O Flamengo é hoje, no papel, o time mais forte do Rio de Janeiro. Isso não é presunção, não é excesso de autoestima, não é subestimar os adversários. Seja em termos de investimento financeiro (a folha salarial rubro-negra gira quase na casa dos R$ 30 milhões de reais, mais que o dobro de adversários como Botafogo e Fluminense e mais de 7x mais cara que os estimados R$ 4 milhões mensais que o Vasco investe em futebol), seja em termos de retorno esportivo (Flamengo tem, nos últimos três anos, títulos nacionais e continentais, enquanto seus rivais diretos tiveram conquistas locais ou até mesmo lutaram na segunda divisão), a equipe da Gávea é sim atualmente a mais bem sucedida do estado.
Do mesmo autor: Uma vitória tranquila que poderia ter sido uma goleada histórica
Isso não quer dizer, obviamente, que o Flamengo não possa perder. Futebol não é uma ciência exata, dinheiro não é sinônimo de sucesso, o passado não dita o presente e muito menos o futuro, então nem mesmo a soma de todo dinheiro do mundo e todo histórico positivo do universo podem garantir o que vai acontecer quando 22 jogadores entram em campo para decidir uma partida. O time de menor investimento pode ser mais bem organizado, o time em pior fase pode ser mais decisivo, o moleque da base pode deitar em cima do jogador milionário, porque essa é a magia do futebol.
Mas não existe nada de absurdo em esperar que, dentro das condições normais de temperatura e pressão, isso não aconteça. É soberba esperar que o chocolate Lindt que você comprou de presente pra sua mãe seja mais gostoso que aquela barra genérica vendida no ponto de ônibus cuja lista de ingredientes diz apenas “gordura hidrogenada e muita fé”? É absurdo acreditar que o hotel com as resenhas mais positivas no Trip Advisor vá ser melhor pra sua viagem que o local listado no Airbnb como “cativeiro do sequestro do cantor Latino em 1998”? É doideira acreditar que o chef Jacquin vai conseguir fazer um almocinho mais gostoso do que eu, que pesquiso as coisas no tudogostoso.com.br?
Então obviamente não tem nada de estranho também em estar, mais uma vez, frustrado com o Flamengo, mesmo após a vitória de 2×1 no clássico de hoje contra o Vasco. Porque mais uma vez um time milionário penou para superar uma equipe que irá disputar a Série B. Porque mais uma vez um Flamengo que abriu rapidamente o placar complicou uma partida que poderia ser relativamente tranquila. Mais uma vez ficou claro que, se Paulo Sousa tem variações táticas, o que não varia é a total incompreensão da maior parte dos jogadores em relação ao que elas significam.
Porque é claro que o trabalho precisa de tempo, claro que a reconstrução está sendo feita quase do zero, claro que o treinador tem que observar os jogadores. Mas de quantas observações um ser humano precisa pra entender que o jogador chamado Gabigol não funciona longe do gol? Que Rodinei não é solução? Que Hugo não sabe sair jogando com os pés? Que Andreas Pereira está só o meme do cachorro que tem flashbacks com a Guerra do Vietnã e se transforma num risco cada vez maior para a equipe? Todas situações que aconteceram na partida de hoje e fizeram com que o milionário Flamengo só conseguisse os três pontos diante do Vasco porque Arrascaeta, mais uma vez, tirou da cartola um golaço absurdo quando tudo já parecia resolvido.
Então sim, é preciso ter paciência, sim, o time está em formação, mas é preciso que os sinais de evolução se tornem mais claros, que o progresso seja mais visível, pra que a torcida possa continuar abraçando a equipe e confiando na capacidade dela. Porque não é nada absurdo duvidar, questionar e esperar mais desse Flamengo, mas vem sendo bastante absurdo sim o quão difíceis as coisas parecem ser pra um time que poderia deixar tudo bem mais fácil.
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