Em 120 anos de existência, o Flamengo nunca deve ter tido um ano que não possa ser classificado com um “cacete, que ano doido”.
Desde 1895, quando aquele grupo de jovens da zona sul carioca terminou o ano pensando “rapaz, fundamos um clube de remo” passando por 2009 quando todos nós terminamos o ano pensando “rapaz, ganhamos o hexa com gol do Angelim”, não existe ano normal, não existe fase tranquila, não existe ausência de emoção na vida do rubro-negro.
E 2016, claro, não ia ser diferente. Um ano que começou com as mais altas expectativas, envolvendo um técnico experiente e vencedor, a promessa de disputar carioca só com reservas, uma Copa Sul-Minas Rio novinha em folha pra gente já tentar começar o ano com título. E como todos nós lembramos, as coisas não correram muito dentro do esperado. Mesmo aqueles tão amantes do futebol de resultado que já traíram a mulher com um pôster da seleção de 94 viram que o Muricy não encaixava o time, as coisas não funcionavam, partidas sem brilho e eliminações inexplicáveis foram se acumulando.
A diretoria falava de Sampaoli, a diretoria conversava com Abel Braga, o torcedor pedia Guardiola, uma voz na minha cabeça falava “é, vai acabar vindo papai Joel e se bobear ele traz o Toró”. E aí surgiu Zé Ricardo. Técnico campeão da Copinha, fama de moderno, jeito nada boleiro. E aí a zaga começou a se acertar. E aí veio Diego. E aí começaram a vir as vitórias, em série, de todos os jeitos. O time começou a ter dinâmica, Pará se tornou lateral de seleção, Fernandinho aparentemente foi exorcizado e começou a fazer gols, Rafael Vaz tava acertando lançamentos de 3 dedos, Márcio Araújo…bem, o Márcio tava lá, porque o Márcio sempre tá lá. Se você tentar montar o time da sua firma, vai ver que a camisa 8 tá faltando porque o Márcio já tá lá no campo acenando pra vocês.
Mas como Flamengo não é Flamengo sem emoção, fomos eliminados pelo Palestino. Sim, dentro de casa, por um time da colônia palestina no Chile. O que, ok, nos permitiu priorizar o brasileirão, mas é da mesma maneira que tomar um fora da gata na balada te permite priorizar o seu trabalho, aquele misto de aumento de foco e aumento de constrangimento. Mas seguimos, porque Flamengo não é lamentar o gol perdido ou sofrido, Flamengo é correr pra cima pra fazer outro, é levar a bola pro meio de campo e buscar a virada.
“Mas tamos em outubro, tá fazendo retrospectiva já? Tá jogando a toalha? Tá já ouvindo a Simone cantar que então é natal enquanto compra panetone visconti, irmão?”. Nada disso, parceiro. Porque Flamengo não joga a toalha. Derrota pro Inter doeu? Doeu, claro. Palmeiras tem 4 pontos de vantagem? Tem sim, senhor. Mas já perdemos antes. Palmeiras já teve essa vantagem antes. E o que a gente fez? A gente lutou, a gente correu, a gente colou de novo. A retrospectiva é menos pra dizer que acabou e mais pra lembrar que com a gente nunca acaba.
Somos o time do improvável, somos o time do impossível. Somos um clube de futebol de massa surgido da vontade de remar de um grupo de jovens de classe média e se essa reviravolta conceitual não diz tudo sobre o que é o Flamengo, poucas coisas dizem. Vai ser fácil? Claro que não. Vai ser tranquilo? Duvido. O Zé Ricardo vai colocar o Emerson Sheik em algum momento que não faz o menor sentido colocar o Emerson Sheik? Muito provavelmente. Mas vai ser assim que nós vamos e enquanto houver esse time, enquanto houver essa torcida, vamos estar ali, jogo por jogo, gol por gol, bola por bola. Porque só acaba quando termina. E irmão, ainda falta muito pra terminar.
Por João Luis Jr. (Twitter: @joaoluisjr)
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