Por Gerrinson. R. de Andrade (Twitter: @GerriRodrian) - Do Blog Orra, é Mengo!
Turbilhão na vida, uma correria danada, toda hora tem tropeço, esquina errada, tem beco, tem meio-fio, o tempo não pára. Nos jornais, a depressão de uma sociedade confusa, notícia boa não aparece, cada dia parece mais amargo. Querem mesmo a gente pulando de viaduto, pessimista com a cidade, com o país, consigo mesmo.
No trabalho, o formulário disso e daquilo, o prazo pro relatório, as pendências acumuladas. Em casa, a patroa cada vez mais ô mulata difícil, a grana que falta pro óculos, o notebook fodido, o teclado sem a letra F, aquele bafo de tédio na cara, aquele olho com fome, a vida toda na gravidade pesada.
Não tem música boa no rádio, na TV tem Faustão, Datena ou outro retardado; no Facebook, só os iludidos com política e religião. Tudo é um porre pra quem já perdeu a paciência.
Tem hora que basta, a gente não aguenta a vida sem esse bônus, sem esse gramado verde, sem esse Flamengo absurdamente cativante. Há um momento na existência em que o espaço-tempo meio que se amarra, o passado visita o futuro e o perto chega no longe. A parada é sinistra. A gente se acalma e se inflama, se sente até maior. O humano-Flamengo se multiplica em outros, repete o grito de outros, de outros tempos. Torcer é isso: uma imensa rede social: é você, é o vizinho, o outro cara do trampo, o cara que mora lá em Quixeramobim, a menina do Twitter, os 40 milhões, todo mundo seguindo com sua vida, cada um no seu turbilhão.
É dia de jogo, brasileiros! Por um instante, descansar do cansaço e vestir vermelho e preto. Sem o azedume, sem papo-furado. Todo mundo na mesma melodia, estralando os dedos no compasso, pra cantar mais um gol do Cirino.
Orra, que bom, chegou a hora, é Mengo!