O vice-presidente de Finanças Claudio Pracownik explicou porque o Flamengo teve que recorrer duas vezes nas últimas semanas ao Conselho de Administração para aprovar a tomada de empréstimos: no primeiro caso, em 28 de dezembro, o CoAd aprovou a tomada de um empréstimo de R$ 15 milhões junto ao BMG para pagar contas em janeiro. Já nesta quarta-feira, o conselho aprovou um adendo ao orçamento de R$ 12 milhões em empréstimos, além dos R$ 50 milhões que já estavam previstos, para pagar as obras do estádio da Ilha.
– O primeiro empréstimo que a gente fez foi relativo a fluxo de caixa mesmo, porque os dois primeiros meses do ano efetivamente são meses sem receita e com muita despesa, tem décimo-terceiro, tem investimentos no CT e tudo mais. Os patrocínios não se renovam automaticamente, todos os clubes passam por isso. Por isso boa parte dos empréstimos que a gente tomou a gente vai quitar no próprio ano. Nossa previsão é de tomar 50 milhões de empréstimo e quitar 150. Ao longo do ano as receitas vão vindo, então você toma empréstimo mas termina o ano menos endividado do que você estava no início do ano – disse Pracownik ao MRN sobre o empréstimo junto ao BMG.
Já no caso do empréstimo aprovado ontem, o vice afirmou tratar-se de uma precaução e que espera que não seja necessário levá-la a cabo.
– É importante dizer que o orçamento é uma peça viva. Ela muda conforme as circunstâncias que envolvem o próprio orçamento. Pode mudar a taxa de juros, pode mudar a situação política do país, pode mudar o dólar. Podem surgir novass receitas, vender um jogador ou algum ativo do clube que não estava previsto, ou novas despesas, que podem vir de ações judiciais ou de investimento como é o caso do estádio da Ilha, que não estava previsto inicialmente no orçamento. À medida que você indica uma nova despesa, você é obrigado a colocar uma fonte de receita. Conservadoramente nós optamos por colocar o empréstimo. A gente espera não ter que usar isso como empréstimo. Mas é melhor você pensar isso de forma conservadora. A gente imagina que vai ter outras receitas ao longo do ano, inclusive vinculadas ao próprio estádio, como por exemplo naming rights, que vão nos permitir não tomar esse adicional em empréstimo. Mas eu prefiro trazer uma boa notícia ao longo do ano, dizendo que nós não vamos precisar tomar o empréstimo, do que inventar uma receita de uma fonte que não tenha tanta certeza de realização e chegar no meio do ano e dizer “não consegui realizar essa receita e agora vamos ter que tomar um empréstimo”. Não é assim que a gente trabalha, a gente trabalha com transparência, com honestidade e com conservadorismo.
O vice-presidente admitiu que a não assinatura do contrato de TV com a Globo para a transmissão do Campeonato Carioca prejudicou o fluxo de caixa do clube neste início de temporada.
– Não há nenhuma entrada de luvas do contrato da Globo agora em janeiro, porque nós ainda não assinamos. É público por que ainda não assinamos, ainda estamos em negociação. E o valor que está na mesa é de R$ 15 milhões no momento. Não está assinado e portanto não recebemos nada disso. Ao contrário, o Flamengo teve uma redução nas receitas de pay-per-view porque algumas praças importantes como Manaus foram excluídas do critério na contagem do pay-per-view porque não atingiram o número mínimo de assinantes, e o Flamengo acabou tendo uma redução no que esperava receber de pay-per-view – disse Pracownik.
O dirigente disse que continuará com a política de tomada de empréstimos sempre que necessário, inclusive para quitação antecipada de outros empréstimos:
– A gente sempre quita antecipadamente empréstimos quando consegue empréstimos com juros menores. A gente está sempre trocando de empréstimo. Se a taxa de juros cai no Brasil, eu tomo um empréstimo com juros menores e quito o empréstimo com juros maiores. É o que a gente faz o tempo inteiro no Flamengo, boa parte dos empréstimos se deve a isso, para quitar outros empréstimos, mas diminuindo o nível de endividamento futuro.