Paulo Sousa não é mais técnico do Flamengo. A multa de 8 milhões de reais será paga pelos contribuintes rubro-negros em mais uma demonstração pública e notória de incompetência do presidente Rodolfo Landim. A atual gestão não consegue atuar em um nível de excelência condizente com seu orçamento superior a um bilhão de reais.
É claro que o Flamengo de Paulo Sousa é abaixo da crítica. O português pareceu pinçado a ouro por Marcos Braz e Bruno Spindel em nova tournée des entraîneurs pela Europa. Mas realmente é inacreditável como Paulo Sousa não conseguiu fazer o time encaixar de verdade em seus cinco meses à frente do Mais Querido.
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Tecnicamente podemos discutir os erros, tentativas de acertos e o papel dos jogadores para este verdadeiro show de horrores que culminou na vexaminosa derrota para o lanterna Fortaleza neste último domingo, em jogo válido pela nona rodada do Brasileiro.
Mas o maior fracasso de Paulo Sousa parece ser interpessoal. O grupo não gostou dele. O time não parece ter boa vontade de cumprir suas ordens. O elenco não quer ser liderado pelo técnico que pagou para abandonar a Polônia. Enfim, Paulo Sousa é passado.
Quem torceu até o último fiapo de fé em um trabalho de longo prazo no Flamengo ficou mais uma vez a ver navios. Das 20 edições do Brasileirão disputado por pontos corridos apenas em 2011, com Luxemburgo, conseguimos começar e terminar a competição com o mesmo treinador – que seria demitido no Cariocão 2012. É uma vergonha institucional, um absurdo futebolístico e sobretudo uma marca naturalizada.
O que não dá mesmo é para comemorar a iminente saída de Paulo Sousa. O Flamengo está caminhando a passos largos para trás. Após mais este insucesso europeu, cada vez mais o mercado se fecha e quem quiser aceitar o desafio vai cobrar muito caro. O custo do desarmador é compatível com o da bomba. Podemos terminar com Cuca. Nada mais apropriado para o ciclo que começou com Abel Braga.
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O tripé essencial para qualquer grande empreendimento dar certo é formado por pessoas, processos e ferramentas. O Flamengo perde profissionais de qualidade em todas as áreas, do Futebol ao Marketing, passando pela Comunicação e chegando até o Esporte Olímpico.
Com todo o poder econômico do clube, a implementação e melhoria contínua de processos certamente não está na pauta do Futebol. E, ainda que nos departamentos financeiros do clube o compliance esteja sendo executado, a crescente tensão por resultados pode começar a criar rachaduras nas barreiras da responsabilidade.
As ferramentas podem ser compradas. A aquisição de uma máquina, no entanto, não aponta necessariamente para uma perspectiva de trabalho pontuado pela Ciência. O negacionista não é apenas aquele doidinho que não acredita em vacinas e epidemias. Antes fosse. O mais perigoso negacionismo pode ser sútil como a ideia de que simplesmente basta demitir Paulo Sousa.
Diogo Almeida é editor do Mundo Rubro Negro. Gosta de escrever teses não convencionais sobre o Flamengo. Siga no Twitter.