Apresentamos a quinta edição da série Política Rubro-Negra. Dessa vez com o vice-presidente de Esportes Olímpicos do Flamengo, que falou conosco logo após a entrega do Espaço Cuidar e do lançamento da edição 2016 do projeto Anjo da Guarda Rubro-Negro.
Leia as outras entrevistas da série Política Rubro-Negra:
Política Rubro-Negra #1
César Maia fala sobre o Maracanã e estádio próprio na Gávea
Política Rubro-Negra #2
Deputado Federal Otávio Leite fala sobre Profut, Maracanã e Flamengo
Política Rubro-Negra #3
Alexandre Wrobel – VP de Patrimônio fala sobre Estádio, CT, Arena Multiuso e muito mais
Política Rubro-Negra #4
Entrevistão: Presidente Eduardo Bandeira de Mello
Neste último sábado, dia 22, a inauguração do Espaço Cuidar, a premiação Fla Olímpico e o lançamento da nova edição do Anjo da Guarda Rubro-Negro agitaram a sede social do clube, na Gávea.
O MRN esteve na Gávea neste dia histórico para os esportes olímpicos. Acompanhamos toda a movimentação e até transmitimos pelo Periscope do @MRN_CRF o discurso do ex-presidente Márcio Braga, que cede seu nome ao Espaço Cuidar: oficialmente Centro de Excelência de Esportes Olímpicos Presidente Márcio Braga.
O Cuidar ou CUIDAR — Centro Unificado de Identificação e Desenvolvimento de Atleta de Rendimento — é o projeto ao qual o diretor-executivo Marcelo Vido se debruça desde o primeiro dia de gestão no departamento e que só pôde ser concretizado devido ao apoio de empresas, via inventivo fiscais e da própria torcida, através dos recursos do projeto Anjo da Guarda. O Cuidar vai ocupar toda a área embaixo da arquibancada da Piscina Daltely Guimarães. Depois que a placa da entrada foi desfraldada e Márcio Braga fez emocionado discurso, tivemos acesso às instalações e podemos garantir ao leitor do Mundorubronegro.com que realmente será um salto de qualidade para o esporte rubro-negro. Saiba mais sobre o Cuidar no site oficial e em breve o MRN publicará matéria especial.
Após conhecer cada metro do novo centro de excelência do esporte rubro-negro nos encaminhamos para o Salão Nobre, onde estava sendo realizada a entrega do Prêmio Fla Olímpico 2016 e o lançamento da quarta edição do Projeto Anjo da Guarda Rubro-Negro. Para saber mais a respeito das novidades do Anjo da Guarda 2016, veja o vídeo que a FlaTV produziu e aguarde nossas matérias especiais em breve.
Detalhe da Copa, da São de Reunião, Sala de Gerência das Ciências do Esporte e Sala de Análise Multidisciplinar de Desempenho #CUIDAR pic.twitter.com/TYmDhnwLOt
— Mundo Rubro Negro (@MRN_CRF) 22 de outubro de 2016
Encerrada a manhã festiva na Gávea, batemos um papo com Alexandre Póvoa. Em mais de 20 minutos de vídeo, o homem que comanda os esportes olímpicos do clube não deixou de responder nenhuma de nossas perguntas.
Leia a entrevista
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Projeto Cuidar: da raiz plantada em 2013 à ponta do iceberg
Realmente foram fortes emoções. Foi a décima inauguração que a gente fez. O ciclo olímpico Rio 2016 foi encerrado hoje com a inauguração do Espaço Cuidar. Em 2013 a situação do clube era muito difícil e a gente teve que tomar algumas medidas drásticas. Muitos acharam que a gente queria acabar com o esporte olímpico do Flamengo. Na verdade, aquilo ali foi a raiz para a gente se organizar através de quatro pilares. Um nunca faltou: a força que o atleta olímpico do Flamengo tem de superar adversidades. Os outros três pilares foram construídos ao longo destes quatro anos. Orçamento equilibrado,ser autossustentável, ou seja, pagar seus compromissos em dia, o que não é mais do que obrigação. Não basta só isso, o atleta precisa de estrutura para treinar, para jogar. O último que faltava, a ponta do iceberg, era a condição de preparar o atleta para ter condição, desde pequenininho até o alto rendimento, em todos os campos: nutrição, psicologia, fisioterapia, fisiologia, preparação física, medicina esportiva. Todas as valências das ciências de saúde. A gente tem tudo em um centro só, que é o Espaço Cuidar. Agora sim podemos formar grandes atletas e, mais do que isso, grandes cidadãos.
Anjo da Guarda Rubro-Negro: ainda pequeno grande catalizador
A grande frustração desses quatro anos. Dado que não é uma doação e sim uma transferência de imposto de renda puro e simples. Deixamos de dar dinheiro para o governo. É uma coisa que todo rubro-negro que declara imposto de renda no modelo completo deveria fazer sem pensar. Não está no nível que eu imaginava. 1 milhão de reais é legal, para o esporte olímpico é muito dinheiro. Estagnou em 800 pessoas contribuindo e sempre entre R$ 800 mil a R$ 1 milhão o arrecadado.
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Rubro-negro engajado e as categorias de base do futebol sendo contempladas
O Rubro-negro precisa se engajar. Meu grande sonho é que 100% do orçamento do Flamengo viesse de projetos como o do Anjo da Guarda. Se 5 mil doarem 1000 reais já são 5 milhões de reais. Para o esporte olímpico do Flamengo é dinheiro pra burro. O cara pode dizer que não gosta de esportes olímpicos, que só gosta de futebol, ok, eu respeito. Mas fazendo isso você evita que o futebol precise ajudar o esporte olímpico. É uma forma de você ajudar o futebol também. E para o ano que vem teremos um projeto parecido para as categorias de Base do futebol. Então faça este ano e aprenda para o ano que vem quando puder doar para a Base. Com o engajamento do Sócio-Torcedor no futebol e no Anjo da Guarda a gente pode fazer o Flamengo um clube do nível do Real Madrid, do Chelsea, do Barcelona. Só dessa forma. Que o dinheiro das empresas venham apenas para complementar.
Polêmicas do Estadual de basquete
Infelizmente. Houve um episódio super desagradável no jogo Flamengo e Vasco. Tem que punir torcida organizada. A parte que faz o mal. Mas vai punir a torcida inteira do Flamengo? O Flamengo fez o basquete brasileiro nos últimos quatro anos. O basquete brasileiro teve uma repercussão internacional, campeonato do mundo, isso foi por causa do Flamengo. E de repente uma federação carioca primeiro começa a transferir jogo na véspera, como se fosse campeonato do Aterro, que muda para a Lagoa de repente. Não é assim. No nível que a gente chegou não dá. Depois marcam o julgamento do jogo que aconteceu no primeiro turno para depois da semifinal, antes da final. Por quê? E aí, estranhamente, vem uma punição de duas partidas. (Nota da reportagem: o Flamengo jogou — e venceu — o primeiro jogo da final, na Gávea e sem torcida).
A vontade de jogar a final com o Vasco
Eu faço parte de um grupo que decidiu por isso. Temos os patrocínios, também tem a sequência de títulos estaduais seguidos que seria quebrada e a gente poderia ser prejudicado por conta dessa questão lá na frente, uma desistência de campeonato. Eu sou mais na linha Márcio Braga de encarar e peitar. Mas isso aí… A diretoria decidiu, eu sou um voto.
Reforços para time de basquete e novo patrocinador
Está todo mundo preocupado em ganhar do Vasco. É lógico que tem que ganhar do Vasco mas a minha preocupação este ano não é nem o NBB. Eu acho que tem que ganhar sim, claro. Com todo respeito, a gente foi tetracampeão do NBB mas eu quero voltar a ganhar a Liga das Américas e do campeão europeu.
Este ano estamos com problema. O orçamento é menor. O time tá mais curto em termos de jogador. Tem um monte de contusão. Se Deus quiser conseguiremos mais um patrocinador e vamos contratar um ou dois jogadores. E com a volta dos contundidos a gente vai fazer um time para vencer. Estamos conversando com um possível patrocinador. Há boas possibilidades. Pelo que me foi dito ontem, inclusive, é até uma das razões para a gente não abandonar o Estadual agora. Poderia prejudicar as negociações. E quem sabe, com a ajuda dos Anjos da Guarda, a gente não consiga também montar fortes equipes de natação, de vôlei e outros esportes.
Vislumbres do passado, presente e futuro
Eu costumo dizer que conseguir entrar no Profut é difícil e se manter é mais difícil ainda. Vocês não têm ideia, nesses quatro anos, a quantidade de vezes que pessoas chegavam no nosso ouvido e diziam “olha, estamos perdendo no futebol vamos cair pra segunda divisão, rasga tudo isso, imposto, vai comprar jogador de futebol”. Vocês não imaginam a pressão. Teve gente que abandonou a diretoria. O que houve de bombardeio em torno disso… A gente se manteve firme e conseguimos arrecadar dinheiro, pagar, e graças a Deus hoje nós estamos entrando nesse círculo virtuoso.
A situação do clube ainda é uma situação delicada. 2017 já se consegue investir no futebol e o esporte olímpico consegue se bancar. A partir de 2018/2019 eu acho que esse clube já vai dar certo por inércia. É claro que sempre tem o risco de entrar algum maluco aí. O risco diminuiu de entrar uma velha guarda e querer mudar tudo. Até pela composição de quem elege, que melhorou muito.
A minha grande preocupação é a seguinte: o Flamengo teve a fase de quase evitar a falência. Passou por uma fase de estabilização. Hoje está numa fase de desafogo. E eu diria que a partir do ano que vem o Flamengo tem que começar a pensar no que ele quer ser, no médio a longo prazo. O que eu quero ser no futebol? Eu quero ser um Chelsea, que só contrata jogador e não tem Base? Eu quero ser um Barcelona, que tem uma Base muito forte? Eu quero ter esporte olímpico? Quantos? E quantas categorias eu quero ter? A Gávea por exemplo, à beira da Lagoa, um espaço desse, com os clubes aqui em volta o Piraquê, o Caiçaras bombando de gente e título que vale dez vezes o nosso. Eu quero ter um clube social de alto nível ou não quero ter? O Flamengo precisa se planejar em todos os níveis daqui a dois ou três anos.
Arena McFla, panorama mais recente
Eu vou contar a história toda. Nestes últimos quatro anos houve muita divergência entre a gente, da diretoria, de como levar esse processo. Uma ala queria que o Flamengo levasse como o Flamengo levou até agora, de forma diplomata, conversando, achando que era assim mesmo que funciona o órgão público no Brasil. E outra ala queria bater mais de frente, usar a força do Flamengo. A ala moderada, vamos dizer assim, ganhou essa luta. E estamos aí há quatro anos brigando com isso.
A última coisa que aconteceu, que eu espero que seja verdade, é que faltava uma licença da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que já estava “dada” e que antes das eleições o prefeito pediu para o Flamengo só divulgar isso (a licença concedida) depois das eleições. Para não ter nenhuma turbulência política. As eleições vieram, o candidato do prefeito perdeu, o Pedro Paulo, e o Flamengo cobrou esta semana e ele disse que vai cumprir e que em breve ele vai estar divulgando essa liberação total da Arena. Pelo menos esperamos. A torcida do Flamengo espera.
A melhor contratação do Flamengo
Marcelo Vido foi a contratação mais acertada que o Flamengo fez. Mais do que qualquer jogador de futebol ou dirigente. Em toda a gestão Eduardo Bandeira de Mello. Não tenho dúvida disso. Um cara espetacular. Um dos segredos para a profissionalização total dos esportes olímpicos do clube. Ele que tocou isso. Ok, eu sou um cara participativo, meto a mão na massa mas é ele que está aqui 24 horas por dia, trabalhando também no Remo. O cara é fantástico, tem o jeitão dele, a gente se complementa bem, eu sou mais explosivo e ele mais calmo (risos).
O papel do dirigente amador, dos VP’s é exatamente isso: se amanhã eu sair do Flamengo eu tenho certeza que a estrutura que o próximo VP vai encontrar é profissional, azeitada e de alto nível. O grande presidente ou CEO não é aquele que faz tudo e sim o cara que se sair um dia vai sair com a certeza que aquela empresa está estruturada pra seguir a vida dele. A gente vai passar e o Flamengo vai passar. E eu tenho certeza de que essa estrutura vai perenizar e o Flamengo vai ser grande sempre.
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Por Diogo Almeida (Twitter: @didazico)
Edição de vídeo: Carlos Gusmão (Twitter: @crgusmao)
Foto da Placa: Guarani Ribas Prado
Veja a entrevista
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