Sem Gerson e com De La Cruz em sua função, você possivelmente inicia a leitura deste texto imaginando que este será o tema abordado. Sinto por frustrá-lo, mas esta não é a tal “evolução tática” que venho mencionando. De La Cruz executou bem a função, à sua maneira. Assim como Gerson o faz rotineiramente.
O uruguaio atua com passes rápidos, maior ofensividade e deslocamentos, como um verdadeiro “ritmista”, que geralmente termina seus lances próximo ou dentro da área adversária.
➕ O segredo impopular da boa defesa do Flamengo de Tite
O Coringa, por sua vez, apesar de possuir o mesmo nível técnico, é extremamente diferente. Atua em um jogo mais cadenciado e no modelo atual, mais na base da jogada. Com ele, o time é mais compacto, mais forte e há uma mescla positiva com a natureza de seus colegas, assim sofrendo menos contragolpes.
Com De La Cruz, é mais rápido e ofensivo, mais dinâmico. Opções que Tite tem (e pode escolher os dois!), e que a torcida não precisa fazer. Aliás, seria motivo de comemoração poder contar com os dois, e nem deveria passar pela cabeça do rubro-negro, depreciar algum.
Voltando à tática, se você assistiu ao jogo atentamente, possivelmente tenha notado que Ayrton Lucas teve mais jogadas de linha de fundo. Literalmente desde o início do jogo, o lateral rubro-negro foi uma das grandes fontes de perigo ao Boavista.
Isso se deve a uma nova dinâmica entre ele e Varela. Antes preso à saída de três, Ayrton passou a ter a ajuda de seu colega, o que invertia a dinâmica de meio e lhe abria o corredor. Ora um, ora outro responsável por sustentar a linha junto aos zagueiros, enquanto via o colega flutuar entre uma segunda fase de construção alinhada aos meias, e o ataque à linha de fundo, sempre coordenados com os ótimos Cebolinha e especialmente Luiz Araújo.
Sobre o atual camisa 7, há o dever de reconhecimento. Luiz Araújo tem um perfil muito intenso, voluntarioso e agressivo. O mais legal disso é poder ver este perfil em todos os momentos da partida. Durante a construção, Araújo é capaz de trabalhar em espaço curto sem comprometer, e penalizando defesas adversárias com sua capacidade de driblar em meio ao congestionamento.
Na fase de finalização, é ótimo finalizador e sabe como chegar à linha de fundo. Mas algo além disso precisa ser destacado. Não foi incomum vê-lo flutuar por dentro, assim como Tite quer ver De La Cruz, quando escalado como o tal “meia flutuador”.
Com os “pontinhas” e os laterais questionados (nem sempre de forma justa), o Flamengo trocou 620 passes e finalizou 28 vezes, números recorde na temporada!
Quer dizer que estes são burros?
Vai vendo…
Victor Nicolau, o “Falso Nove”, é Analista de Desempenho certificado e formado pela CBF e outras instituições de ensino internacionais. Engenheiro Civil de formação, atua como executivo de compras há 10 anos. Siga Falso Nove no Twitter e inscreva-se em seu canal no YouTube.
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