Há pouco mais de um ano, quando Flamengo e São Paulo duelavam na perseguição ao líder, jogamos melhor e tivemos a chance da vitória em um pênalti no último lance. Alan Patrick desperdiçou. Há três dias, quando Flamengo e Palmeiras duelavam na perseguição ao líder, jogamos melhor e tivemos a chance da vitória em um pênalti no fim da partida. Diego desperdiçou. Hoje, o Flamengo teve contra o Coritiba a chance de se manter minimamente vivo na perseguição ao líder com um pênalti no último minuto. Éverton Ribeiro, finalmente, colocou na cal e converteu com frieza.
O sangue frio no momento decisivo talvez tenha sido a única novidade da partida.
A cobrança de pênalti que deu a vitória ao Mengão na Ilha #Reencontro pic.twitter.com/8SZ8sQwKG8
— Flamengo (@Flamengo) 23 de julho de 2017
Mais uma vez vimos o Flamengo vencer unica e exclusivamente pela imposição técnica de seus melhores jogadores. O que Carille faz no Corinthians não é milagre, mas sim estudo e treinamento. O líder do campeonato consegue se impor contra elencos teoricamente superiores.
O Flamengo é o contrário e se impõe unicamente por conta do seu elenco superior. Nas últimas semanas, entre vitórias e derrotas, o time não apresentou muita novidade e seguiu a fórmula mais simples do futebol: quando os craques vão bem, o time ganha, mas quando os craques vão mal…
Hoje Éverton Ribeiro chamou a responsabilidade. Com uma assistência e a conversão do pênalti no apagar das luzes, se fez o nome do jogo. Mas sua atuação foi mais do que isso. O lance do primeiro gol mostra que ele conhece bem um princípio fundamental do futebol moderno: todo jogador deve cumprir alguma função em todos os momentos do jogo, nem que seja se posicionar às costas da defesa projetando um contra-ataque futuro. Essa é a grande qualidade do camisa 7: está sempre ligado, sempre pronto para participar do lance, seja contribuindo na defesa, seja armando o ataque.
Mais uma vez tomamos um gol por trás da zaga. Se na Libertadores sofremos com os cruzamentos, o padrão agora mudou. Os quatro últimos gols sofridos foram praticamente iguais, com jogadas em profundidade nas costas da defesa. Os gols de Sassá e Henrique são assustadoramente parecidos! Não dá!
As indefinições da defesa do Flamengo. Não acho “coincidência” como já brandam. É péssimo sintoma levar gols idênticos no espaço de 6 dias. pic.twitter.com/1DhqnmwKrR
— Notavel (@notavel) July 23, 2017
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Mais uma vez aturamos um goleiro inseguro. Contra o Palmeiras, Thiago inventou um gol para os paulistas ao sair estabanado nos pés de William. Se tivesse ficado embaixo do gol, o lance não iria nem para os melhores momentos. Hoje, fez exatamente o oposto, ficando plantado na linha em uma finalização que poderia ter sido abafada.
Logo após o gol, demonstrou todo o seu nervosismo rebatendo uma cobrança de falta do Coxa. Thiago é novo, pode evoluir, deve ganhar experiência em outros lugares, mas eu já não aguento mais dar um salto da cadeira a toda bola que chega perto do gol do Flamengo!
Mais uma vez tivemos que assistir uma dupla sofrível de volantes. Márcio Araújo é uma praga, mas Arão e Rômulo não ajudam jogando tão mal quando entram. Ronaldo, nosso volante da base que ainda não sabemos se vai render no profissional, já deve estar pedindo pra sair, porque ficar fora do banco para ver esse bando de pangarés jogando quarta e domingo é dose. Paquetá, aliás, jogou dez minutos e acertou muito mais que Arão.
Mais uma vez fomos garfados pelo juiz, mas isso não pode servir de desculpa. O Flamengo tem time para ganhar com muita tranquilidade do Coritiba em casa mesmo com gol mal anulado e pênalti não marcado. Vale ficar alerta, mas entrar nessa de culpar o apitador é só desviar o foco do mau futebol apresentado.
Mais uma vez ouvimos uma entrevista macarrônica do treinador, falando que dominamos absolutamente o jogo, que os jogadores estão de parabéns e que está satisfeito. As entrevistas de Zé Ricardo são a mesma ladainha.
E assim segue o Flamengo. Os mesmos erros de sempre, os mesmos acertos de sempre. Mais do mesmo. É essa constate instabilidade que nos marca. Agora é voltar a vencer, porque jogar bem já é um outro degrau.
Imagem destacada: Gilvan de Souza/Flamengo
Téo Ferraz Benjamin escreve as análises táticas do MRN. Siga-o no Twitter: @teofb
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