Recém efetivado, o técnico Maurício Barbieri está vivendo uma verdadeira “lua de mel” no Flamengo. Contratado no início deste ano para o cargo de auxiliar técnico permanente, quando Carpegiani ainda comandava a equipe, ele viu uma grande oportunidade surgir diante dos seus olhos: a chance de comandar o Mais Querido. Sem pensar duas vezes, driblou a desconfiança geral e agarrou o cargo.
Desde então, comandou a equipe em 19 jogos, venceu 11 partidas e saiu derrotada em apenas uma oportunidade. No Brasileirão, é líder com quatro pontos de vantagem para o segundo colocado. Na Libertadores e na Copa do Brasil, comandou a equipe na classificação para as oitavas de final. Entretanto, como ele mesmo gosta de falar: “ainda não ganhamos nada“. Em entrevista para a Fla TV, o técnico rubro-negro falou sobre este momento especial que está vivendo e os grandes desafios que estão pela frente, no segundo semestre.
“É um momento muito especial, é o maior desafio da minha carreira. Poder assumir com esse apoio a torcida é ainda mais especial. É um passo importante, mas não definitivo. O objetivo principal é continuar trabalhando o máximo possível para que o clube possa alcançar nossas metas”, afirmou o técnico.
Seu primeiro jogo foi contra o Atlético Goianiense, em um amistoso que aconteceu em Goiânia, no dia 7 de abril. Desde então, começou a colocar “a sua cara” na equipe. Sem fazer muitas alterações na equipe titular, mudou a forma de atuar do Flamengo, ajustou o sistema defensivo – nas últimas 10 partidas o Flamengo levou apenas cinco gols, sendo que três destes foram no mesmo jogo, na única derrota do técnico desde que assumiu a equipe, contra a Chape -, e ajudou no crescimento de vários jogadores do elenco, como aconteceu nos casos de Léo Duarte, Thuler, Renê, Jean Lucas e Vinicius Junior.
“O fato de já estar no Flamengo, de já conhecer o clube, ajudou bastante. O fato deles me conhecerem também ajudou. É uma via de mão-dupla. Esse conhecimento mútuo que a gente possuía de forma prévia ajudou para que pudéssemos nos entender o mais rápido possível, para dar os resultados que o clube precisava”, destacou.
Confira alguns trechos da entrevista
Postura diante dos adversários
Desde o início, estamos encarando todos os jogos como decisões. Por conta disso estamos conseguindo bons resultados. Passamos nos campeonatos onde precisávamos alcançar a classificação e, até o momento, estamos na liderança do Brasileiro.
Elenco com jogadores jovens e experientes
É muito bom poder contar com um grupo com esta característica. Os jovens imprimem ousadia, criatividade e talento, qualidades que os mais velhos também possuem, mas de forma mais serena. Essa mescla é fundamental.
Mental x físico
Não sei dizer se o mental é mais fundamental que o físico, mas é tão fundamental quanto. Quando chega neste momento de decisão, todas as equipes estão muito bem preparadas, tanto fisicamente quanto taticamente. Neste momento, o mental pode fazer a diferença. Aí entra a importância dos jogadores mais experientes, vividos, acostumados a vencer. Nesta hora a contribuição deles é muito importante. Por sabermos o quanto esta questão mental é importante, já estamos nos preparando, o psicólogo do clube já está se reunido com os jogadores, já está fazendo um trabalho direcionado para que cheguemos nas decisões da melhor maneira possível.
Maratona de jogos em agosto
É um calendário difícil, muito difícil, com muitas decisões num curto espaço de tempo. Mas este é o ônus de um clube do tamanho do Flamengo. Precisamos chegar em todas as decisões, e até o momento estamos felizes pois estamos chegando vivos em todas elas. Esperamos passar bem por este mês e chegar em dezembro decidindo todos os campeonatos. É uma tarefa árdua e complicada, mas este é o nosso desejo e vamos trabalhar muito para conseguir isso.
Crescimentos dos garotos da base
O maior mérito é dos jogadores, por estaremos prontos no momento em que surgiu a oportunidade e conseguirem ter o rendimento esperado. Isso foi importante. É preciso que continuemos fazendo isto, com o apoio dos outros profissionais, para que tenhamos cada vez mais conhecimento e informação dos meninos que venham a subir e para que a gente possa, sempre que for preciso, contar com estes jogadores.
Maior competitividade no elenco
Se fosse uma coisa simples, algo feito num estalar de dedos, ficaria óbvio e qualquer um conseguiria mudar. Os jogadores se sentiram muito confortáveis com a maneira de trabalhar e com a forma como tenho tentado passar as informações e, sem duvida nenhuma, o compromisso, a dedicação e o empenho deles tem contribuído muito para isso. Acho que conseguimos fazer com que a equipe seja muito organizada. Eles sabem e entendem aquilo que precisam fazer nos diferentes momentos do jogo, em diferentes situações. Acho que este grau de organização que se reflete na competitividade foi adquirido com o esforço e o trabalho diário de todos os envolvidos. Não teve uma coisa fundamental, foi uma soma de pequenas coisas que fizeram com que a gente tenha sido uma equipe competitiva. Agora, nosso objetivo é manter esta competitividade, mas de uma forma ainda melhor, pois sabemos que os desafios que estão vindo pela frente serão ainda maiores.
Sistema defensivo da equipe
As pessoas falam muita da defesa e, realmente, estamos tendo um desempenho bom neste setor. Mas, grande parte das vezes, as pessoas não estão vendo o quanto o ataque está contribuindo para que a defesa seja boa. Hoje, o Flamengo ataca muito bem e por isso consegue defender melhor. O Flamengo consegue ter o domínio do jogo durante a maior parte do tempo e isso ajuda na hora de defender. Quando se perde a bola é importante estar bem posicionado e equilibrado para matar os contra-ataques.
Contribuição de todos os jogadores para o bom desempenho da defesa
A contribuição de todos os jogadores tem sido fundamental para isso. Almejamos defender com os onze e atacar com os onze. Muitas vezes as jogadas de ataque começam com o próprio Diego Alves. O segundo gol do Fluminense foi um lance muito falado, ficamos quase um minuto com a bola, trocamos muitos passes… mas a jogada do primeiro gol, que foi um pênalti, começou no pé do Diego Alves, lá atrás.
O jogo mais especial
Uma partida muito especial para o ambiente externo foi o jogo contra o Corinthians. Porque existia uma desconfiança de quem estava do lado de fora, diziam que a agente ainda não havia enfrentado nenhuma grande equipe. Coisa que eu discordo, os outros adversários eram qualificados. Mas esse jogo foi um ponto de inflexão, a partir do qual quem estava de fora pôde perceber o quão competitivo, regular e eficiente a equipe estava conseguindo ser.
Fama de estudioso
Paro (de estudar) quando termino de analisar o adversário. Quando sei o que tenho que fazer. Mas é um processo contínuo. Até gostaria de ter mais tempo, mas o nosso calendário é complicado. A prioridade é estar o melhor preparado possível para enfrentar todo e qualquer adversário. É importante ressaltar isso. O Flamengo se prepara da mesma maneira para enfrentar o último colocado do campeonato e o primeiro. É evidente, cada jogo tem as suas circunstâncias, mas a gente entra com o mesmo respeito, com a mesma dedicação, com o mesmo nível de preparação. É cansativo, é pesado, mas , quando conseguimos o resultado, a satisfação também é muito grande. Espero continuar tendo muito trabalho até o final do ano para que o Flamengo possa colher os frutos.
Foto de destaque: Gilvan de Souza/ Flamengo
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