Torcedores do Fla reclamam do preço que pagam como visitantes. Thauan Rocha estudou 380 borderôs e encontrou muitas respostas.
Por Thauan Rocha – Twitter: @thauan_R
Torcedores rubro-negros costumam reclamar do custo dos ingressos em jogos que assistem como visitantes. Resolvi então analisar os 380 borderôs do Campeonato Brasileiro 2018 (isso mesmo!) para descobrir quais torcidas pagam mais, sejam elas visitantes, sócio e não sócio (público geral).
É preciso destacar alguns problemas de borderô criativo.
Como acontece com a informação de uma arrecadação inexistente de R$1 por sócio
torcedor que encontramos nos demonstrativos do Ceará. O América-MG informa que
cada sócio pagou o menor valor entre os ingressos de quem não é sócio, elevando
de forma indevida a arrecadação. O Sport, em alguns borderôs, separa
gratuidades de sócios e não sócios, mas na maioria junta tudo no mesmo bolo, o
que também distorce a análise, já que o ingresso médio do sócio iria reduzir se
fossem distinguidos no borderô; além disso, contam como público presente
jornalistas e outros funcionários.
Após essas observações, vamos partir para as análises dos clubes como mandantes:
Olhando a média geral, podemos ver que os clubes com maiores ingressos médios são: Palmeiras (R$60,49); Corinthians (R$42,58); e Paraná (39,89). O número do time paranaense foi distorcido graças ao jogo contra o Palmeiras, que teve imensa maioria no Estádio do Café. Retirando este jogo, o ingresso médio vai para R$29,66, então quem assume o 3º lugar é o São Paulo (R$35,47). Já o clube com ingresso mais barato é o Vitória (R$10,50).
Se descartarmos o Ceará, o Vitória possui o menor ingresso para sócios (R$7,61). O padrão também se mantém entre os que cobram mais caro para sócios: Palmeiras (R$49,17); Corinthians (R$40,51); e São Paulo (30,93).
Entre os não sócios, os que cobram mais são: Palmeiras (R$74,68); Athletico-PR (R$63,22); e Internacional (R$61,20). Novamente o Vitória aparece na última posição (R$11,04).
Clubes com estádios mais novos e em grandes centros tendem a cobrar mais caro em seus jogos, isto é normal, mas podemos ver que, especialmente o Palmeiras, se destaca muito mais nesses índices, chegando a um ingresso médio 2x maior que a média geral. Ainda assim não vemos uma comoção tão grande por parte da impressa, como faziam quando o Flamengo tinha preços mais caros, independente se na média era elevado ou não.
Com esses dados em mãos, podemos nos questionar quão vantajoso é para o torcedor ser sócio ou não do clube. Devemos lembrar que sócios possuem preferência de compra, então podem adquirir o ingresso mais cedo e com desconto, o que reduz o preço médio, mas também permite que sejam compradas entradas para regiões mais valorizadas, como o centro de campo e camarotes. Não necessariamente há uma redução no custo médio, mas de forma geral isso é observado.
Como alguns clubes não cobram de seus sócios – apesar de informarem valores nos borderôs – é claro que os mais vantajosos são esses, mas descartando Ceará, Paraná, Atlético-PR, América-MG e Chapecoense (que também informa um valor fixo), temos então as seguintes colocações: Bahia (256,9%); Internacional (167,2%); e Flamengo (146,6%). Já o que se mostrou menos vantajoso foi o programa de sócios do Botafogo (2,6%).
Olhando para a representação do público de sócios em relação aos pagantes, temos que os clubes com maiores % de sócios são: Corinthians (83,5%); Internacional (80,6%); e Cruzeiro (73,8%). Não atoa esses clubes possuem programas fortes. Já o São Paulo é o que possui a menor representatividade, com apenas 9,7% de sócios.
Partindo para as gratuidades em relação ao público total, devemos lembrar que Sport (26,5%), América-MG (25,6%) e Cruzeiro (21,4%) ocupam as primeiras posições, mas informam funcionários como gratuidades. Descartando-os, teríamos: Botafogo (9,1%); Flamengo (8,0%); e Santos (7,8%). Enquanto isso, Corinthians, Grêmio, Bahia, Vitória, Paraná e São Paulo informam não terem ingressos gratuitos.
Olhando agora o preço médio dos ingressos dos visitantes, podemos ver quem cobra mais caro da torcida adversária. Devemos comparar com os ingressos de não sócios, já que ambos não possuem desconto. Novamente, não necessariamente vai ser maior, pois geralmente a torcida adversária fica em um local menos valorizado.
Os clubes com ingresso médio mais caros são: Cruzeiro (R$87,41); Athletico-PR (R$79,68); Palmeiras (R$76,14). Como o “Furacão” virou a mesa para evitar a presença da torcida adversária, vamos descartá-los, assim quem assume a 3ª posição é o Bahia (R$73,03). Apesar do preço alto no Allianz Parque, não é tão diferente do que os palmeirenses pagam. Levando em conta as diferenças entre mandante e visitante, os destaques são: Atlético-MG (196,1%); Bahia (168,5%); Vitória (151,7%). Isso quer dizer que o torcedor adversário pagará quase 3x o que o torcedor do CAM pagou. Oito times cobram pelo menos o dobro do adversário! Indo agora para a última posição, o Corinthians se destaca com -32,2%. Como o clube busca valorizar seu ST, isso pode indicar que de fato é muito caro não ser sócio, mais caro até que ser adversário.
Os últimos dados que quero mostrar para vocês relacionam o perfil dos times como visitantes, assim podemos ver quais times são mais utilizados para lucrar.
Olhando o ingresso médio geral, temos a sequência: Flamengo (R$38,19); Corinthians (R$35,54); e Palmeiras (R$35,28). Em último aparece o CAP (R$22,75). Esse é um dos indícios que mostra que esses são os clubes que geram mais interesse para o torcedor geral. Mas se analisarmos somente o ingresso do visitante, os times que pagaram mais caro foram: Palmeiras (R$62,46); Flamengo (R$52,97); e Internacional (R$51,86). Na contramão, quem pagou mais barato para ver seu time fora de casa foi a torcida do América-MG, com apenas R$21,21.
Em crescimento relativo ao ingresso de não sócio, o cenário já muda um pouco. Internacional (57,3%); Palmeiras (49,7%); Paraná (46,4%). Novamente o coelho aparece como destaque positivo, tendo um ingresso 35,9% mais barato do que a torcida mandante que não é sócia.
Aqui os números do Palmeiras foram distorcidos por causa do jogo contra o Paraná, porém não quis retirar por ser um jogo que a torcida deles foi explorada.
No caso do Flamengo podemos dizer que há uma inflação geral e não há um crescimento tão expressivo só no ingresso para os rubro-negros. Os flamenguistas pagarão mais caro como visitante, mas também porque ficou mais caro para todos.