Sou sócia e ST do Flamengo, com todo orgulho que pode estar agregado a isso…
E pensar politicamente pra mim é um prazer, mas também um dever. Zelar pelo clube, ainda que na maioria das vezes remotamente, é a forma que encontrei para deitar todos os dias a cabeça no travesseiro, ciente de que estou garantindo o futuro do maior patrimônio que os meus descendentes herdarão de mim. É de tanto pensar a política do clube, que acabo recorrentemente levando o tema para as reuniões com amigos, em bares locais ou salas de estar. Bacana sentir como o extracampo tem afetado o torcedor, sócio ou não. Interessante mensurar isso com uma amostra diferenciada: o torcedor que reside muito longe dos muros da Gávea.
A aprovação do nosso atual presidente na terra do oxente é avassaladora. A admiração pelo símbolo máximo da gestão desse novo Flamengo é tamanha, que muitos sentem-se ofendidos se alguém ou uma manchete tendenciosa tenta argumentar contra a postura diplomata de quem carinhosamente apelidam de mito. E isso tem lá as suas explicações.
Acontece que entre muitos anos de campanhas irregulares e alguns títulos insanos, o Off-Rio precisava ter estômago pra encarar o preconceito de regionalistas radicais (que muitas vezes são cidadãos pífios) e ouvir as manchetes apontarem que o Fla era uma várzea. Sem credibilidade, o Flamengo era paraíso pra corruptos e prato cheio para advogados trabalhistas. Isso mudou. E o Off-Rio viu o contexto se modificar: a várzea virou case de gestão, e vanguarda da moralidade. Viu também Eduardo emprestar credibilidade a presidência nacional, em Brasília, e percebeu um respeito institucional que desconhecia.
Por não sofrerem determinadas influências e estarem satisfeitos com os novos rumos do clube, geralmente tem muitas restrições a velha política. Quanto aos dissidentes, a resistência é bem menor. Ainda assim, muitos não simpatizam ou são neutros em relação a figura de Wallim, enquanto outros passaram a se desgostar do polêmico Bap por, entre outras coisas, adotar a estratégia de desconstrução da imagem de Bandeira, um dos presidentes mais queridos da história do clube.
Esse processo de reestruturação do clube abriu portas para uma torcida de visão mais holística. A instituição tem um corpo complexo, mas hoje é transparente e fomenta o pensamento crítico de seus torcedores. É gostoso ver torcedores compreendendo a importância do processo eleitoral para o clube. Essa gestão possibilitou que isso acontecesse. Ganhou o interesse, confiança, paciência e carinho. E Eduardo com sua postura pacata, liderança nata e extremo carisma, conquistou uma imensa parte da Nação. Muito raramente vejo um Off-Rio depositar em um opositor, a fé para um triênio mais vitorioso, e falar de um presidenciável com tamanho brilho nos olhos e orgulho.
Não vejo os torcedores dos times do estado em que moro pensarem a política e estrutura de seus clubes, discutirem isso. Alienam-se aos resultados em campo, sem se perguntar sobre futuro e estratégias dos gestores de seus respectivos clubes. Mas os flamenguistas daqui, hoje o fazem. Nesse país de cartolas bizarros, talvez isso seja um privilégio mesmo nosso.
Independentemente da cor de chapa favorita, pensemos nosso clube, pensemos nossa gestão, nosso futuro. Afinal… somos acima de tudo, rubro-negros!
SRN!
Bruna Uchôa escreve no blog Pelô Mengo, da plataforma MRN Blogs. Twitter: @BrunaUchoaT