O formato da Copa Intercontinental de Clubes foi extinto após a edição de 2004 e até hoje fomenta muita discussão. Quem tem não desvaloriza
Blog FlaTrip | Gustavo Neves – Twitter: @gunevesduarte
Ainda há quem diga que “a Copa Intercontinental de Clubes não é Mundial”. O formato foi extinto após a edição de 2004 é até hoje fomenta muita discussão e polêmica. Neste artigo apresento os argumentos que vão mostrar sem deixar dúvida que a extinta Copa Intercontinental pode e deve ser considerada um título mundial.
Alguns fazem questão de exigir reconhecimento oficial da FIFA. Pois bem, isso já foi feito em 2017. Vale deixar claro que apenas o Intercontinental estava na pauta, ao contrário de torneios amistosos como a Copa Rio, sequer cogitados.
Nem entro no mérito do nível da Copa Rio, que só durou dois anos. O fato é que se tratava de um encontro amistoso, sem critério técnico definido para os participantes, que muitas vezes rejeitavam o convite para disputar outros torneios similares (e muitas vezes mais fortes).
“Ah, mas não vi uma matéria no site da FIFA sobre esse reconhecimento!”
Bom, se nem todos os portais esportivos do planeta informando sobre isso te convence, segue o Media Release da reunião que consolidou o Intercontinental como Mundial: https://www.fifa.com/who-we-are/news/fifa-council-approves-key-organisational-elements-of-the-fifa-world-cu-2917722
Pra não dizerem que só virou notícia no Brasil, segue matéria da ESPN americana destacando o reconhecimento do título do Manchester United em 1999: https://www.espn.com/soccer/manchester-united/story/3246638/man-united-retrospectively-declared-1999-world-club-champions-by-fifa
“Ah, mas o tweet da FIFA disse que a participação do Flamengo no Mundial 2019 foi a primeira”. Mera questão de retórica. A FIFA reconheceu os campeões do Intercontinental como campeões mundiais, mas seguirá chamando o torneio de Copa Intercontinental.
Pra ser chamado de #ClubWC, só o torneio deles (o de 2000 + o disputado desde 2005 até hoje). Até por isso, os pentelhos que exigem a lista de campeões no site da FIFA nunca terão isso. Faz sentido, afinal eram torneios diferentes mesmo.
Outros dizem que os brasileiros que venceram em Tóquio assim o fizeram pois os europeus “não ligavam” ou “não valorizavam” o Intercontinental. Sim e não. Nem sempre. Há vários exemplos (atuais inclusive).
Esse é o Milan, em 1999, apresentando Shevchenko, que mais tarde marcaria 180 gols pelo rossonero. Atrás dele, em destaque, os três Mundiais do clube (o 4º viria em 2007). Quem já visitou o San Siro, sabe que a fachada do estádio exalta os títulos de Inter e Milan.
Recentemente, o zagueiro Léo Duarte foi apresentado no Milan e lá estavam os quatro mundiais dos rubro-negros italianos, à esquerda da taça gigante da Champions. Fosse um torneio amistoso, certamente estaria no enorme almoxarifado milanês.
Este é o Estádio do Dragão, casa do Porto bicampeão europeu e mundial (87/04). Mas resolveram reservar a principal área de seu museu para retratar as finais contra Peñarol e Once Caldas.
Em 74, o Atlético de Madri venceu o Mundial contra o Independiente. O Bayern, campeão europeu, se recusou a disputar, com medo da violência ocorrida em duelos anteriores, principalmente em 69 (ainda eram jogos de ida e volta). É considerada a maior conquista colchonera.
O site Trivela publicou uma entrevista com Ryan Giggs, bicampeão mundial pelo United em 99/07, sobre Palmeiras e LDU. Ele dá uma visão inglesa do Mundial, que passa um pouco pelo “se não ganhei, não vale”: Europeu está pouco se lixando para o Mundial? Tente dizer isso para Ryan Giggs
O @f_delaurentiis destacou o museu do Real Madrid, que também tem um espaço reservado pros troféus do Intercontinental.
O Liverpool perdeu as duas Intercontinental que disputaram (Flamengo em 81 e Independiente em 84), mais a final de 05 pro São Paulo, mas rapidamente atualizou sua parede em Anfield depois da final desse ano.
Tem outras coisas óbvias, como o fato dos europeus nunca terem mandado reservas pro Japão. Destaco também a comemoração efusiva do Barcelona em 2009 (já no formato atual), quando conquistaram o mundo pela primeira vez ao parirem uma bigorna contra o Estudiantes, e por aí vai.
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“Era Copa Toyota!” Não precisa de muito esforço pra se ligar que esse era o nome do troféu adicional que a patrocinadora do torneio oferecia ao campeão. Bem como a Bridgestone oferece um prato para o campeão da Libertadores e ninguém chama a Copa de “Taça Pneu”.
Há também a corrente do “Intercontinental não tinha times de todos os continentes, logo não era Mundial”. Bom, a Copa do Mundo de seleções também nem sempre contou com representantes de todos os continentes. Somente três Mundiais tiveram seleções de todas as confederações: 74/82/06.
Pra vocês terem ideia, a primeira Copa do Mundo, em 1930, teve 13 seleções, sendo 7 da América do Sul, 4 europeias e duas da América do Norte. África? Ásia? Oceania? E ninguém nunca teve a pachorra de questionar o título celeste.
E finalmente, o que acredito ser o principal motivo de alguns torcedores brasileiros insistirem em desvalorizar o Intercontinental: NÃO CONSEGUIRAM GANHAR UM. 🤷🏻♂️
Parabéns aos campeões mundiais pela Copa Intercontinental: Santos, Flamengo, Grêmio e São Paulo. 👏🏻🏆
*Créditos da imagem destacada no post e nas redes sociais: Divulgação
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