Rondinelli deu um salto para a História. Saiu do chão do Maracanã e chegou à glória
Eram 120.433 espectadores naquele 3 de dezembro de 1978. A final da Taça Rio de Janeiro (que nada tem a ver com a Taça Rio, criada apenas em 1982), valia o segundo turno do Campeonato Estadual. Dessa forma, o Flamengo, vencedor da Taça Guanabara, sairia do Maracanã com o troféu em caso de novo triunfo. Mas também seria o marco zero da vitoriosa “Era Zico”.
Entretanto, o Rubro-Negro chegou para o clássico sob desconfiança. Eram cinco jogos sem marcar sobre o rival, a maior sequência sem gols sobre o Cruzmaltino até hoje. A geração formada com pratas da casa, contudo, carregava o peso do Flamengo ter perdido a Taça Guanabara de 76 e o Estadual de 77 nos pênaltis.
E o meio-campo já elencava nomes dos melhores momentos que estavam por vir: Tita, Junior, Adílio, Carpegiani e Zico… Eram talentosos. Eram a esperança. Igualmente, os cronistas descreviam como promessas de um novo tempo.
Entretanto, faltava o título. Faltava alguém colocar naqueles jogadores o doce sabor da vitória. O brio de ser campeão.
Por outro lado, sobravam provocações dos cruzmaltinos.
Assim, ao caminhar para os treinos, as bancas estampavam nos jornais frases como as de Abel Braga: “Torço para jogar a final contra o Flamengo. É o time que menos nos assusta. Enfim, não sei o que é perder para eles há um ano e oito meses”.
Ou então de Roberto Dinamite: “Jogar contra o Flamengo? É ‘bicho’ certo pra gente”.
Faltava impor respeito. Faltava o Deus da Raça.
Um salto. Um título. Uma nova era.
E a final que Abel Braga queria chegou. O relógio marcava 41 minutos do segundo tempo. E o placar, 0 a 0. O resultado era do Vasco da Gama.
Escanteio no ataque direito rubro-negro.
Zico cobra no segundo pau. Rondinelli então deu um salto para a História. Saiu do chão do Maracanã, sobrevoou a zaga vascaína e cabeceou a glória.
Com seus 1,76m, subiu mais que Abel e estufou as redes do goleiro Leão. Gol do Flamengo.
Entre cambalhotas e gritos em direção à torcida, o Deus da Raça abria caminho não apenas para o 18ª titulo do Campeonato Carioca, mas para um geração inteira.
O grito de dezenas de milhares de rubro-negros – milhões pelo Brasil – não era apenas de gol. Era de libertação. Engasgado na garganta por anos.
Gol. De Rondinelli. Do Flamengo. De uma geração.
Rondinelli, herói e libertador de uma geração
Quando a José Roberto Wright apitou o final da peleja no velho Maraca, estava iniciada a nova era no Flamengo. Portanto, o título abriu caminho para o tricampeonato carioca e o gostinho da glória para a maior geração do futebol carioca em todos os tempos.
Assim, após aquela partida, a equipe liderada pelo Deus da Raça engatou 52 jogos sem perder. Maior invencibilidade até hoje. Contudo, era o começo. De 1979 a 1983, o Flamengo conquistou as maiores façanhas de sua história. Nesse meio tempo, foram três títulos brasileiros, uma Copa Libertadores e o Mundial Interclubes.
Mais que isso, conquistaram um lugar na prateleira mais alta dos maiores da História. Comparado ao Santos de Pelé, aquela geração, então, virou referência de sucesso, futebol arte e consagração.
“Aquele gol foi o divisor de águas para a nossa geração. Se a gente não tivesse conquistado o título, o time provavelmente seria desfeito, então ficaria com fama de vice, de perdedor”, diria Rondinelli anos depois.
Nos jornais, agora, as provocações davam lugar aos troféus rubro-negros. O ‘bicho’ certo mudou de lado.
No ano seguinte, o zagueiro foi para o Corinthians sob os louros da consagração. Entretanto, a espada da vitória tinha sido desembainhada e entregue a Zico. O libertador tinha feito a sua parte. Enfim, estava escrito.
Há pessoas que fazem história sem saber. Naquela tarde foi a vez de Rodinelli, o libertador de uma geração.
FICHA TÉCNICA
11ª Rodada – 03/12/1978 – Flamengo 1 x 0 Vasco
Local: Maracanã (Público: 120.433 espectadores)
Gol: Rondinelli (41’2T)
Flamengo: Cantareli, Toninho Baiano, Manguito, Rondinelli e Júnior; Carpegiani, Adílio e Zico; Marcinho, Cléber (Eli Carlos) e Tita (Alberto Leguelé).
Téc: Cláudio Coutinho
Vasco: Leão, Orlando, Abel Braga, Gaúcho e Marco Antônio; Helinho, Guina e Paulo Roberto; Wilsinho (Paulo César), Roberto Dinamite e Ramón (Paulinho).
Téc: Orlando Fantoni
- Sofascore destaca números de Wesley com liderança importante
- Zico fará Jogo das Estrelas no Japão em 2025
- Meia do Internacional deve enfrentar o Flamengo no sacrifício
- STJD: Alcaraz está livre para jogar, mas Braz é suspenso e perde fim do Brasileirão
- Flamengo x Internacional: Rochet projeta dificuldades no Maracanã