Documentos anexos ao processo movido pela Sportplus contra a Ferj para rever o valor pago pelo direito de explorar as placas publicitárias do Campeonato Carioca – por conta da dificuldade de negociar os espaços após o Flamengo obter liminar lhe dando o direito de vender sua própria publicidade – revelam o tamanho do prejuízo causado pela ação da federação, contrária à Lei Pelé, de negociar sozinha as placas à revelia dos clubes.
(Leia aqui: Ação expõe interesse nulo de anunciantes em Carioca sem Flamengo)
Um contrato para o Campeonato Carioca de 2016 entre a Sportplus e o supermercado Guanabara, anexado ao processo, permite estimar o valor que o Flamengo poderia arrecadar caso pudesse exercer seu direito legal de negociar suas próprias placas. O Guanabara pagou R$ 1,5 milhão para explorar 2 dos 25 espaços publicitários disponíveis, além do painel central de LED no qual as marcas são expostas de maneira rotativa. Uma regra de três simples permite estimar que a Sportplus e a Klefer – a quem a empresa cedeu 50% dos direitos de venda de placas em 2016 – arrecadaram R$ 18,75 milhões com a venda de placas no ano passado.
Como o MRN mostrou na reportagem de ontem, o Flamengo é o grande chamariz para anunciantes no Campeonato Carioca. A Sportplus alega que a impossibilidade de expor suas marcas nos jogos do clube, devido à vigência da liminar, fez que nenhuma empresa se interessasse por comprar as placas publicitárias para o campeonato deste ano. O processo inclui a cópia de uma correspondência eletrônica com a empresa Papelex afirmando não ter interesse em anunciar se não puder ter a marca exposta nos jogos do clube. A Sportplus também anexou ao processo acordo com a Subway, feito no final de 2015, que invalidava o contrato para a exposição da marca caso Flamengo e Fluminense se retirassem do Campeonato de 2016, como ameaçavam fazer na época.
Esses dados permitem supor que o Flamengo poderia conseguir sozinho um valor próximo aos prováveis R$ 18,75 milhões obtidos pela Sportplus e pela Klefer em 2016. Para se ter uma ideia, a Globo pagava R$ 9 milhões até o ano passado e ofereceu R$ 15 milhões anuais até 2024. Isso ajuda a explicar porque o direito de explorar as próprias placas é uma exigência-chave do Flamengo para renovar o contrato com a TV. Apesar disso e da liminar judicial a favor do clube, a Ferj manteve no regulamento de 2017 a exclusividade sobre o direito de explorar as placas.
Os contratos com a Sportplus anexos ao processo ajudam a explicar essa insistência da federação. No contrato assinado em 2017, e com cláusula não modificada desde então, a Ferj diz que se reserva ao direito de ficar com 10% do valor pago pela empresa para explorar as placas e repartir os 90% restantes entre os seus filiados de acordo com seus próprios critérios.
Se em 2008 esses 10% representaram somente R$ 275 mil, em 2017 o valor chegaria a R$ 900 mil limpos para os cofres da entidade. Descontando o valor ainda não pago deste ano, a federação recebeu R$ 4,65 milhões e pôde distribuir a seu bel-prazer outros R$ 41,85 milhões aos filiados em nove anos de contrato. A ação do Flamengo na Justiça e a recusa do clube assinar com a Globo, por enquanto, encerraram a possibilidade de lucro fácil para a entidade às custas do clube.
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