O Flamengo venceu o Vasco por 1 x 0 nesse domingo (20), na segunda partida das semifinais do Campeonato Carioca 2022. Com o resultado, o Rubro-Negro eliminou o Vasco e vai disputar o título com o vencedor da semifinal entre Fluminense e Botafogo. Mesmo com a classificação, tanto torcida quanto mídia mais uma vez criticaram o time comandado por Paulo Sousa por não ter tido uma atuação convincente.
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O jornalista André Rocha, do UOL, comentou na Live do Flamengo que o problema é o que ele chama de “falta de compromisso com o acerto”. Na sua primeira participação na Live com o também jornalista Renato Maurício Prado, André disse: “O Flamengo teve atuações vergonhosas em três jogos contra o vasco, que apesar de ter camisa é hoje um clube de série B. Na final, o Flamengo tem obrigação de ter atuações mais intensas e de ter compromisso com o acerto.”
Segundo André, o problema principal não está no plano tático de Paulo Sousa, mas na falta de capricho do elenco: “É muito erro técnico. Muita bola na canela. Muita finalização errada. O Gabigol é um exemplo. Ele erra demais para um jogador da importância dele e com o salário que ele ganha.”
Com isso em mente, o Mundo Rubro Negro resolveu comparar as estatísticas coletivas e pessoais do Flamengo e seus jogadores. Escolhemos o jogo entre Flamengo e Vasco desse domingo, o 12o de Paulo Sousa no comando do Rubro-Negro, e o jogo Flamengo 2 x 0 Internacional, pela Libertadores da América de 2019, o 11o jogo sob o comando de Jorge Jesus.
Números mostram dois momentos semelhantes
O Flamengo de Paulo Sousa tem menos posse de bola do que o Flamengo de Jorge Jesus tinha (60% contra 67%). Por isso, troca menos passes (470 contra 604), mas o percentual de acertos é praticamente o mesmo (85% contra 86%). Paulo Sousa e Jorge Jesus tem números semelhantes na tentativas de bolas longas (34 contra 37), com percentual de acerto melhor para Paulo Sousa (69% contra 57%).
O Flamengo de Paulo Sousa chutou nesse domingo mais do que o dobro de bolas ao gol do que o Flamengo de Jorge Jesus, em agosto de 2019 (19 contra 9), mas se você olha para os chute no alvo (bola que entraria caso não houvesse interferência) , o time de Jesus era claramente mais eficiente, com 8 bolas no lavo em 9 chute contra 5 bolas no alvo em 19 chutes do Flamengo de Paulo Sousa.
Outro número interessante é o de dribles tentados e certos. O Flamengo de Paulo Sousa tentou 11 e acertou 7, um percentual de acerto de 64%. Já o Fla de Jesus tentou 10 e acertou 7, com percentual de acerto de 70%.
Como fica menos com a posse, o Flamengo de Paulo Sousa perdeu menos a bola do que o time de Jesus perdia. Foram 101 perdas de posse no domingo contra 145 do time de Jesus. Por outro lado, o Fla de Paulo Sousa morde menos. Foram 44 duelos ganhos (disputas de bola), contra 76 contra o Inter, em 2019.
No quesito retomada de bola, fica claro também que o time de Jesus era mais aplicado. Foram 35 retomadas legais em 2019 contra o Inter contra apenas 15 no domingo contra o Vasco. E o Vasco teve mais posse de bola do que o Inter (40% a 33%).
O que os números falam sobre Gabigol
André Nunes usou Gabigol como exemplo da falta de compromisso com o acerto do time atual do Flamengo. Será que os números corroboram a afirmação?
No jogo desse domingo, em 82 minutos em campo, Gabigol tentou 34 passes e acertou 29 (85%), ganhou 2 de 6 duelos pela bola, não roubou nenhuma bola, não marcou gol e não deu assistência.
Já em agosto de 2019, contra o Inter, Gabigol jogou 90 minutos, não marcou, mas deu a assistência para o primeiro gol de Bruno Henrique. Além disso, acertou 40 de 44 passes (91%) e ganhou 1 de oito duelos e roubou uma bola.
Flamengo de 2019 era mais intenso, mas circunstâncias importam
Olhando os números frios, em recorte bem limitado, pode-se concluir que o Fla de Jorge Jesus já cumpria as determinações do treinador com grande dedicação no 11o jogo sob comando do Mister. Paulo Sousa também prometeu um time intenso que ia disputar cada bola, mas ainda não chegou lá. Seu time ainda está devendo aquela fome para roubar a bola e encurralar o adversário.
Os números de finalizações feitas contra as finalizações certas são o principal argumento para quem diz que o time atual não tem capricho. Apenas 5 no alvo em 19 chutadas é um percentual baixo. Paulo Sousa falou sobre essa deficiência na coletiva pós-jogo.
Uma ressalva aos números são as circunstâncias de cada jogo. Não se pode comparar o engajamento emocional que uma quartas de final de Libertadores causa comparado às semifinais de campeonato estadual. Por isso, é natural que o time e os jogadores individualmente mostrem mais aplicação na hora do gesto técnico.
O que se pode dizer é que Paulo Sousa ainda é um recém chegado ao Flamengo, com pouco mais de dois meses de trabalho. O Mister terá agora 10 dias de treino até a primeira partida da final. Todos esperam uma evolução clara do time. Estamos de olho.