Treinador nega fama de disciplinador, mas garante que vai cobrar empenho dos jogadores “Tem que respeitar a camisa”.
O torcedor rubro-negro já viu times inferiores tecnicamente que o atual.
Porém, pior do que a falta de qualidade, é o descomprometimento que um jogador pode demonstrar com o clube ao qual defende. O episódio envolvendo o ‘Bonde da Stella’ foi apenas uma gota d’água em um balde que estava prestes a transbordar. O caso veio à tona quando o Flamengo atravessava o seu pior momento no Campeonato Brasileiro. Foram seis derrotas em sete jogos disputados, e a diretoria não titubeou em aplicar uma punição aos jogadores envolvidos.
O fato já não é raro. O desrespeito ao momento que o clube passava, vinha desde o Campeonato Carioca, onde os mesmos jogadores foram vistos bebendo cerveja, em meio à jogos decisivos.
Ao ser perguntado sobre o seu estilo de ser e se pretende dar um tipo de manual de comportamento para os jogadores, Muricy foi enfático.
Acho que não é cartilha, não é nada autoritário. Mas com certeza que é o básico de um grande time que quer conquistar alguma coisa. Isso aí faz parte do trabalhador. Aqui são profissionais. O cara recebe para estar aqui trabalhando. Então ele tem que dar as coisas em volta (retorno). Tem que ser disciplinado, tem que ter comprometimento com a camisa, tem que se comportar bem, trabalhar muito e dar resultado. Essa palavra é super importante. Parece que não estamos falando de futebol, mas é assim… Não tem outra saída. O treinador é o grande cobrador de objetivos, e é isso que vai ser cobrado!
Eu sou um cara que as pessoas acham que sou super disciplinador. Eu sou um cara normal que cobra o que tem que ser cobrado. Agora, cobro mesmo. Alguém do time tem que cobrar, esse é o treinador.
Em outro trecho da coletiva, Muricy Ramalho voltou a falar sobre o comprometimento que os jogadores devem ter pelo clube e qual é o perfil de atleta com quem deseja trabalhar.
Não dá pra existir esse tipo de jogador. Jogador que não responde. Jogador que tanto faz ganhar ou perder. Não dá! Isso não tem mais. O cara é profissional e vai ser cobrado por isso. É uma coisa natural, não estou fazendo nada de excepcional não, nada demais. É assim que tem que ser. Não sou pai de ninguém, não sou babá dos caras. Eu sou um cara que vou exigir isso que é o mínimo. O cara não pode sair do campo e… (pausa). O cara tem que pensar no torcedor.
Esse tipo de jogador hoje não convence mais. É por isso que quando contratarmos um jogador, vamos ver quem é o cara, para ver qual que é o pensamento dele. Para ver se é só vir aqui, fazer um bom contrato. O Flamengo hoje está organizado nesta parte. Todo mundo quer vir para o Flamengo, beleza, e o resto? Então estamos estudando também isso. O cara está vindo para um clube e tem que dar resultado, e vai ser pressionado para isso. Aqui vai ser pressionado, não tem como.
Muricy não citou nomes, mas deixou um recado explícito a todos os jogadores que fizeram pouco caso com o Manto Sagrado. Dos atletas envolvidos em polêmicas extra-campo, Marcelo Cirino é quem o treinador demonstra ter interesse em trabalhar na próxima temporada. O camisa 7 chegou ao Flamengo no início do ano com status de craque. Teve uma boa participação no Campeonato Carioca (exceto clássicos), apesar de ter sido prejudicado por Vanderlei Luxemburgo, que tentou transformá-lo em centroavante. No restante da temporada, atrapalhado por lesões, Cirino foi um jogador comum, que em nenhum momento assumiu o papel de ser um dos protagonistas do time, pelo contrário, tornou-se vilão.