O Flamengo de 2019 acabou. Fica a esperança do potencial de crescimento da equipe e o fato de não ter nenhum time sobrando no Brasileirão
Calma, antes que critiquem ou pensem que o texto será alguma coisa do tipo terra arrasada se enganou.
O ano de 2019 nos acostumou mal, tínhamos a junção torcida-técnico-elenco que foi fundamental em nossas conquistas, inclusive antes da parada que nos fez perder a fórmula vitoriosa até então. Com a volta do Campeonato Carioca percebemos que a torcida faz muita falta, afinal de contas quantos times ruins carregamos no colo em busca de títulos até então impossíveis?
Carregar esse time então era fácil, éramos o combustível desta equipe vitoriosa, aquele elemento que não deixava ninguém se abater. Pois bem, tiraram do Flamengo este principal combustível.
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Depois o português, após renovar contrato, jogou todo o planejamento feito por ele mesmo na lata do lixo ao aceitar a proposta do Benfica. Sobrou então apenas o elenco. Este mesmo elenco que tantos jornalistas, para desmerecer o trabalho do portuga, diziam que qualquer um faria o time jogar. Se enganaram redondamente.
Chegou então o espanhol (ele não gosta de ser chamado de espanhol, eu também não gosto de perder, até lá entramos em um acordo), poucos dias de treinamento, conhecendo elenco, com ideias totalmente diferentes do seu antecessor, e para complicar ainda sua vida, assume o melhor elenco da América, campeão de tudo que disputou.
Comparar seu trabalho com 2019 é até injusto com quem acaba de chegar, e a injustiça ocorre no principal quesito: ele não é o Português. Seu perfil à beira de campo é diferente, ele troca muitas ideias com seu auxiliar, não fica pulando pra lá e pra cá, ele observa os jogos. E isso, meus amigos, é normal para quem está chegando e conhecendo seus comandados.
Se alguém me perguntar se estou satisfeito a resposta será não. Não gosto de vê-lo inerte com jogadores que estão péssimos em campo sem serem tocados, não gosto de sua insistência nas mexidas para implantar um 433 abrindo mão de nossos meias. E, principalmente, não gosto da falta de intensidade do time no momento de perda da bola, justamente aquilo que mais machucava os adversários até então.
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Talvez pese o fato do time ter ficado 24 dias sem treinador e não ter focado na parte física. Ou até mesmo o fato de não estarem entendendo a nova forma de se movimentar em campo. E muitas vezes um posicionamento, por mais sútil que seja, modifica a forma de se atacar e de se defender, fazendo uma enorme diferença.
Ontem vimos um time bem nos primeiros 30 minutos, criando chances e não as aproveitando. Em um erro de posicionamento do Gérson o Grêmio abriu o placar. E só não ampliou no segundo tempo porque o Renato teve medo e recuou a equipe.
O espanhol mexeu mal. A entrada do Renê deu mais segurança à defesa, porém, tirou o melhor jogador do meio campo, aquele que tentava algo diferente, o capitão Everton Ribeiro. E manteve Bruno Henrique, que desde que voltou da parada não é o mesmo jogador, parece ter sido trocado pelo seu sósia.
Tendo no banco jogadores como Pedro Rocha, Michael, Thiago Maia, Diego e Pedro, morrer com duas ou três substituições e dizer que estava feliz com que estava vendo me lembrou um certo técnico que nos deixou recentemente.
Fica a esperança do potencial de crescimento da equipe e o fato de não ter nenhum time sobrando no campeonato. Quem sabe esse time não se reconstrua e volte a ser aquilo que nos acostumamos a ver. Afinal, o Flamengo de 2019 acabou.