Em seus primeiros testes com Paulo Sousa, Andreas Pereira já demonstrou possuir um indicador de desempenho essencial ao modelo do novo técnico do Flamengo.
O volante belga vem demonstrando grande capacidade de acionar meias e atacantes pelo corredor central, com passes verticais. Esse tipo de passe consegue quebrar linhas de marcação de forma mais rápida e tem como objetivo principal iniciar ou concluir a entrada no último terço adversário.
Vamos abordar como Andreas Pereira executa esse fundamento e porque ele é essencial para o modelo de jogo de Paulo Sousa.
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Andreas Pereira e os passes verticais no corredor central
Desde que chegou ao Flamengo em agosto 2021, Andreas já vinha chamando a atenção pela verticalidade do seu jogo. Meia de origem, o atual volante rubro-negro tem muita facilidade para encontrar janelas em jogo interior, ou seja, espaços entre a linha de meias adversários.
Como resultado, consegue acionar o setor ofensivo nas costas dos volantes adversários, bem como na última linha. A princípio, meias e atacantes são os jogadores que recebem este passe, todavia, volantes e até laterais podem ser acionados através de infiltrações.
Dentre os principais parâmetros individuais para um volante conseguir realizar passes verticais na janelas do corredor central, destaca-se quatro aspectos:
- Domínio orientado após receber passe da linha de defesa. Por exemplo: caso receba de costas para o gol adversário, rapidamente se posicionar para se desmarcar do adversário e gerar linhas de passe;
- Mapeamento de espaços. Capacidade de conseguir enxergar no campo as possíveis linhas de passe tanto a frente, quanto em relação às suas costas. O mapeamento precisa ser feito antes de ser acionado, assim como após receber a bola e começar a progredir no campo;
- Qualidade técnica para conseguir ter assertividade em ações de risco elevado;
- Timing correto para atacar a profundidade adversária com o passe. Em especial nos momentos em que o bloco adversário esteja subindo pressão.
Contudo, além do passador precisar ter consigo esses características bem desenvolvidas, o coletivo precisa gerar dinâmicas para que os passes verticais possam ser viáveis. Como, por exemplo, dinâmicas que acionem o passador como homem livre, apoios frontais de meias e atacantes, desmarque de ruptura e de profundidade.
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A importância dos passes verticais no corredor central no modelo de Paulo Sousa
Em contrapartida aos dois últimos técnicos do Flamengo (Rogério Ceni e Renato Gaúcho), que privilegiavam uma posse mais longa e com passes laterais, Paulo Sousa enxerga suas equipes de forma muito mais objetiva em organização ofensiva.
Ceni e Renato, muita das vezes, retinham majoritariamente a posse “em U”. Ou seja, passes nesta sequência: Lateral-Direito —> Zagueiro pela direita –> Zagueiro pela esquerda –> Lateral-Esquerdo. Formando um semicírculo na trajetória entre os passes até encontrar um companheiro melhor posicionado.
Já o Mister busca utilizar mecanismos para que a equipe consiga ser mais vertical e rapidamente chegar a meta adversária. Após iniciar a 1ª fase de construção, os volantes são responsáveis tanto por realizar a variação entre os corredores laterais, quanto por encontrar brechas pelo corredor central.
Caso o volante não consiga realizar passes verticais no corredor central, a equipe pode perder fluidez na progressão no campo. Principalmente através dos passes laterais, que podem fazer com a equipe tenha uma posse mais longa e menos objetiva.
Além disso, isso faz com que a equipe seja mais previsível. Devido ao esperado acionamento dos pontas e laterais pelo lado do campo e, dessa forma, facilitando a marcação adversária.
Andreas Pereira é o volante mais vertical do Flamengo
Dentre os quatro volantes mais utilizados por Paulo Sousa, Andreas é o que possui este fundamento melhor estabelecido no seu jogo. O atleta tem maior naturalidade para verticalizar o jogo pelo corredor central e encontrar Gabi, Arrascaeta, Bruno Henrique e Pedro em condições de gerar uma situação de finalização.
João Gomes evoluiu nesse quesito com a chegada de Paulo Sousa, mas ainda não possui tanta facilidade para ser vertical nos passes por dentro.
Já Arão e Thiago Maia não possuem essas características: enquanto o histórico camisa 5 da Gávea se destaca pelas diagonais longas e pela variação de corredor, por outro lado o volante ex-santista tem como ponto forte a condução com a bola em transições ofensivas.
Confira alguns lances que ilustram a capacidade de Andreas acionar a entrada no último terço com passeis verticais:
Enfim, no fim é importante citar que o volante dentro do modelo de Paulo Sousa precisa de outras valências além dos passes verticais no corredor central. Andreas ainda precisa evoluir em outros aspectos para performar melhor.
É possível enxergar que o jogador possa ser utilizado como uma peça importante na fase ofensiva do Flamengo em 2022. Principalmente para furar blocos defensivos mais fechados.
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