Edital do Maracanã exige 30 obras em 3 anos, livre acesso a rivais e boca livre para governo

Após vários adiamentos, o edital para a concessão do Maracanã pelos próximos 20 anos, enfim, foi publicado nesta quinta-feira. E com detalhes que fazem questionar os planos do Flamengo de disputar a licitação.

O edital prevê um aluguel mínimo de R$ 6.132, 000 por ano, um total de mais de R$ 180 milhões pela duração do contrato, sendo que este valor deve ser ainda maior. Isto porque o consórcio que apresentar o maior valor tem mais chances de ganhar a licitação.

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Além disso, os custos nos primeiros três anos devem ser muito maiores já que o vencedor da licitação se compromete a realizar 17 intervenções no Maracanã e 13 no Maracanãzinho.

Obras que Flamengo teria que fazer até 2026 no Maracanã

• Tornar o Parque Aquático Júlio Delamare independente das instalações do Complexo Maracanã
• Adequar o espaço hoje denominado “Parque da Bola”
• Adequar o acesso Leste
• Realocar o Museu do Futebol para a Torre de Vidro, onde funcionava até 2007

• Restringir o acesso à área de desembarque e circulação de atletas
• Isolar o complexo de transmissão de jogos e a Tribuna de Honra
• Reparar e manter a cobertura do estádio
• Adequar a segregação e segurança nos acessos ao estádio
• Implantar divisórias permanentes para separação de torcidas

• Recuperar e adequar os sistemas eletrônicos do estádio
• Recuperar os sistemas de aquecimento e bombeamento de água
• Adequar as áreas destinadas a tratamento de resíduos
• Recuperar elevadores e escadas rolantes
• Instalar portas nas escadas de evacuação dos camarotes
• Reformar o sistema de ar-condicionado e exaustão mecânica
• Pintura interna e externa do Maracanã para devolver ao estado de conservação pós-reforma
• Avaliação e reparos da cobertura do Maracanãzinho
• Instalação de novo sistema audiovisual e acústico no ginásio
• Instalação de grid de iluminação
• Requalificação das áreas VIP
• Modernização dos bares
• Adequação do acesso à quadra
• Recuperação do sistema de aquecimento de água
• Recuperação das cabines de transmissão
• Modernização do sistema de ar-condicionado
• Requalificação da quadra de aquecimento
• Adequação da acessibilidade do ginásio
• Recuperação do quadro de comando e controle de iluminação
• Pintura interna e externa para devolver o ginásio ao estado pós-reforma para Olimpíada de 2016

Edital vai premiar quem garantir mais jogos no Maracanã

Além da proposta financeira, o edital também considerará a proposta técnica. Neste caso, a maior pontuação virá do número de partidas garantidas no Maracanã e no Maracanazinho.

O edital prevê um mínimo de 25 partidas de futebol profissional garantidas por ano, mas premia com a pontuação máxima quem garantir mais de 70 partidas. Já no Maracanãzinho, o mínimo é de seis jogos e o máximo é para quem garantir mais de 12.

Ou seja, os problemas de excesso de jogos que punem o gramado devem continuar após a concessão. Ou até piorar, já que a concessão abre as portas do estádio aos clubes que não fizerem parte do consórcio.

“A concessionária (…) não poderá favorecer uma ou mais agremiações, clubes ou confederação esportiva por meio de oferta de utilização exclusiva do Complexo (…), assim como impor tratamento comercial injustificadamente distinto, discriminatório ou sem critérios técnicos que represente ônus excessivo e ou a prática de atos que resultem em vedação de acesso à utilização do Complexo”.

O edital estabelece que o concessionário “deverá estabelecer anualmente, para jogos oficiais de futebol, um preço certo e determinado para o aluguel do campo e custos operacionais do Quadro Móvel do Estádio (…), valor este que deverá ser cobrado de forma isonômica de qualquer um dos clubes de futebol do Estado do Rio de Janeiro com data oficial nas principais competições de futebol”.

Nos últimos anos, o Vasco vem conseguindo na Justiça vitórias na tentativa de mandar jogos no Maracanã, contrariando Flamengo e Fluminense. O novo edital deve garantir que, caso Flamengo e Fluminense vençam a concessão, o Vasco passe a ter livre acesso ao estádio desde que pague o aluguel fixado.

Governo do Estado tem direito a tribuna, camarotes, cortesias e bufê

Com a concessão, o governo do Estado receberá o aluguel e deixará de ter qualquer custo com a manutenção do estádio. O que não significa que não continuará usufruindo livremente dele.

O edital prevê que o governo terá uso exclusivo e gratuito da Tribuna de Honra, sete camarotes incluindo serviço de bufê e 40 vagas de estacionamento, além de uma cota de 200 ingressos no Setor Oeste Inferior e 60 ingressos no Maracanãzinho em todos os jogos.

Esta conta não inclui as cadeiras cativas atualmente sob controle da Suderj, como as que a entidade usou para fazer uma ação populista às custas do Flamengo com a troca de ingressos por doação de sangue na final da Copa do Brasil.

O edital prevê ainda que o concessionário deve ceder o Maracanã ao governo por até seis datas por ano e o Maracanãzinho por até 12 datas, sem qualquer tipo de ressarcimento pelo uso.

Os interessados no edital têm até o dia 7 de dezembro para apresentar sua proposta. Aqueles que forem aprovados na proposta técnica.

Além da garantia de pelo menos 25 jogos por ano exige a comprovação de ao menos três anos na administração de estádios com mais de 30 mil lugares, terão o envelope com suas propostas financeiras aberta depois de 60 dias. Quem fizer a melhor proposta técnica e financeira vence a licitação.

A expectativa é que, além de Flamengo e Fluminense, disputem a concessão o consórcio da SAF do Vasco com a W/Torre e o Grupo Metrópole, que administra o estádio Mané Garrincha.

Não se sabe como este último fará para cumprir a exigência de 25 partidas, mas o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, esteve recentemente reunido mais de uma vez com dirigentes do grupo, a princípio para negociar a realização do jogo com o Santos em novembro no Mané Garrincha. É possível que algum tipo de acordo entre as partes em relação ao edital do Maracanã tenha sido discutido.