Náyra Vieira | Twitter @NayraMV
O Vasco é um time ruim desde o início do ano, porém é inegável que se reforçaram bem no meio do ano e os jogadores mais experientes conseguiram elevar a qualidade do time sob o comando de Jorginho. Porém, ainda está longe, muito longe, de ser realmente páreo para o Flamengo. Seja técnica ou taticamente.
Paulo Victor – Pará, César, Samir, Jorge – Canteros, Márcio Araújo, Paulinho, Alan Patrick, Emerson – Guerrero.
O time acima tem dois bons atacantes, um velocista, dois laterais muito consistentes, sendo Jorge de alta qualidade e performance, a zaga quando bem protegida é regular, enquanto PV costuma dar mais alegria que vacilos, principalmente no um contra um. Mas o que falta nesse time? A resposta explica boa parte do porquê perdemos: inteligência.
Gol saiu logo e parecia que a tarde seria nossa. | Foto: Gilvan de Souza/FlamengoO gol saiu de uma jogada emblemática, bem trabalhada, Jorge cruzou na medida para Guerrero, que escorou de cabeça para Emerson completar pro gol dentro da pequena área. Um cruzamento perfeito, com 4 opções dentro da área e, quando Guerrero cabeceia tem 2 opções, assim fica muito mais difícil do goleiro prever a jogada ou da defesa se antecipar.
A superioridade rubro-negra foi inquestionável do apito inicial até os 10 minutos do 2° tempo, porém o placar permanecia intocado. Por quê? Onde o Flamengo errou para não conseguir transformar a ampla superioridade em vantagem também no placar?
A arbitragem não é a resposta, pois apesar de economizar demais nos amarelos pro Vasco, o juiz marcava as faltas, inclusive várias perto da área e que foram sumariamente desperdiçadas, assim como os escanteios. O Flamengo não tem jogada ensaiada na bola parada, não conseguiu ameaçar uma vez com bola parada e Alan Patrick abusou de errar as faltas, o pior é que só no fim outro jogador pegou pra bater. Quando um jogador erra muito e perde a confiança, o melhor é dar a chance a outro e em campo tinha quem poderia bater.
A resposta correta está ao analisar como o Flamengo trata a bola, qual a sua postura enquanto time que está à frente no placar. Começamos com a saída de bola, feita na maioria das vezes com base no chutão, seja do César Martins ou do Paulo Victor. Samir evita os chutões e costuma procurar Jorge, que se apresenta para receber. Márcio Araújo que deveria fazer a saída de bola com os zagueiros mal se apresenta e quando faz é na base do passe pro lado, assim Canteros e Alan Patrick teriam que recuar para receber, mas a pressa em tirar a bola do campo de defesa era demais e o chutão virou a prática.
Outro erro capital é a falta de trabalho com a bola. Quando o time está recuado, saindo da defesa após se defender de um ataque, ao invés de trabalharem no meio com Canteros e Alan Patrick fazendo triangulações com os laterais ou pontas, o time simplesmente mandava aquele chutão para um dos pontas que começava a correria, Emerson, um pouco mais lúcido, ainda segurava na frente para tentar trabalhar com Alan Patrick ou Jorge, mas Paulinho saía como uma besta querendo driblar todo mundo pra chegar na linha de fundo e cruzar, muito mal já que não parava para olhar quem estava na área e onde, ou cortava pro meio e desperdiçava ataques com chutes que iam pra todo lugar, menos na direção do gol.
Um exemplo claro da pressa inexplicável do time do Flamengo foi a pressão inicial do 2° tempo, onde em 4 minutos finalizaram 3 vezes, sendo que 2 delas muito para fora e em jogadas onde a melhor opção não era o chute da quina da grande área e sim o cruzamento pro meio onde entravam Guerrero e um dos volantes, no primeiro lance o erro foi de Paulinho e no segundo de Emerson. De que adianta o Guerrero se esforçar para acompanhar, evitando a marcação, sendo agarrado, se quando se apresenta não recebe a bola?
Enquanto o Flamengo continuar se comportando com a bola como um moleque virgem com a garota mais gata da escola, vai continuar finalizando 14 vezes e acertando 2 no gol e olha que a 2ª foi tão fraca que poderia ser considerada um recuo de bola.
Para o piorar o cenário, o Vasco conseguiu um momento de pressão, arrumou uma falta frontal e empatou numa bela cobrança de Rodrigo. Paulo Victor ainda tocou na bola, mas o chute foi muito forte e não deu pra chegar a tempo, se alguém falhou ali foram César Martins e Alan Patrick, um pulou antes e outro não pulou, deixaram a bola passar acima deles.
Como acontece sempre, ao tomar o gol o Flamengo se perdeu de vez. Se antes já se precipitavam com correria e passes ruins na frente da área cruzmaltina, a coisa piorou. Para completar o cenário caótico, Paulinho como sempre sumiu, deixando a deseja até na defesa, Alan Patrick continuou oscilando dentro do jogo, cansado já mal voltava pra marcar, deixando Canteros e Márcio Araújo sobrecarregados. A fragilidade do meio e a perda de capacidade ofensiva não foram corrigidos por Oswaldo, que esperou o Flamengo tomar o 2° gol pra mexer, aí resolveu fazer logo duas burramente.
Já falei algumas vezes e vou repetir: Se há um jogador técnico e inteligente no time à disposição, por que começar com um velocista que não pensa? E, na volta pro 2° tempo Oswaldo, que tirou Pará, lesionado, para pôr Ayrton, poderia ter corrigido o erro colocando Ederson para administrar melhor o jogo, dar inteligência ao time, mas esperou o 2° gol vascaíno e ainda colocou Cirino no lugar de Canteros, abrindo a marcação no meio e acrescentando um jogador pouco produtivo no ataque. O resultado é que o Flamengo teve alguns ataques, mas também cedeu vários ao Vasco, que tentou administrar e bem o placar.
Guerrero mais uma vez não foi bem. Vasco nos ganhou até com facilidade. | Foto: Gilvan de Souza/FlamengoAtenção para o detalhe: Nenê e Andrezinho, jogadores experientes e inteligentes, por várias vezes prenderam a bola no ataque, cozinhando o jogo e esperando o time chegar enquanto o tempo passava. O momento mais icônico foi quando Nenê chamou Márcio Araújo pra dançar e quase conseguiu expulsá-lo, a sorte foi que Vuaden não quis dar o 2° amarelo na falta clara e dura do camisa 8.
Só após a saída de Nenê e Jorge Henrique é que o Flamengo conseguiu equilibrar mais a posse da bola e atacar, ainda assim todo aberto atrás. Jorge, que sofreu forte pancada e ficou em campo no sacrifício, por várias vezes teve que correr para cortar contra-ataque, sendo que mal aguentava andar, aliás, se comparar o que ele correu, mesmo lesionado, com o que Alan Patrick correu será vergonhoso, assim como a falta de instrução de Oswaldo para deslocar Jorge pro meio –onde o sacrifício seria menor – e colocar alguém mais inteiro na lateral.
O próximo jogo é contra o lanterna, Joinville, às 11h no Rio de Janeiro, Emerson e Paulo Victor tomaram o 3° cartão amarelo e não jogam, Pará e Jorge precisarão ser avaliados para saber se terão condição de jogo… se Oswaldo não trabalhar e bem para unir o time com foco e arrumar os problemas, poderemos ter mais um vexame do levantador de defuntos do Campeonato Brasileiro.
Saudações Rubro-Negras!
Náyra Vieira é integrante da Equipe MRN Informação.
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