João Luis Jr: Ainda falta muita coisa, mas espírito o Flamengo já voltou a ter

Vários foram os problemas que causaram a demissão de Vítor Pereira. O time não tinha padrão tático. Os resultados eram absolutamente ridículos e o treinador apresentava uma capacidade de leitura de jogo que sinalizava, no mínimo, riscos de analfabetismo funcional. Mas além de tudo isso é preciso lembrar que, até mesmo num nível ideológico, o português em momento algum combinou com o espírito rubro-negro

Isso porque além de acreditar num Flamengo reativo, de muita espera e pouca pressão, VP parecia ser um homem desanimado, quase catatônico, que dava as costas para o campo em momentos chave da partida e parecia sentir durante, por exemplo, uma eliminação traumática no Mundial Interclubes, emoções menos intensas do que um cidadão normal sente assistindo uma reprise de Chaves.

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Ainda que isso possa funcionar para alguns times e torcidas, não é preciso esforço pra perceber que é a antítese da personalidade rubro-negra. A Nação acredita não apenas na ideia de que o Flamengo precisa sempre atacar e propor o jogo, como espera que todos, desde os jogadores até o treinador, passando pelos gandulas, pelo presidente e pelo massagista, vivam cada partida com o mesmo nível desesperado e alucinatório de intensidade.

E essa parece ser a principal vantagem que Jorge Sampaoli, com apenas uma partida, já parece ter no comando da equipe rubro-negra.

Isso porque, na vitória por 2×0 desta quarta-feira, diante do Nublense, em pleno Maracanã, se não vimos um Flamengo excepcionalmente organizado, entrosado ou eficiente, era visível que estávamos diante de um time que ao menos tentava jogar como Flamengo: propositivo, ofensivo, disposto e corajoso.

E se ainda é cedo para avaliar se Sampaoli é ou não um mago das táticas e se seu cabelo caiu em virtude do aquecimento craniano causado por sua potência cerebral, é impossível negar a intensidade do argentino, que corre mais pela área técnica do que diversos atletas profissionais correm em campo e demonstrou estar absolutamente transtornado da cabeça durante os 90 minutos da partida, chegando a ser contido por membros da comissão técnica por querer agredir o árbitro após um gol mal anulado pelo VAR.

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Intensidade que se traduziu dentro do campo, num Flamengo ainda confuso, ainda errando muitos passes, ainda desperdiçando várias oportunidades, mas que foi dominante o bastante para garantir sua primeira vitória na Libertadores 2023 e começar a compensar a patética estreia da equipe no torneio, ainda sob o comando do técnico amador e genro profissional Vítor Pereira. 

Então ainda que evidentemente não haja a menor possibilidade de avaliar um treinador após apenas uma partida – por mais que antes mesmo dela já tivéssemos torcedores pedindo a demissão do técnico – a sensação é que com Sampaoli o Flamengo pode vencer ou pode perder, mas ao menos vai fazer isso sendo fiel ao que se espera de uma equipe que veste o manto vermelho e preto. E, por fim, diante da temporada trágica e desanimadora que tivemos até agora, isso já parece um bom começo.

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