Bruna Uchôa
Eu já perdi as contas de quantos textos iniciei remetendo-me a um passado nem tão distante. Tranças, fim de infância, descobertas. Acredito que não deva mesmo deixar de explicar determinadas partes da realidade, discorrendo um pouco sobre como elas começaram. Mesmo que, em se tratando de Bruna Uchôa, os inícios sejam abstratos. Demais.
Amigos, eu sou Off-Rio. E jamais me muni desse fato pra me isentar da responsabilidade de contribuir com a grandeza do meu amado C. R. Flamengo. Desde o meu primeiro momento como Rubro-negra de que possa me lembrar, me senti tão parte da Nação como qualquer outro, respeitando o vínculo sagrado entre torcedor e clube, e debruçada em planos – pra que um dia os meus olhos alcançassem, a meu mérito, tudo aquilo que a minha alma vivia todo santo dia.
Alguns anos se passaram, e decidi que havia chegado a hora de cumprir com tudo o que eu sabia bem ser o meu destino. No meu ritmo, num processo paulatino e contínuo, subindo degrau a degrau, e realizando o que um dia foi sonho. Vivendo, a minha maneira, Flamengo. Nessa estrada, encontrei pontes de ligação : se o Flamengo estendia suas mãos, era a chance de ir lá e depositar nelas, o que eu podia. E se o Fla por nada pedisse, de algum modo, fazê-lo da mesma forma.
Esses dias fui obrigada a engolir uma tentativa de desmerecimento ao Rubro-Negrismo do Off-Rio, por outros (ditos) Rubro-Negros. Numa clara intenção de gerar desconforto aos urubus de todos os cantos desse mundão, que como eu, são ousados o suficiente pra não se deixar levar pelas falácias e bravatas de alguém, encarei toda sorte de adjetivos pejorativos até mesmo a cultura e validade da cidadania dos meus conterrâneos. Foi dessa vez comigo, nordestina. Poderia ser com você, de qualquer outra região.
A retaliação sofrida por mim, é reflexo da minha convicção em determinados ideais políticos. Frente o insucesso em alguns debates, uma figurinha carimbada da oposição política no Flamengo, saiu do campo das ideias pra claramente menosprezar a relação com o clube, bem como o posicionamento político que um torcedor, ainda que sócio (como eu) , pode adotar estando longe das terras cariocas. Amigos, isso é um absurdo. Não dê ouvidos ao preconceito alheio, não terceirize opiniões. Não abaixe a cabeça, não encare o sofá como o seu habitat (a não ser que o seja, de fato). O Flamengo se deixa amar, ame-o! E se você tem voz, a ecoe!
O Flamengo é maior do que qualquer distância física, do que qualquer cifra, do que qualquer idade, lembrança, experiência, do que qualquer um. Você pode ser Off-Rio, mas não é Off-Nação. E Não importa muito quantas horas e valores você tem dedicado ao Flamengo. Importa mesmo é o binômio O Quanto Você Tem Feito x O Que Você Realmente Poderia Fazer . Importa mesmo é a sua busca por ele, a sua entrega. Você, como eu, não é obrigado a engolir os impropérios de ninguém. O Flamengo é nossa devoção, e temos o direito, garantido em constituição, de exercer nosso credo.
Pelô Mengo!
Bruna Uchôa