[two_third_last]“Mudança é o processo pelo qual o futuro invade nossas vidas”
(Alvin Toffler, escritor americano, autor de “A terceira onda”)
Caros confrades flamengos
Prefiro não especular se alguém sentiu efetivamente a minha falta neste domingo de Páscoa, quando não publiquei a minha coluna Ethos Flamengo – seguramente, ao fim de uma análise rigorosa, evidentemente constataria o óbvio: ninguém nem reparou que a coluna não saiu. Não por uma suposta e não confirmada irrelevância deste Mundo Rubro-Negro, mas evidentemente pela minha própria irrelevância. Mas esta não me impede de continuar tentando levar ao povo escolhido de Zico a palavra do Evangelho Flamengo, este que lemos todos os dias nos rostos e almas de quarenta milhões de brasileiros.
Tive um pequeno mal-estar no domingo, quando iria escrever, atrasada, a coluna, e por conta disso fui internado para umas checagens. Passadas as cansativas horas de internação, me dediquei a analisar as movimentações na Gávea pós-hecatombe do dia 29 de março, quando a cúpula (ou parte dela) do nosso futebol foi expulsa praticamente a pontapés. A partir daí, como não pode deixar de ser – assim é o Flamengo – nossa vida como rubro-negros se transforma num navegar cheio de solavancos e marés contrárias. São especulações e discussões da hora de acordar até a hora de dormir, e vários nomes que se repetem: Cuca, Renato Gaúcho, Vanderlei Luxemburgo (sim, li isso) e aquele nome que sempre aparece: “o-cara-que-fez-um-bom-trabalho-na-base-ou-como-auxiliar”. Nem me refiro ao Noval, uma escolha que me deixou otimista. Mas ao Barbieri, técnico que me parece promissor mas que talvez não seja o general ideal para o momento de turbulência que atravessamos (iria falar “almirante”, mas não cabe na mitologia flamenga, evidentemente).
No blog: Ser Flamengo, nossa única opção” rel=”noopener” target=”_blank”>A memória do vento
A Mudança é inevitável, ocorre o tempo todo, gradualmente, e também de forma impactante e avassaladora, por momentos curtos e intensos. Cabe ao gestor conduzir mudanças – no meio termo: intensa, por um período médio em que as coisas se adaptem e sempre preparando para processos contínuos. Assim deve ser o nosso Flamengo – que, evidentemente, está neste processo contínuo desde que a gestão azul começou.
Claro que a torcida, os flamengos, estão em fúria. E têm toda a razão. A paciência se esgotou, temos resultados pífios obtidos por ídolos de pés de barro e times que não se encontram. A medida dura e impactante do 29 de março é, inequivocamente, reflexo também dessa insatisfação. Ora, é tão-somente por causa da torcida, dos sócios, dos devotos flamengos, que uma decisão dessas, dura, é tomada. Sem a preocupação com os que se devotam à causa, haveria, evidentemente, inércia.
Não me cabe aqui tecer elogios à administração Bandeira de Mello, que me parece realmente estar devendo no futebol – mas chamar a atenção para o fato de que, por mais que nossa paciência esteja curta, no fim, estamos em meio a um processo – e sei que os senhores vivem lendo isso por aí. Mas infelizmente o óbvio nos dias de hoje precisa ser repetido.
Para fugir um pouco da lenga-lenga situacionista, coloco aqui o papa do processo de Mudança em empresas, o americano John Kotter, professor da Harvard Business School – presente em nove a cada 10 MBAs por aí. Ele elaborou oito pontos pelos quais a mudança deve passar. Vamos fazer uma leitura deles pelo ponto de vista Flamengo.
CRIE SENSO DE URGÊNCIA
Para Kotter, é fundamental que as pessoas que vão participar da Mudança estejam participando dela. “Desde a alta administração, passando pelos funcionários e chegando a investidores e clientes”. É importante que todos entendam POR QUÊ acontece a mudança e PRINCIPALMENTE por quê ela deve acontecer IMEDIATAMENTE. Ora, os azuis sempre deixaram claro que a situação era grave, e que o Flamengo demandava cuidados urgentes.
FORME UMA ALIANÇA PODEROSA
Identificar gestores, stakeholders e funcionários que se transforem em fios condutores da Mudança. Considere-se aí a Importância Política, não apenas a expertise. Os azuis focaram nisso – fecharam com o hoje contestado SóFla, costuraram alianças com outras empresas e até procuraram se entender com os antigos parceiros de gestão bapianos.
ENTENDA ONDE A MUDANÇA VAI LEVAR
É praticamente a criação da “visão”, no conceito que usamos comumente para a Administração. Nossa Visão você já sabe: sermos os maiores do Mundo na prática. Na Teoria, já somos.
COMUNIQUE-SE
O Flamengo é outro clube em termos de comunicação, mas reconheça-se que é um processo que vem de algum tempo. Ainda há alguns erros, como o relacionamento com jornais. Mas seguramente é um outro clube. Falta fazer a mídia perceber mais o processo de Mudança, mas tudo já melhorou muito.
EMPODERE QUEM VAI TE DAR SUSTENTAÇÃO
Muitos entendem isso como “criar aderência à estratégia” nas equipes. O Flamengo de agora é seguramente inovador nisso – poucas gestões anteriores criaram tanta aderência quanto esta.
CRIE METAS A CURTO PRAZO
Temos uma que é para daqui a sete meses: o título da Libertadores. Outra para oito: o título brasileiro. E outra pra sete também: a Copa do Brasil. Ok, estamos bem de metas.
MANTENHA O RITMO: NÃO DESACELERE
As Mudanças mais significativas precisam de tempo para serem entendidas, assimiladas. Por isso a importância das grandes trocas, mexidas: para que o ritmo não caia. A zona de conforto é a zona proibida, onde a empresa “para” e aí interrompe a mudança.
TRANSFORME A MUDANÇA EM PARTE DA SUA CULTURA
O Flamengo está pouco a pouco incorporando em sua cultura organizacional a necessidade de estar sempre pronto para mudanças. Sei que o amigo leitor vai dizer, “porra, então no tempo do Kleber Leite, que contratou mais de 90 jogadores e sei lá quantos treinadores, estávamos bem”. Não, não é isso: a empresa deve se preparar pra ter capacidade de mudar rumos e práticas, de fazer inovação com valor, mas preferencialmente com as mesmas pessoas. Mantendo o time.
Este último tópico significa que o Rena…que o próximo técnico precisará fazer o Pará e o Rodinei cruzarem/marcarem melhor, o Juan ter liderança e falar em campo, o Réver voltar a jogar, o René ser lateral, o Rômulo se tornar jogador de futebol, o Diego ter raça e dar o sangue e o Dourado conseguir dominar a bola. Aí teremos Mudança com Inovação, Inovação com valor e um futuro brilhante em 2018. Assim espero.
Não se esqueçam que eu prego o Evangelho Flamengo – e para isso, é preciso ter Fé, essa coisa que não encontra amparo no Racional.
Até semana que vem.
Imagem destacada no post e redes sociais: Divulgação
Gustavo de Almeida é jornalista desde 1993, com atuação nas áreas de Política, Cidades, Segurança Pública e Esportes. É formado em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense. Foi editor de Cidade do Jornal do Brasil, onde ganhou os prêmios Ibero-Americano de Imprensa Unicef/Agência EFE (2005) e Prêmio IGE da Fundação Lehmann (2006). Passou pela revista ISTOÉ, pelo jornal esportivo LANCE! e também pelos diários populares O DIA, A Notícia e EXTRA. Trabalhou como assessor de imprensa em campanhas de à Prefeitura do Rio e em duas campanhas para presidente de clubes de futebol. É pós-graduado (MBA) em Marketing e Comunicação Empresarial pela Universidade Veiga de Almeida. Atualmente, escreve livros como ghost-writer e faz consultorias da área de política, além de estar trabalhando em um roteiro de cinema.
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