A torcida passou sufoco para rever o Flamengo novamente nas quartas de final da Libertadores. Hora de passar a limpo a classificação!
Todo rubro-negro, vivo ou morto, passou sufoco na quarta-feira. Parecia difícil, depois ficou claro que seria tranquilo, e no final foi uma angústia.
Acredito que essa sensação possa ser explicada por dois conceitos e três estatísticas.
Como falei lá naquele primeiro vídeo sobre o esquema tático de Jorge Jesus, o Mister é bastante flexível.
O time entrou — pelo quarto jogo seguido — no 4-4-2 e não no 4-1-3-2. As diferenças às vezes são sutis, mas mudam a forma do time jogar.
Os meias partem de posições muito mais abertas, então começam as jogadas bem afastados. Além disso, os volantes jogam alinhados e não houve “saída de três”, que é quando um dos volantes recua entre os zagueiros para fazer a saída de bola.
O Emelec se defendia em 4-1-4-1, portanto cada jogador equatoriano pegava um e o volante, Dixon Arroyo (número 5), ficava solto para dar suporte do lado da bola. Os zagueiros do Flamengo faziam a saída junto com Diego Alves sem muita dificuldade.
O plano de jogo foi parecido com o da partida contra o Botafogo, mas ainda mais contundente.
Em resumo, o Flamengo começava a jogada por um lado, atraía a marcação (principalmente Arroyo) para lá e virava o jogo para o outro lado.
Aí vem o primeiro conceito: SOBRECARGA
Ao concentrar muitos jogadores pelo mesmo lado, o Flamengo sobrecarregava a defesa por ali, forçando o Emelec a mudar sua estrutura para lidar com a avalanche.
A primeira chance do Flamengo é um bom exemplo. Com Cuéllar, Gerson, Arão, Renê e BH do mesmo lado, a defesa do Emelec toda se desloca pra lá e Everton aproveita o espaço de maneira muito inteligente.
Além disso, o Fla virava o jogo ainda mais vezes e mais rápido do que no jogo contra o Botafogo, pegando todo mundo do outro lado no mano-a-mano.
Foram cinco viradas nos primeiros 30 minutos (número altíssimo) e assim o Flamengo foi avassalador.
Mas o Emelec mudou. Mudou o posicionamento de Godoy (número 29) e passou a defender em 4-4-2. Todo o resto do time subiu um pouco. Não chegava a ser uma marcação sob pressão, mas certamente uma defesa mais adiantada.
Aí entra o segundo conceito: O PRIMEIRO PASSE
Falei rapidamente sobre isso em outro vídeo.
Às vezes o passe mais importante para quebrar uma defesa não é o último, mas o primeiro. Quando a bola sai bem trabalhada lá de trás, vai desorganizando a defesa do adversário e chega bem trabalhada lá frente.
Um ótimo exemplo está no vídeo do brilhante @notavel sobre o Rafinha:
Rafinha desequilibrou dois jogos em três. Já entrega mais do que eu esperava. Numa eventualidade, quando o reserva for confiável, pode ser meio-campista que defende, pensa rápido e passa verticalmente. Algumas virtudes que notei nele e que faltavam em Diego.
Se o lateral tivesse estourado essa bola, ela voltaria para o Emelec, mas ao clarear a jogada e sair com um passe limpo, o Flamengo poderia ter criado uma grande chance.
Pois bem… ao mudar para o 4-4-2, o Emelec passou a espelhar o Flamengo e todo mundo marcava no mano-a-mano. Por um lado, é arriscado. Mas deu certo, pois acabou dificultando muito a saída de bola do Fla.
A bola já não chegava limpa e o jogo virou uma disputa física.
A prova disso está nas estatísticas. Quase todos os números são muito parecidos entre primeiro e segundo tempo. Posse de bola, faltas, passes certos e errados, dribles, impedimentos etc.
Só há real diferença em três números.
Primeiro, rebatidas.
O Fla teve 9 no 1o tempo e 26 no 2o. O Emelec foi de 11 para 19. O jogo ficou mais feio, mais físico, mais disputado
Aí o cansaço pesou. Os equatorianos começaram a ganhar as disputas físicas e equilibraram o jogo.
Segundo, finalizações.
O Fla teve 10 no 1o tempo e 4 no 2o. O Emelec foi de 1 para 7. Apenas uma de dentro da área. Queiróz chutou 4, todas de muito longe, e só uma levou perigo.
Ou seja, o Emelec não criou grandes chances, mas começou a chutar e mudou a sensação do jogo.
Por fim, perdas de posse.
O Flamengo teve 8 no 1º tempo e VINTE no 2º. O Emelec foi de 14 para 18.
Foram 9 perdas para cada lados nos últimos 15 minutos. A bola começou a queimar. O jogo ficou imprevisível, totalmente aleatório. Isso nos colocou em alerta.
Jorge Jesus tentou de tudo. Voltou a fazer saída de 3, não deu certo, voltou pro 4-4-2 com Berrío e Arrascaeta abertos, depois abriu Bruno Henrique na esquerda e trouxe Arrascaeta como falso 9, tentou sair na bola longa nas costas da defesa… Procurou todo tipo de solução.
O grande mérito do Fla, a meu ver, foi ter entendido seu limite. O time cansou demais e perdeu Gabriel. Nesse momento, poderia ter saído desesperado em busca do terceiro gol. Em vez disso, soube dosar. O jogo ficou nervoso, mas olhando friamente, o Fla até administrou bem.
Também precisamos reconhecer os méritos do Emelec. O time é limitadíssimo, mas faz do limão uma limonada. Fez mudanças importantes que mudaram a cara do jogo e favoreceram o jogo deles.
Por fim, temos que elogiar os pênaltis. Todos bem batidos, todos concentrados e trabalhando bem com a pressão. Andei falando muito sobre isso:
https://www.mundorubronegro.com/flamengo/mrn-blogs/blog-do-teo/mas-o-10-do-flamengo-nao-fez-nada-disso
https://www.mundorubronegro.com/flamengo/teo-benjamin-ainda-sobre-penaltis-perdidos-e-tambem-lances-livres
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