E voltamos da Copa do Mundo. E, paradoxalmente, numa partida do mesmo sentimento que todo brasileiro que acompanhava a Copa sentiu na suspensão do Casemiro. Sua substituição pelo mosca-morta do Fernandinho, que teoricamente, “jogava na mesma posição”. O tal que em 2014 entregou tudo para os alemães, e que, por algum motivo que seu agente, Tite e CBF conhecem, foi chamado de novo para ferrar o Brasil em 2018.
Enfim, voltando ao Flamengo. Tínhamos uma situação parecida, mas com um agravante. Além de mosca-morta, o substituto do Cuéllar (também suspenso), sequer joga na posição de primeiro-volante. Sua posição é o banco. Mas, por algum motivo também desconhecido, o técnico recém-efetivado do Flamengo resolveu colocá-lo como primeiro-volante. Lágrimas amargas.
“Ele treinou o time”. Disseram. “Testou vários posicionamentos diferentes com n jogadores”. Repetiram. Mas, a matemática, assim como a vida, é cruel e fria. O que é errado invariavelmente dá errado. Assim como a substituição de um bom zagueiro jovem e rápido, o Thuler, por um zagueiro na curva descendente da carreira e lento, o Réver. Mas que tem “mais nome”. Não coincidentemente o critério também utilizado na Copa do Mundo pelo Tite na escalação de alguns jogadores. O que demonstra que Barbieri, uma vez efetivado, resolveu seguir o padrão comum dos técnicos brasileiros.”Para que se estressar com o grupo?”
Flamengo começou a partida bagunçado e assim continuou até o final. Espaçado demais, meias que dificilmente triangulavam, Guerrero mais isolado na frente do que a Ilha de Trindade. Parecia um time com o corpo quebrado sem fisioterapia, sem ritmo e com a tática esquecida. O que me faz perguntar que treinamentos são estes que foram realizados no Ninho do Urubu.
Mas o São Paulo, o time cai-cai do Aguirre, não tem nada com isto. Jogou por uma bola. E conseguiu ela. Numa falha coletiva, de Réver, Rodinei, Renê e RÕmulo (os 4 R’s do apocalipse) fez seu gol numa bola cruzada que talvez, analisando depois, tenha tido falha do Diego Alves também. Poderia ter saído e cortado. Lance difícil, todavia. Renê, sem senso nenhum, com o time bem espaçado, simplesmente resolveu chutar a bola bem para frente, com um São Paulo armado para contra-ataque. Resultado, bola pro São Paulo, toque de bola rápido para frente. Flamengo, na leseira, demora a voltar. Rodinei esqueceu que isto também deveria ser sua obrigação. Deveria estar ocupado fazendo selfies e entrevistando o banco de reservas. Réver tira a bola, fraco como em uma pelada ruim, ela sobra, é cruzada para a pequena área. Dois atacantes sobem junto de Renê que cai bisonhamente, e gol do Everton. Gol de ex. Do tal que não acertava uma finalização no Flamengo.
O Flamengo, que antes já tinha dado uma boa cabeçada na trave com Paquetá, foi à frente. Com Uribe no lugar do Marlos, que, inesperadamente, por um único momento, lembrou o insubstituível Vinicius Jr, em bom lance pela lateral do campo. As chances se sucederam. Uribe se colocava bem, mas sem jogar desde maio, finalizava como o falecido Gabriel. Pés de curupira. Em um lance com o gol aberto, sem goleiro, chutou para fora. Para ser justo, deu uma boa cabeçada, bola quica no chão, e Sidão, goleiro do São Paulo, fez um milagre.
Aí Barbieri colocou Trauco (?) para jogadas pelas pontas. Que não fez. E Matheus Sávio (??), que embora tenha entrado fazendo bons lances, rapidamente sumiu junto com os outros. O que, claro, revoltou a torcida e lembrou da cobrança que se tem por reforços. Que não foram feitos por esta diretoria, com exceção do Uribe. Realmente não pode termos apenas uma opção de atacante pelas pontas (Marlos) que não seja mosca-morta (Geuvânio) nem contundido (Berrio). Muito trash ter que apelar para lateral. Não podemos ter apenas um único jogador no elenco que jogue de primeiro-volante. Flamengo repassou o Jonas. E pior, feliz. Como se tivessem primeiros-volantes a dar com pau por aí. Não tem!
Os laterais e zagueiros que temos talvez não segurem a onda das necessidades competitivas de agosto. Em que pese a inexperiência do Noval em questão de contratação de profissionais – esta falta de reforços está em sua conta enquanto diretor e mesmo da gestão do Flamengo, na pessoa do VP de Futebol, na questão de cobrança em relação a este problema. Que até pode estar sendo realizada, mas daqui de fora só vemos a superfície e na superfície só temos Uribe de novo e as saídas de Vinicius Jr, Jonas e Vizeu.
Mas, ainda seguimos líder. Embora por um ponto. E na próxima partida enfrentamos o Botafogo. Podemos ganhar mas temos que melhorar muito. Sair do time amador de pelada cansado de ontem, com reposição lenta e espaçado, para um time efetivamente profissional digno de todo trabalho e imenso orçamento proporcionado ao futebol.
Imagem destacada: Gilvan de Souza/Flamengo
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Flávio H. de Souza escreve no Blog Pedrada Rubro-Negra. Conselheiro do Flamengo e politicamente livre. Siga-o no Twitter: @PedradaRN
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