Na última terça (14), o STJD recebeu uma denúncia do Flamengo – merecidamente – pelos cânticos homofóbicos proferidos contra a torcida do Fluminense no último Fla x Flu, disputado no dia 11, que terminou com o empate entre as duas equipes.
A denúncia foi encabeçada pelo Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, ONG que também se mobilizou para denunciar o Corinthians pelo mesmo motivo em maio, na partida contra o São Paulo. Na época, o clube passou um jogo sem torcida como punição.
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Repito: a ONG acerta em denunciar o clube e é – mais uma – lástima ver como a direção do Flamengo não se posiciona repudiando casos assim. São esses momentos que mostram como um clube se engaja com uma causa para além de posts celebrando o orgulho em junho. Porém, trago alguns questionamentos que acredito serem pertinentes nesse caso.
Em pelo menos duas ocasiões o Flamengo foi hostilizado com a música “p#ta, vi#ado, ladrão”, que tem conotação racista, misógina e elitista. Em setembro, contra o Bahia, o cântico claramente entoado na transmissão sem causar constrangimentos ou gerar nenhuma punição.
Ano passado, no primeiro jogo das oitavas de final da Copa do Brasil, o cântico entoado dessa vez com a transmissão dando foco na torcida, numa cena absolutamente bizarra. Para dizer o mínimo.
O objetivo aqui não é insinuar absolutamente nada do grupo denunciante. Até porque não tem como depositar toda a carga de denúncias num meio tão preconceituoso nas mãos de uma única ONG. Mas é preciso apontar esses casos para que eles não caiam em esquecimento.
‘Mulambo imundo’: preconceito de raça e cor
Outro caso absolutamente estarrecedor aconteceu no dia seguinte ao Fla x Flu mencionado. Na comemoração do título da Libertadores realizado no Centro do Rio, foi cantado a plenos pulmões pela torcida o cântico tricolor que se refere ao flamenguista como “mulambo imundo”.
Não entrando no desgastante e patético debate sobre o quão preconceituoso é o termo, o caso me chocou por dois motivos: jogadores cantando e o completo e absoluto silêncio da mídia com o caso.
Se não fosse o corte – feito pela própria FluTV – eu não faria ideia que isso tinha acontecido. Passado quase uma semana do ocorrido, não houve notícia e nem sinal de algum tipo de punição.
Destaca-se também a ineficiência do próprio Flamengo em prevenir esse tipo de coisa. A atual diretoria, que claramente mostra-se pouco preocupada com seu torcedor, obviamente também não parece se importar com aquilo que é direcionado à massa que ama e move o clube que eles coordenam.
Não é de se surpreender, vendo quem são, a distância com o povo rubro-negro em toda sua diversidade.
Marcos Paulo Neves é professor e historiador formado pela UNIRIO. Apaixonado por futebol e pelo Clube de Regatas do Flamengo, procura falar sobre futebol, política e história de maneira clara e não revisionista.
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