Mais cedo escrevi um texto, fora do MRN, criticando o lançamento da camisa do Atlético Mineiro. O assunto foi crescendo e encontrou com o Flamengo. Aí veio pra cá.
Pra quem não sabe, o Atlético Mineiro lançou ontem à noite os novos uniformes, com a DryWorld. Uma das coisas que mais incomodou a internet (que é mais ativa que o mundo real) foi o fato de terem contratado mulheres semi nuas. Usando camisas masculinas com a parte de baixo do biquíni.
Se fossem biquínis do Atlético, faria sentido. Ou poderiam ter dado um foco na linha feminina. Mas, ao que parece, as modelos só estavam lá para enfeitar. A mensagem o desfile me passa é que mulher serve para vender a camisa, não pra comprar.
Não que isso seja novidade. O próprio Flamengo já fez isso, como me lembrou o Peralta.
Um dos maiores ~problemas~ é que o mundo mudou. Muitos vão dizer que o politicamente correto tá deixando chato, outros vão falar que tava tudo errado. Mas não estou aqui nem pra discutir isso.
Dinheiro vindo de homens ou mulheres tem o mesmo valor, certo? Então porque ignorar um público tão grande?
Segundo o Rodrigo Capelo, 9% dos sócios atleticanos, em 2015 eram mulheres. Isso não é um número irrelevante. E mostra que tem um grande potencial para ser ainda mais explorado.
Em 2015, fiz um levantamento sobre sócios-torcedores. No Atlético-MG, 9% eram mulheres. É muito potencial desperdiçado por atitudes assim.
— Rodrigo Capelo (@rodrigocapelo) 16 fevereiro 2016
Discutindo isso no Twitter, a @barbaraclau citou uma matéria que falava que 44% dos rubro negros cariocas, que “consomem” o Flamengo, são mulheres. Sim, QUARENTA E QUATRO POR CENTO.
Não importa se é machista, feminista, marciano, quase metade dos consumidores são mulheres. É uma fatia enorme do faturamento. Mesmo se só levarmos em conta o mercado, o público feminino merece a mesma atenção que o masculino. Você nem precisa pensar em ideologia ou protagonismo. É fato que as mulheres são um público alvo de grande importância. Ninguém que queira ganhar dinheiro despreza 44% de clientes.
Há pouco tempo tempo, Flamengo, Adidas e Farm se juntaram para fazer uma linha casual só para o público feminino.
Não tenho números, mas pelo que ouvi, vendeu muito bem.
Mulheres trabalham, são independentes, ganham dinheiro e gastam como quiserem. Inclusive com futebol. Estamos em 2016! Se você ainda acha que dá pra ignorar o público feminino no futebol, esquece. Elas já chegaram e só você que ainda não notou.
Quando fizemos um levantamento aqui no MRN, descobrimos que 33% dos colaboradores, e 10% de nossos visitantes, eram mulheres.
Como eu disse no texto original:
Quem enxergou mulher como argumento de venda, ganhou um problema de imagem. Quem enxergou mulher como torcedora, ganhou dinheiro e reconhecimento.
@Luizfilipecm