPJ da torcida”, explica Vigarinho.
Leia mais: Membros de grupo apoiador de Landim emitem nota criticando a gestão do Departamento de Futebol do Flamengo
Vigarinho pede aprovação da lei da anistia das Torcidas Organizadas
Em 2017, pelo envolvimento em confusões no Engenhão que culminaram na morte de um torcedor do Botafogo, a Jovem recebe punição. Há 15 dias, chega a extensão da punição e Vigarinho pede que a lei da anistia das torcidas seja aprovada.
“Fomos punidos com a pena máxima de três anos. Respeitamos sem ir ao estádio, quando chegou em 2019 eles renovaram alugando que a gente descumpriu uma ordem judicial de poder ir ao estádio. Mas sem prova nenhuma, nunca levamos faixa, não tinha ninguém vestido de Jovem. Nenhum diretor estava indo ao jogo. Essa punição acabaria em agosto, mas chegou outra citação na sede renovando a mesma citação por mais três anos. Aí fica complicado, a gente tenta ajudar, faz reunião, vai na ALERJ, no BEPE, mas pelo visto o poder público não nos quer mais na arquibancada. Esperemos que seja aprovada essa nova lei com a anistia das Torcidas Organizadas e que não puna o CNPJ, mas sim o CPF do infrator“, complementa.
Presidentes relatam dificuldade de levar material para os estádios
Vigarinho comenta a dificuldade para conseguir levar bandeiras para o Maracanã e diz que os adversários do Flamengo chegam no estádio com todo tipo de material possível.
“Tem que levar um monte de cadastro pra conseguir colocar uma faixa, um instrumento. Só no Rio tem isso. Em Minas, o jogo do Cruzeiro recentemente estava com mais de 30 bandeiras. Independente vem aqui, coloca faixa gigante, várias bandeiras. A gente que é aqui do Rio, não consegue. É difícil para caramba”, explica o presidente da Torcida Jovem do Flamengo.
Anderson Macula, da Raça Rubro-Negra, também comenta o assunto e fala do descaso dos juízes nos casos das Torcidas Organizadas.
“Não pode a faixa, a bandeira e o instrumentos mas não pode também os integrantes, e não pode também os torcedores que não são mais cadastrados, mas tem foto no Instagram com camisa da Raça. Eles não estão cadastrados na Raça mais. É tão arbitrário que desanima. Se formos buscar documentos, só podem cinco anos de uma instituição punida. Nossos advogados não conseguem trabalhar, não têm acesso ao processo e não consegue falar com os juízes. Se não for anistia, tá desanimando. Vamos voltar quando se não for a anistia?”, questiona.
Kinteiro, presidente da Fúria Jovem do Botafogo, reclama da falta de ajuda dos clubes na situação.
“Bandeirão podia levar em qualquer jogo, hoje em dia tem que pedir autorização. Os clubes não tentam ajudar a gente. Eles querem mais que a torcida fique fraca. Ingresso caro. Está mais fácil fazer festa no estádio dos outros do que nos nossos”, conta.
Projeto de lei será votado na ALERJ nesta terça-feira
O projeto de lei que prevê a anistia das Torcidas Organizadas, possibilitando seu retorno aos estádios, acontece nesta terça-feira (13). A votação para PL 5649/22 envolve todas as Torcidas Organizadas punidas na cidade, dos quatro grandes clubes. Por isso aconteceu o debate. O advogado Gustavo Proença participa do podcast e explica com mais detalhes o projeto de lei.
“A anistia é uma figura jurídica. Não está sendo criada agora. Esse objetivo não é apenas anistiar as punições, que não tem nenhuma base legal, mas é um projeto de lei muito mais amplo. Cria as casas do torcedor que vão ser espaço para mediação de conflitos. Projetos sociais. Esse projeto de lei regulamenta as punições. A punição tem que ser por um número determinado de partidas. Tem que ter um critério básico. A punição não pode acontecer daqui dez anos, como acontece. Aconteceu agora, tem que punir agora. As torcidas não recebem as notificações do início do processo, não tem como se defender”, explica o advogado. Agora as torcidas aguardam o resultado e esperam boas notícias daqui em diante.