João Luis Jr: Nossos reservas aproveitam sua chance de mostrar por que são reservas

Durante os últimos anos o Brasil foi assolado por uma ameaça ao mesmo tempo nova e antiga. Que colocou em risco não apenas o ambiente político brasileiro como até mesmo o nosso convívio social: as chamadas “fake news”.

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Nascidas da distorção de fatos reais ou mesmo da pura e completa invenção, as fake news se distinguiram das conhecidas e tradicionais mentiras. Isso devido à velocidade e capacidade de disseminação trazidas pelo Whatsapp e pelas redes sociais. Se antigamente uma mentira precisava de uma semana pra atingir uma vila, hoje uma fake news afeta, em poucas horas, um país, causando danos incalculáveis.

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E há uma fake news pouco debatida mas que vem, desde 2019, causando danos ao emocional, psicológico e até mesmo espiritual do torcedor rubro-negro. A narrativa de que o Flamengo teria não apenas um grande time titular mas também excelentes reservas.

São pessoas falando que “o time B do Flamengo pegaria Libertadores”, que “os reservas do Flamengo são melhores que os titulares de muito time grande”, entre outras afirmações que se disseminaram rápido mas tem pouca ou quase nenhuma conexão com o que acontece de verdade no mundo real.

Como ficou claro, mais uma vez, na patética derrota rubro-negra diante do Cuiabá.

Reservas no Flamengo e titulares em outros times?

Afinal, se nosso time reserva é tão forte assim, como ele só foi criar sua primeira oportunidade de gol aos 47 minutos do primeiro tempo? Talvez porque não temos nenhum reserva para a criação do meio-campo, e passamos mais uma janela de transferência em branco?

Se temos um elenco tão completo, como não temos um mísero lateral-direito além de Wesley, por exemplo? Afinal, a titularidade de Varela na Seleção Uruguaia algo tão absurdo que já deveria ter sido motivo de alguma CPI no país vizinho.

Se Cebolinha seria titular em qualquer outro time da Série A, o quanto de raiva os torcedores destes times estariam dispostos a passar? Já que o atacante Everton vem vivendo os momentos mais humilhantes e vergonhosos já ocorridos com qualquer Cebolinha fora de um gibi da Turma da Mônica?

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Luiz Araújo, o atacante que ninguém conhecia e tentamos acreditar que se foi tão caro precisava ser bom, mas até agora foi apenas caro? E Pablo, o zagueiro terraplanista que parece não saber que a bola é redonda? E Thiago Maia, que deixou tantos buracos no meio de campo quanto parecem existir em seu próprio cabelo?

Falta de peças em algumas posições

A verdade é que o Flamengo tem sim um grande time titular, com nomes como Gabriel, Arrascaeta e Bruno Henrique, além de boas opções em algumas posições, como Pedro para o comando de ataque e Filipe Luis/Ayrton Lucas para a lateral-esquerda. Jogadores de grande qualidade que, mesmo quando em má fase, conseguem se manter competitivos.

Mas não apenas temos algumas posições em que só encontramos recentemente um mísero jogador em condições de atuar, como Wesley na direita, como temos outras em que os reservas representam um desnível não apenas gritante como até mesmo constrangedor em relação aos titulares, não permitindo nenhuma ilusão sobre o que são capazes de oferecer.

Por isso é essencial, se o Flamengo quer mesmo ser capaz de brigar por tudo, que ele abandone essa ilusão do “excelente time reserva” e compreenda que precisa sim se reforçar, ou ao menos saber aproveitar melhor as revelações da base. Porque, adaptando uma frase do escritor David Foster Wallace, “a verdade vai te libertar, mas só depois que você tomar várias surras humilhantes de times de meio de tabela”. 

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