Falar desse Flamengo é monótono. É como se semana após semana eu usasse esse espaço que me é dado para gritar no deserto sobre como nós não criamos e como somos vulneráveis ao ataque de qualquer timinho. Nesta noite de sábado, conseguimos três pontos imerecidos contra um time que não ganha há 10 jogos.
Mas algo muito mais relevante e grave do que esse futebol patético do Flamengo aconteceu. Pedro Guilherme, flamenguista, o atual Rei da América, foi agredido por um membro da comissão técnica. Para além do absurdo da agressão em si, que seria inadmissível de qualquer pessoa em qualquer pessoa, trata-se de alguém que tem o nome escrito na história do Flamengo.
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Além da medida legal tomada pelo centroavante, o Flamengo precisa ser enérgico. Já é absurdo que a demissão do profissional não tenha sido anunciada imediatamente após o jogo. Não surpreende vindo de um clube que viu Diego Alves – outro grande ídolo – sendo caluniado por Paulo Sousa sem maiores consequências.
Pedro, que chegou a chorar diante do presidente do Fluminense pedindo para ser liberado para o Flamengo, foi humilhado no seu ambiente de trabalho. Isso não pode ficar assim. É imperativo que o presidente fale, que o VP de futebol fale, que o treinador fale. Também é IMPERATIVO que todos esses se descumples com Pedro.
Mais que isso, se o treinador não for humilde o suficiente para pedir desculpas publicamente, este também deve ser mandado embora sumariamente. E que se dane qualquer questão esportiva. Estamos tratando aqui de imagem do clube. Trata-se – lembrando – de um ídolo do clube.
Arquitetos do desastre
De onde saiu esse animosidade ? O que fez com que torcedores (e agora também a comissão técnica) passassem a ver os jogadores como vagabundos que não estão nem aí? Existe uma campanha que vai para além de ano para isso.
Bruno Henrique alertou em entrevista coletiva, citando nominalmente o grande guru que cria essa animosidade. E aí está o resultado. Repita-se: Pedro foi agredido! O principal artífice disso que está acontecendo falou todo orgulhoso do que disse o atual treinador supostamente corroborando a tese dele sobre “escolher jogo”.
Ou seja, essa animosidade também da Comissão Técnica para com os jogadores é fomentada por torcedores e por alguns da imprensa, que transformaram a perseguição a ídolos do clube em marca registrada. O sangue de Pedro está nas mãos dessas pessoas.
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Espero sinceramente que isso não resulte na saída de Pedro ou de qualquer outro jogador do elenco. Eles são patrimônio monetário e muitos deles também imaterial do clube. Que Pablo seja extirpado do Flamengo e que a torcida consiga perceber quem cria o clima pra que isso aconteça. Inclusive, esses serão aqueles que dirão algo do tipo:
“Nada justifica agressão, mas o Pedro também não tem nada que sentar no banco quando deveria estar aquecendo. Isso mostra que cada um faz o que quer lá dentro, porque não tem cobrança profissional! É claro que o preparador foi longe demais, mas isso é sintoma do clima paternalista do Flamengo que faz os jogadores acharem que mandam no clube.”
Podem me cobrar! Haverá jornalista falando algo bem parecido e sendo endoçado por parte dos torcedores em redes sociais como o Twitter.
Isso precisa parar!
“Muito bem, você tem o talento que faz de você tão proeminente panaca, desses que não comuns de se ver. Enquanto você fica aí arrumando tumulto, eu vou me aprimorando na arte do insulto!” Como diria o gigante Matanza!
Renato Veltri é advogado, formado pela UFRJ em 2019 e flamenguista formado por sua irmã, Vanessa, na final da Copa do Brasil de 2006. Twitter: @veltri_renato.
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