A temporada Rubro-Negra, que já é decepcionante, esteve por um fio nesta noite. Uma das equipes que mais investiu no futebol brasileiro e que colecionou fracassos atrás de fracassos precisa desesperadamente vencer a Copa Sul-Americana. Não só para garantir uma vaga direta na fase de grupos da Libertadores do ano que vem. E sim porque seria uma conquista relevante em meio a tantas decepções.
No campo, mais uma vez o time esteve mal. Faltou velocidade ao recuperar as inúmeras bolas perdidas pela fraca zaga do Júnior. Sem conseguir acelerar e com seus principais articuladores numa jornada de pouca inspiração, os donos da casa quase não assustaram o bom goleiro Vieira. A rigor, foram apenas duas boas chances. Uma com Mancuello, que finalizou na rede pelo lado de fora. E outra com Vizeu, que livre testou raspando. Esta última oportunidade mostrou o mapa da mina.
Pior, com claros problemas nas duas laterais (Pará vem mal. Trauco não é bom marcador. Os dois zagueiros são lentos para saírem na cobertura e os volantes não foram bem no jogo) a equipe colombiana se aproveitou dos espaços. Parecia que até a sorte jogava contra. Afinal, Diego Alves se lesionou e teve que ser substituído pelo contestado Muralha aos 19 minutos.
Cento e vinte segundos depois, com o arqueiro ainda frio, Gonzalez aproveitou o espaço deixado por Pará e bateu cruzado para Téo Gutierrez completar para as redes. Aos 33, foi a vez de Chará entrar nas costas de Trauco e levar perigo a meta do Mengo.
Ambos voltaram do intervalo com os mesmos onze que terminaram o primeiro tempo. Levou só oito minutos para que Reinaldo Rueda tirasse Mancuello e colocasse Vinícius Júnior. Os cariocas pressionavam, jogavam no campo de ataque. Contudo, efetivamente criavam pouco. Aos 21, Trauco cobrou escanteio. Réver cabeceou e Vieira fez milagre. O caminho era pelo alto.
Aos 33, jogada igual. Trauco bateu córner. Juan aproveitou falha da zaga colombiana e deixou tudo igual. Foi a senha para o Maracanã explodir. O torcedor que até então vaiava gritou do fundo de sua alma. Em campo, a equipe tentou corresponder. O time se expôs. Permitiu duas grandes chances a Diaz em dois ótimos passes de Chará, a esta altura jogando mais recuado, em sua verdadeira posição. Mas só sabia levantar bolas na área. Foi o que bastou. Na base do abafa, do vamos que vamos, Trauco cruzou da intermediária. Arão ajeitou e Vizeu bateu de primeira, marcando um golaço. Um gol com a cara e o DNA do Flamengo.
A vitória foi importantíssima. A vantagem de jogar fora de casa pelo empate mais ainda. O Rubro-Negro tem mais time do que o Júnior. Pode novamente explorar as bolas altas. Terá espaço para jogar, já que os colombianos terão que sair para o jogo. É favorito para chegar a final (apesar do confronto estar aberto e ser, obviamente, complicado). E para levantar um caneco que pode e deve ser a tábua de salvação de uma temporada decepcionante.
Veja a análise de Gustavo Roman em vídeo:
Gustavo Roman é jornalista, historiador e escritor. Autor dos livros “No campo e na moral – Flamengo campeão brasileiro de 1987”, “Sarriá 82 – O que faltou ao futebol-arte?” e “150 Curiosidades das Copas do Mundo”. Também escreve para o Blog do Mauro Beting.
Imagem destacada no post e redes sociais: Gilvan de Souza / Flamengo