No primeiro grande teste de Paulo Sousa, o Flamengo perdeu o clássico para o Fluminense por 1×0, pelo Campeonato Carioca 2022.
A princípio o resultado pouco impacta o trabalho visando lutar pelos principais títulos da temporada. Porém parte da torcida e da imprensa já busca tirar conclusões após dois jogos, num período hoje tratado como pré-temporada para o clube.
Nesse sentido, é possível sim indicar algumas correções iniciais que podem ser feitos ao trabalho de Paulo Sousa ao Flamengo. Contudo, sempre com bastante cautela para não tirar conclusões precipitadas.
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1ª fase de construção: Flamengo com dificuldade para encontrar janelas
Desde os primeiros minutos de jogo, a primeira vista Paulo Sousa optou que o Flamengo fizesse uma saída de bola em 3-1. Enquanto o trio de zaga sofria pressão dos três atacantes do Fluminense, por outro lado Arão era o responsável por ser o homem a frente da linha defensiva.
Por muitas vezes Arão se apresentou em janelas para ser acionado, porém o volante recebia poucos passes em jogo interior. O Flamengo por muitas vezes optou por passes laterais e dificultando a verticalização de sua fase. Gustavo Henrique e Rodinei foram os atletas que mais tiveram dificuldades para acionar Arão bem posicionado.
Apesar do bom início de jogo, onde o Flamengo conseguiu encontrar soluções pelo lado do campo, a equipe passou a ter dificuldade para avançar no campo devido a melhor pressão tricolor nos corredores laterais.
O Mengão se tornou cada vez mais previsível em sua fase inicial de construção. Dessa forma, teve dificuldades para agredir o último terço adversário.
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“Indisciplina” Tática de alguns jogadores ao modelo de Paulo Sousa
Além disso, um outro fator chamou a atenção da dificuldade rubro-negra com bola: a “indisciplina” de alguns jogadores em seus posicionamentos. As ideias de Paulo Sousa no Flamengo bebem muito do “Jogo de Posição”.
Modelo no qual exige que os jogadores cumpram funções em determinadas regiões do campo tanto para atacar, bem como para defender o adversário. É importante lembrar que esse forma de enxergar o jogo não limita o atleta, porém necessita de dinâmicas em certos espaços do campo para ser eficiente atacando e defendendo.
Nesse sentido dois jogadores se destacaram em “descumprir” o modelo de Paulo Sousa: Diego Ribas e Andreas Pereira.
Enquanto Diego buscava o jogo numa região muito distante de Gabi e Rodinei, por outro lado Andreas pouco auxiliava Arão na saída de bola. Isso fez com que por muitas vezes a equipe tivesse uma densidade grande de jogadores no círculo central e poucos jogadores próximo a grande área. Assim gerando um desequilibro entre os setores.
Vindo do banco na segunda etapa, Marinho também teve dificuldades para se posicionar mais próximo dos volantes adversários. Por muitas vezes lateralizava o jogo e atuava numa região próxima a de Rodinei.
Espaços gerados nas subidas de pressão dos volantes
Em relação ao aspecto defensivo, o que mais chamou a atenção negativamente foram as ações descoordenadas de Arão e Andreas.
Por muitas vezes, a dupla subiu pressão de forma individualizada nos meias adversários. Em algumas ocasiões foram facilmente batidos. Dessa forma gerando buracos as costas a serem explorados, tal qual em organização defensiva como também em transição ofensivas adversárias.
O modelo de Paulo Sousa necessita que os volantes tenham um bom timing nos momentos de sufocar o adversário ou proteger a profundidade quando o adversário está com bola. O técnico português gosta de variar uma marcação em bloco alto e médio, assim é preciso identificar quando é mais vantagoso buscar retomar a passe e quando é melhor se compactar.
O que mais preocupa neste momento para Paulo Sousa?
Para este que escreve o ajuste mais importante a ser fazer nessa amostragem inicial é subida de pressão dos volantes. Antes de ganhar fluidez em organização ofensiva, a equipe precisa ganhar consistência sem bola para ser mais segura.
Além disso, não é a primeira vez que Paulo Sousa se depara com este problema. Tanto na Fiorentina, quanto no Bordeaux, o treinador português teve dificuldades para adaptar seu modelo as ações sem bola de seus volantes.
Enfim, ainda é muito cedo para avaliar o trabalho de Paulo Sousa no Flamengo. O desenvolvimento do trabalho é muito importante, contudo precisa estar correlacionado a bom desempenho e resultados.
Existem outros fatores além do campo e bola e nos quais Paulo Sousa precisa lidar. Com vitórias, isso será muito melhor lidado.
SRN
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