Cuéllar saiu. E agora? Essa é a pergunta do momento. Vamos explorar as alternativas de Jorge Jesus.
Um time adaptável
Antes de mais nada, é importante dizer que JJ sempre foi muito flexível. Essa ideia de um treinador dogmático e apegado a uma única formação não é real. Em 13 jogos, o português colocou em campo 13 escalações diferentes. É um time que se adapta às circunstâncias e ao adversário.
Perder titulares também não é novidade para o Mister. Todo mundo sabe que o Benfica é um clube vendedor, e isso implica na perda de jogadores que se destacam. Fiz um resumo das movimentações de JJ no mercado há alguns meses. Vale dar uma olhada.
Basta dizer que ele perdeu Di Maria e Ramires após a sua primeira temporada vitoriosa no Benfica. Desmontou-se o meio-campo. No meio da segunda temporada, perdeu David Luiz. Depois que ajustou o time, teve 16 vitórias e uma derrota em 17 jogos seguidos da Liga.
Vale também dizer que precisamos alargar o conceito de “titulares” por aqui. Há 13 ou 14 jogadores que jogam sempre se revezando. Nesse sentido, Cuéllar era sim titular.
Quais são, então, as alternativas à sua saída?
Existem quatro caminhos. Todos com vantagens e desvantagens.
1º) O triângulo de ponta baixa
O primeiro caminho é adotar uma formação com “triângulo de ponta baixa” no meio-campo.
Essa estrutura já foi usada em parte dos jogos contra o Ceará, Vasco e Grêmio.
Assim, Arão e Gerson poderiam jogar à frente de um “primeiro volante”. Com isso, teriam mais liberdade para chegar ao ataque.
Os dois seriam praticamente fixos no time titular, já que quase ninguém mais no elenco poderia exercer essa função. Talvez apenas Hugo Moura.
Esse “primeiro volante” (e vale a pena entender o que queremos dizer quando estamos usando esse termo aqui) poderia ser Piris, Hugo Moura ou até mesmo Rodrigo Caio. Como não acompanhei Vinicius Souza na base, prefiro não opinar sobre sua qualidade aqui.
2º) O triângulo de ponta alta
A segunda opção seria um “triângulo de ponta alta”. Ou seja, algo próximo do 4-2-3-1. Essa foi a estrutura usada no primeiro tempo dos dois jogos contra o Inter, mas até então não tinha aparecido muito no Flamengo de Jorge Jesus.
Nas duas opções, o Fla perderia o esquema com dois atacantes, que vem dando muito certo. Quase todos os times brasileiros atacam com apenas um centroavante, então todas as defesas estão acostumadas a defender contra times assim. BH e Gabriel como dupla na frente vêm dando trabalho
3º) O 4-4-2
A terceira opção é o 4-4-2. De fato, essa vem sendo a formação base do Flamengo desde as lesões de Everton e Arrascaeta. Mesmo depois da volta dos meias, o Flamengo seguiu jogando com os volantes em linha e um meia aberto em cada lado.
Quando chegou, Jesus foi logo dizendo que Arão era primeiro volante etc. e tal. Logo após, disse que mudou suas opiniões sobre alguns jogadores. Provavelmente Arão e Cuéllar estavam nesse grupo, pois os dois passaram a jogar alinhados em quase todos os jogos.
Conforme essa opção, Jesus poderia usar qualquer combinação de Gerson, Arão, Hugo Moura e Piris por dentro. A dupla de ataque volta. Gerson pode jogar pela direita quando Everton Ribeiro não estiver disponível. Bruno Henrique pode jogar pela esquerda quando necessário.
Sem um jogador flutuando por trás dos “volantes”, eles perderiam um pouco de liberdade para ir ao ataque. Além disso, precisariam fazer a cobertura do espaço entre o lateral e o zagueiro o tempo todo – cada um pelo seu lado.
O 4-1-3-2 característico de Jorge Jesus
A quarta opção é voltar para a formação original de JJ. Aquela formação que alguns acharam que ele não abriria mão nunca. Falei sobre o funcionamento dela aqui:
Além de manter a dupla de ataque, os meias jogariam mais próximos um do outro. O central seria Gerson – e essa talvez seja a função que melhor utiliza suas características. O passe longo e o chute de fora seriam potencializados.
O “primeiro volante” (de novo entre aspas) seria responsável por aquela cobertura entre o zagueiro e o lateral nos dois lados – dependendo de onde a jogada acontece. De novo, poderia ser Piris, Hugo Moura ou Rodrigo Caio, mas aqui também poderia ser Arão.
Uma alternativa que se abriria nessa formação – apenas em momentos de domínio total sobre o adversário – seria recuar Gerson para ser esse primeiro homem, responsável por acelerar o jogo com seus passes longos em diagonal. Mais ou menos emulando o argentino Leandro Paredes.
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Uma última variação seria mudar a saída de bola copiando os últimos times de Pep Guardiola. A “saída de 3” feita com um lateral em vez de um volante e o outro lateral centralizando à frente. Filipe Luís e Rafinha talvez sejam os únicos laterais capazes de fazer isso por aqui.
Conclusão
É impossível cravar o que Jorge Jesus fará. Ele tem uma capacidade incrível de moldar jogadores e pode nos surpreender. A única certeza é que ele não usará apenas uma solução. Terá duas, três ou quatro alternativas que serão usadas jogo a jogo, situação a situação.
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