João Luis Jr: Flamengo buscou a complicação e complicou o domingo de todo mundo

Em defesa de Sampaoli é preciso reconhecer que a lesão de Gerson, logo antes da partida, foi sim uma surpresa. Havia uma ideia de time, havia a intenção de repetir o esquema de três zagueiros que deu certo na estreia do treinador. Também havia a confiança no papel do Coringa para fazer a função de criação, na frente da dupla de volantes. 

E bem, é isso. Daí pra frente não tem como defender absolutamente nada do que o Flamengo fez nesse domingo.

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Não tem como defender a decisão de Sampaoli de começar com Ayrton Lucas, deixando o Flamengo sem nenhum jogador de armação, com um meio absolutamente perdido onde Vidal não tinha a intensidade necessária, Thiago Maia jamais seria capaz de fazer a criação e Beijinho, que vem fazendo grandes partidas na ala e na lateral, não parecia fazer a mínima ideia de como se encaixar.

Assim como não existe defesa para a demora em perceber o quanto essa ideia não estava dando certo, com um treinador que esperou até que o Flamengo estivesse perdendo por 2×0 para notar que, se o time não tem capacidade alguma de armação, talvez seja interessante colocar em campo o armador convocado para a última Copa do Mundo, que ele tem no banco de reservas.

Mas a lista de ações ou comportamentos sem defesa é mais longa que isso, claro. Como justificar que o Flamengo sofra 3 gols nascidos em cobrança de lateral em 2 jogos seguidos do Brasileirão? Qual a explicação para o pênalti infantil feito por Wesley, que na jogada pareceu um gato reverso, alegando ter 19 anos quando nasceu seis meses atrás? Como racionalizar os gols que Gabigol insistiu em perder mesmo com todas as oportunidades que Éverton Ribeiro insistia em criar?

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Porque o que se viu em campo foi uma grande série de decisões equivocadas, absurdas ou tremendamente mal executadas. Escolhas essas que começaram antes da bola rolar e foram até o fim 11º minuto de acréscimo do segundo tempo. Um Flamengo mal escalado, que demorou a se acertar e conseguiu não apenas perder oportunidades claras na frente, que teriam mudado o rumo da partida. Mas cometeu falhas bisonhas na defesa, chegando ao extremo de, com um jogador a mais e a defesa toda postada, sofrer o já citado gol em uma jogada de lateral realizada pelo time adversário.

Uma série de falhas coletivas e individuais em que, salvo poucas exceções, como a boa atuação de Everton Ribeiro e a quase impossibilidade estatística que a Polícia Federal poderia investigar como indício de fraude em site de aposta chamada “Léo Pereira fazendo dois gols na mesma partida”, não houve quase nada que pudesse se aproveitar.

Então ainda que, da mesma maneira que na goleada contra o Maringá era cedo pra falar que temos um grande trabalho, o ridículo da derrota deste domingo de maneira alguma zera os progressos que a equipe fez até agora sob o comando de Sampaoli. Mas uma partida assim precisa, obviamente, acender toda uma árvore de natal fora de época em termos de luzes de alerta na Gávea.

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Seja porque atuações individuais terríveis como algumas das que vimos pedem por mudanças na equipe – David Luiz dando espaços como dá ingressos de cortesia, Vidal sentindo o peso da idade, até mesmo Gabigol precisando treinar chutes depois do horário – seja porque Sampaoli não pode se dar ao luxo de buscar o complicado quando existem soluções bem mais simples diante dos olhos dele.  

O trabalho ainda está no começo, o Brasileirão ainda está no início e existem ótimas perspectivas de salvação para essa temporada. Mas é preciso lembrar que as coisas já estão complicadas o bastante sem que o próprio Flamengo procure complicar ainda mais.

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