“Se nem tudo estava mal após a derrota caseira ante o Fluminense, nem tudo é fabuloso após a goleada ao Nova Iguaçu”. Assim o jornalista português Rui Malheiro sintetizou a vitória do Flamengo por 5 a 0 do último domingo. No entanto, o profissional completou que “o mais importante é a assimilação do modelo de jogo ao encontro do crescimento da equipa de jogo para jogo. O que tem acontecido e é sempre a prioridade numa pré-época”.
Com 38 jogadores utilizados até o momento, o Flamengo é a equipe que mais rodou o elenco no começo desta temporada. Embora Paulo Sousa altere muito as peças, uma coisa não muda: o esquema tático. O Rubro-Negro vem jogando em um 3-4-2-1 em fase ofensiva e 4-4-2 em defensiva.
Paulo Sousa não repetiu nem os três jogadores do ataque nessas primeiras partidas, conforme apontou o jornalista. Para o último jogo, o treinador optou pela “utilização de um jogador mais cerebral (Arrascaeta) e de um jogador mais acelerativo (Marinho) no suporte a uma referência ofensiva móvel (Gabigol)”. Nos primeiros confrontos, o comandante formou trio mais vertical com Marinho, Vitinho e Pedro contra Boavista; associativo com Diego, Arrascaeta Gabigol contra Fluminense; e com Arrascaeta, Gabigol e Pedro contra Audax.
Pontos positivos
Rui Malheiro destaca também o forte perde-pressiona do Flamengo no começo do jogo, com muita circulação da bola no campo adversário. O jornalista elogiou a “pressão alta e média-alta, com envolvimento dos 4 médios” (Rodinei, Arão, João Gomes e Everton Ribeiro).
Além disso, o português também falou de outra prática de equipes com jogo posicional. O Flamengo de Paulo Sousa fica “instalado com bola no meio-campo ofensivo, com boa capacidade para atrair o rival para o corredor da bola, para depois atacar o lado mais vulnerável”. Ou seja, a equipe roda muito a bola para desorganizar a defesa adversária e, assim, atacar por aquele lado.
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Outro ponto destacado foram as triangulações da equipe tanto do lado esquerdo quanto do direito. “Boas combinações à direita entre Rodinei e Gabigol (sempre muito móvel), com apoios de Arão e de Fabrício (no primeiro passe) para triangulações. E à esquerda, entre Arrascaeta e Éverton Ribeiro, aos quais se juntou João Gomes, sempre acutilante no passe, para triangulações”, comentou Malheiro.
O jornalista também elogiou a entrada do Vitinho. De acordo com o português, o camisa 11 “acelerou o jogo, com uma verticalidade e incisividade que Marinho nunca conseguiu oferecer”. Sendo assim, o atacante voltou a t er uma boa atuação, como a da estreia contra o Boavista.
Pontos negativos
No entanto, nem tudo está perfeito (ainda). O jornalista apontou algumas falhas de posicionamento de Léo Pereira, porque o defensor muitas vezes atrapalha a amplitude do time. Ou seja, o camisa 4 apresentou dificuldades em quando se posicionar mais aberto ou fechado. Além disso, Malheiro também notou maus momentos do zagueiro no 1 contra 1 defensivo.
Outro jogador criticado pelo português foi Marinho. Rui destacou que o camisa 31 “gosta de acelerar o jogo” e, por isso, “sente mais dificuldades no jogo mais pausado e de associação” tática. Mas o jornalista também apontou outro “culpado” para o rendimento do jogador rubro-negro: Gabigol.
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Isso porque o Príncipe da Nação tende a cair pelo lado direito, espaço do campo que Marinho ocupa. Sendo assim, o meia-direito passa a jogar de falso 9. Com isso, essa mudança deixa o camisa 31, “até pelas dificuldades para fornecer apoios frontais ou para a inaptidão para ser referência (móvel) na área, muito fora do jogo”, explicou Rui Malheiro.
Além disso, o português observou uma certa passividade do Flamengo na partida. Malheiro escreveu que, no segundo tempo, “o domínio não foi traduzido na criação de oportunidades por pouca incisividade no assalto ao último terço”.
Novo teste tático de Paulo Sousa
Uma das características mais marcantes desse começo de trabalho é a mudança de peças, mas a manutenção do esquema tático. Mesmo já tendo utilizado 38 jogadores, Paulo Sousa promoveu um novo teste no confronto com o Nova Iguaçu. Mais especificamente para a zaga e a dupla de volância.
No final da partida, o comandante rubro-negro promoveu a dupla Arrascaeta e Diego para a volância. Assim, Malheiro analisou que o meio-campo ficou mais ofensivo e criativo.
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Além disso, outra mudança foi recuar Arão para formar a trinca de zagueiros — em fase ofensiva — com Filipe Luís e Fabrício Bruno. Sendo assim, o camisa 5 volta a fazer a função dos tempos de Jorge Jesus. Embora JJ não jogasse com três zagueiros, Arão baixava entre os zagueiros e realizava uma saída de três. Da mesma maneira que Paulo Sousa, mas a diferença é que o jogador central não sobe tanto.
Estreia de Fabrício Bruno pelo Flamengo
A partida marcou também a estreia de Fabrício Bruno. O zagueiro teve uma boa atuação e chamou a atenção de Rui Malheiro. O jornalista rasgou elogios ao defensor e listou algumas características dele.
“Zagueiro antecipativo, e, acima de tudo, forte com bola. Quer a promover o jogo interior/exterior, através de passes curtos, quer a buscar variações contundentes do centro de jogo, ativando o corredor esquerdo”, analisou o português. Além disso, Malheiro ainda afirmou que os motivos para a contratação de Fabrício Bruno ficaram claros depois da partida.