Por Amir Somoggi – Diretor da Sports Value
Os balanços dos clubes brasileiros em 2018 começaram a ser publicados e como faço há quase duas décadas publicarei o estudo da Sports Value sobre as finanças dos clubes logo mais. A edição de 2017 você pode ler aqui.
Um dos balanços mais esperados por mim é o do Flamengo. Isso porque o clube que se consolidou como um modelo de gestão único no mercado brasileiro e até sul-americano e vinha de um 2017 muito fora da curva, com a venda de Vinicius Jr. para o Real Madrid.
Assim, em 2018 haveria um ajuste, já que em 2017 as receitas com transferências atingiram R$ 183 milhões, o que produziu um superávit líquido ao final do exercício de R$ 159 milhões.
Do mesmo autor: Corinthians bateu recorde de receitas, custos com futebol e dívidas em 2018
O clube em 2018 ampliou sua folha salarial e seus investimentos em contratações e com essa queda nas receitas poderia mostrar algum desequilíbrio financeiro.
Mas não foi isso que aconteceu, o Flamengo fechou mais uma vez o exercício com um alto superávit, mesmo com queda nas transferências. As receitas com transferências foram de R$ 64 milhões, queda de 65%. Mesmo assim o superávit líquido foi de R$ 46 milhões.
Nos últimos cinco anos o Flamengo acumulou superávits líquidos de R$ 553 milhões. Isso é um caso único no futebol latino-americano.
Isso significa que mesmo com aumento de gastos e investimentos o clube não perdeu o controle orçamentário, algo raro no futebol brasileiro.
Flamengo – Superávits / Déficits – R$ milhões
Receitas
A receita total do Flamengo em 2018 foi de R$ 543 milhões, uma queda de 16%, especialmente por conta das transferências.
Excluindo o efeito das transferências de jogadores as receitas do clube foram de R$ 479 milhões, alta de 3%.
Flamengo – Receita-R$ Milhões
Flamengo – Fontes de Receitas – R$ Milhões
A TV em 2018 representou 41% da receita e os patrocínios outros 17%. As transferências foram responsáveis por 12% e o clube social 10% do total.
A bilheteria 8% e sócio torcedor 9% somados representam o mesmo que os patrocínios. Essas são as recetas de matchday do clube que juntas somaram R$ 93 milhões em 2018.
Custos e investimentos no futebol
Os custos com futebol do clube se mantiveram no patamar de 2017. Em 2018 o futebol consumiu R$ 351 milhões, queda de 0,2%.
Mesmo com o aumento de gastos salariais, por queda provavelmente em custos relacionados às transferências de 2017.
Assim, o clube mesmo com baixa nas receitas totais, e alta nos salários, conseguiu manter as contas equilibradas. Esse é o modelo sustentável financeiramente que os clubes precisam criar.
A relação custos com futebol sobre a receita cresceu, passou de 54% em 2017 para 65%, o maior índice desde 2013. O Flamengo gastava pouco e sua performance era mais baixa.
Com o crescimento das receitas foi possível ampliar o investimento sem perder o controle.
Relação Receitas e Custos com Futebol – R$ Milhões ( exceto indicador)
O investimento em contratações aumentou muito em 2018, passando de R$ 69 milhões em 2017 para R$ 142 milhões em 2018.
Somados com os atletas da base o Flamengo conta atualmente com R$ 178 milhões investidos em jogadores.(ativo intangível).
Investimento em jogadores – R$ Milhões
Assim os números do Flamengo são extremante positivos, já que mostram um clube se autofinanciando, sem uso de receitas fora da realidade e maior investimento no futebol.
Essa maior competitividade é fundamental para o clube, um dos pontos mais vulneráveis e criticados de sua gestão. Por isso, esse investimento sem perda de controle financeiro indica o caminho a ser seguido.
O único modelo que deve ser utilizado pelos clubes brasileiros.
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