As eleições do Flamengo começam oficialmente em setembro, no momento da inscrição das chapas.
Porém, elas iniciaram meses atrás, não apenas com seus pré-candidatos, como também através de um conjunto de narrativas e frases de impacto.
Essas narrativas de certa forma empobrecem o cenário político, pois são colocadas como verdades inquestionáveis, quando são apenas opiniões ou pontos de vista.
 | Betsul 5 de 5 |
|
Contudo, o cenário eleitoral é precisamente o momento perfeito para o debate de ideias e propostas, para questionar, refletir, elaborar.
Portanto, se faz necessário ponderar e eventualmente refutar certas narrativas, no intuito de aprimorar o pleito que está por vir.
➕ COLUNA DA MARION: Sonhos e desejos
1) Candidato da situação, Rodrigo Dunshee é o candidato atrelado à “velharia” do Clube, aqueles que afundaram o Clube.
Não, ex-Presidentes e ex dirigentes estão apoiando todas as chapas, os antigos e os jovens se encontram em todas.
2) Bap é o candidato da chapa azul original.
Sim, o Bap está com um numero maior de integrantes de renome da antiga Chapa azul.
3) Rodrigo Dunshee é o candidato da continuidade e o Bap o candidato da mudança.
Não, os dois foram dirigentes da gestão Landim. E esperavam ser escolhidos como sucessores. Portanto, por mais que divirjam em vários tópicos, os dois são sucessores da atual gestão.
4) Seguindo esta lógica, Mauricio Gomes de Mattos, seria também candidato da continuidade.
Não, pois não participava das tomadas de decisões além do cargo dele, como Rodrigo Dunshee e Bap participaram.
5) Wallim veio para tumultuar o pleito.
Não, Wallim demorou a se lançar candidato, mas existe mesmo parte do eleitorado que não se sentia representado pelos outros 3 pré-candidatos.
Portanto, a candidatura e as propostas de campanha são tão legitimas quanto as outras.
A questão é (isso vale para todos os candidatos): pelas atuais exigências do Estatuto, tem como montar 4 chapas?
6) Existe risco de polarização nessas eleições?
Sim, já está havendo. Temos 4 candidatos, mas a polarização se concentra entre “dunshistas” e “bapistas”, o que causa um certo espanto pois são situacionistas.
7) A oposição não tem candidato.
Verdade, os grupos de oposição não conseguiram se unir em torno de um candidato. Inclusive, nos próprios grupos de oposição, existe divisão de votos. A maioria vai votar em Maurício ou Bap. Mas o cenário pode mudar com o lançamento da candidatura do Wallim.
8) Tem candidato pro SAF e candidato contra o Estádio.
Não, todos afirmam ser contra a SAF e a favor do Estádio, até porque seria uma “morte” eleitoral se posicionar de forma diferente.
9) As pautas dos candidatos sao totalmente diferentes.
Não, os quatro concordam sobre a necessidade de:
- reformar o Estatuto
- modernizar a governança
- manter a responsabilidade financeira (sem SAF)
- reestruturar o Departamento de Futebol
- construir o Estádio (com setor popular)
- aprimorar o departamento de comunicação
- aumentar a diversidade na vida política do Clube.
Obviamente, existem assuntos nos quais divergem, como o voto a distância ou o aumento do quadro eleitoral, ou a forma como atingir as pautas acima listadas. Porém, no geral, concordam sobre as mudanças necessárias.
10) A eleição já está decidida.
Não, a conjuntura é totalmente diferente de 2021. Atualmente é impossível prever quem será o vencedor no dia 9 de dezembro.
Faltam exatamente quatro meses até o resultado das urnas. As chapas ainda não foram inscritas, mas as campanhas já começaram. Narrativas e ataques não beneficiam em nada o Clube. Que os debates sejam enriquecidos e que o momento seja propício para propostas e melhorias em prol da nossa paixão, pois nada mais importa, a paixão que todos e todas temos em comum, o Clube de Regatas do Flamengo.
Marion Konczyk Kaplan é conselheira do Clube de Regatas do Flamengo e presidente da Bancada Feminina do Conselho Deliberativo. Mestre em História pela Sorbonne Paris. Siga: @marionk72