O Mito de Sisifo
O mito de Sísifo é um ensaio filosófico escrito por Albert Camus, em 1941.
No ensaio, Camus introduz a sua filosofia do absurdo: o homem em busca de sentido, unidade e clareza no rosto de um mundo ininteligível, desprovido de Deus e eternidade. Será que a realização do absurdo exige o suicídio? Camus responde: “Não. Exige revolta”. Ele então descreve várias abordagens do absurdo na vida. O último capítulo compara o absurdo da vida do homem com a situação de Sísifo, um personagem da mitologia grega que foi condenado a repetir eternamente a tarefa de empurrar uma pedra até o topo de uma montanha, sendo que, toda vez que estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida por meio de uma força irresistível, invalidando completamente o duro esforço despendido.
***
Mais uma vez vemos o Flamengo rolando a pedra morro acima, para vê-la despencando quase ao chegar no topo. E assim, indefinidamente. Tal como o Sisifo do mito acima.
Flamengo foi a São Paulo em uma partida decisiva. O que, convenhamos, não é o forte do momento passado e atual deste time. Sete anos sem ganhar de time grande paulista em São Paulo. O ímpeto decisivo não achou ainda o CEP do Ninho do Urubu.
E o Corinthians? Se defendeu bem, compactando bem as linhas como todo time moderno anda fazendo. Flamengo nem tanto, diga-se. Fez o primeiro gol em belo lançamento na área. Everton Ribeiro, em uma noite não boa, ficou perdido na marcação, e o Danilo aproveitou e fez seu gol.
Bem, nem deu tempo para sentir muita raiva porque logo em seguida Arão fez um belo lançamento ao Pará, que cruzou a bola, bateu no braço do corintiano e entrou. A bola ultimamente só entra no gol adversário por acidente. Flamengo 1 a 1. E depois passou a, digamos, controlar melhor o jogo. Tentar mais o jogo ofensivo, com Diego enceraderando, Paquetá firulando e Everton Ribeiro perdido. Dourado, como sempre isolado, ficava na área imaginando as bolas que poderiam ser lançadas para ele.
Final de primeiro tempo. Empate que levaria aos pênaltis. Bem, não sei quanto a vocês, mas minha confiança no Flamengo em disputa de pênaltis é a mesma que tenho do Marlos fazer algum gol. Resultado preocupante.
E veio o segundo tempo. Flamengo, ao meu ver, melhor na partida mas no clássico esquema arame-liso, consagrado por todos técnicos estagiários que passam pelo clube. Mas Diego pede para sair. Entra Vitinho. Faz uma bela jogada, chuta pro gol, bate em um zagueiro e o goleiro faz uma bela defesa. No Corinthians entra Pedrinho. 38 segundos em jogo. Pega a bola, faz bela jogada, chuta e gol. É a vida. Injusta (ou justa) para uns e outros não. Mas futebol é resultado e bola na rede. A justiça implacável dos números.
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Flamengo ficou meio perdidão pós o gol, mas entra Lincoln e Marlos. Tem a posse mas a bola sempre trava na defesa do Corinthians. Bolas cruzadas para cá e para lá, passes trocadas na entrada da área. E nada feito. Quase no último minuto da prorrogação, Pará tenta um cruzamento e a bola bate em cheio na trave do Cássio e volta. Certeza que se fosse do lado do Flamengo seria gol para eles.
Enfim, mais uma derrota este ano. Parafraseando Caramujo, Flamengo agora terá mais tempo para descansar e se dedicar ao Brasileiro, melancolicamente, nossa única opção no momento.
Que os resultados deste ano e passados sirvam a quem vier a gerir o Flamengo um foco especial na competitividade do time e a busca por qualificação maior do comando técnico da equipe e na seleção dos jogadores a cada temporada, para que formem um conjunto que brigue mais por títulos sendo bem mais incisivo no ataque. Flamengo tem bons jogadores. Mas não tá dando liga. Uma pena. Um Abel cairia agora muito bem, acho eu.
Flávio H. de Souza escreve no Blog Pedrada Rubro-Negra aqui no MRN. Conselheiro do Flamengo e politicamente livre. Siga-o no Twitter: @PedradaRN
Imagem destacada nos posts e nas redes sociais: Reprodução
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