O Especial “Personagens do Semestre Perdido” apresenta 11 peças-chave para os resultados do 2023.1 do Flamengo. A maior parte desse elenco decepcionou, mas alguns se salvaram e outros contam com nossa certeza de que ainda podem muito em breve ajudar a reverter o quadro de vexames históricos que machucou a Nação nos primeiros meses desta temporada.
Um dos principais personagens do primeiro semestre de 2023 do Flamengo não está mais no Flamengo. Mas uma ausência às vezes é tão significativa quanto uma presença. E a ausência de João Gomes à frente da zaga do Flamengo certamente foi uma das principais diferenças entre o vitorioso segundo semestre de 2022 e o mau início na temporada seguinte.
João Gomes era peça-chave no time de Dorival Júnior. Os dirigentes acreditaram que poderiam repor sua perda com a chegada de Gérson, mas o campeão da Libertadores de 2019 sofreu para substituir o campeão da Libertadores de 2022. O resultado foi um início de ano de uma defesa muito frágil, um dos principais motivos para o Flamengo perder os quatro títulos que disputou no primeiro semestre.
A solução começou a ser encontrada de maneira caseira. Jorge Sampaoli deu ao chileno Erick Pulgar um protagonismo que ele não teve com Dorival Júnior nem com Vitor Pereira. Também bancou Thiago Maia apesar das críticas da torcida. E insistiu na contratação do atleticano Allan, que chegou para o segundo semestre e acaba de estrear.
Volante entrou para o top 5 das vendas do clube
Mas a torcida rubro-negra continuou podendo se orgulhar do Garoto do Ninho João Gomes à distância. Ele começou bem na disputada Premier League e chegou a ser um dos destaques do Wolverhampton. Também foi lembrado por Ramon Menezes na primeira convocação da seleção brasileira depois da Copa do Mundo.
Se dependesse da diretoria, o destino de João teria sido diferente. Os dirigentes preferiam aceitar a proposta de John Textor para vendê-lo para o Lyon, mas João insistiu em aceitar a proposta do Wolverhampton. No fim, acabou prevalecendo a vontade do jogador.
Não que tenha sido um mau negócio para o Flamengo. A venda de João Gomes foi a quinta maior da História do Flamengo. Os R$ 103 milhões só ficaram atrás dos valores recebidos pelas negociações de Vinícius Júnior, Lucas Paquetá, Reinier e o próprio Gérson. A diferença é que João Gomes, ao contrário dos outros, é um jogador principalmente defensivo, menos valorizado pelo mercado.
O lado negativo é que o Flamengo só vai receber a última parcela da venda em janeiro de 2025, o que não ajuda a pagar novas contratações do time ainda este ano. Isso torna difícil entender a opção por aceitar a proposta para vender Gomes, titular absoluto, e a recusa por negociar Matheus França, que tinha menos protagonismo no time campeão da Libertadores e da Copa do Brasil.
Metas do contrato podem aumentar valor da negociação
Se a escolha de Gomes pelo Wolverhampton aparentemente deixou um trauma inicial – ele não recebeu parabéns do clube no seu aniversário, dias após a negociação, por exemplo -, o problema já parece resolvido. Recentemente ele esteve no Ninho do Urubu pela primeira vez desde a saída, visitando os companheiros.
Mesmo longe do Ninho, João Gomes pode continuar sendo um personagem importante para o Flamengo nos próximos anos. Isso porque o contrato de venda dele para o Wolverhampton tem metas que não foram divulgadas que podem representar um pagamento ainda maior. Além da possibilidade de que ele seja revendido para outro clube e continue rendendo para os cofres do Flamengo como Lucas Paquetá faz até hoje após suas transferências do Milan para o Lyon e do Lyon para o West Ham.
Além disso, o sucesso de mais um Garoto do Ninho na Europa contribui para a negociação de futuros jogadores formados na base, que deve continuar sendo uma das principais fontes de receita do Flamengo nos próximos anos. Atualmente Matheus França é o nome mais promissor neste sentido, mas o Flamengo tem outras jóias com altas multas de rescisão à espera de uma proposta sedutora.
Só tenho que agradecer ao Flamengo por tudo! Há 14 anos cheguei ao clube cheio de sonhos, dúvidas, medo, mas muita vontade de vencer. Cresci, sofri, apanhei, mas sempre tive a certeza que eu venceria e seria um campeão
João Gomes na sua despedida do Flamengo
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