RAONY FURTADO | Twitter @UrubuMatuto
“O sujeito que não for pelo menos um dia Flamengo não viveu. O Flamengo é uma força da natureza. Quando o Flamengo espirra, é o futebol brasileiro que fica resfriado.”
(Autor Desconhecido)
Em 1996, quando tinha apenas nove anos (não calculem minha idade, por favor), descobri que o Flamengo havia me escolhido. Naquela época, ter acesso à informação era bem difícil e eu dependia muito da televisão para saber algo sobre meu primeiro e único time de futebol do coração. Amor à primeira vista; a cada dia que passava esse sentimento só crescia dentro de mim, amigos que compartilhavam o amor pelo Manto Sagrado e eram mais velhos passaram a me falar sobre a história linda e rica do Mais Querido.
Mas todo esse amor era limitado, filho de vascaíno (o único que respeito até hoje), não podia manifestar tudo que existia em mim. Com o passar dos anos fui amadurecendo e tendo isso mais respeitado, mas nunca aceito de fato.
Bem, o tempo passou e a adolescência chegou, junto dela novas experiências comuns a muitos e outras comuns a cada região do Brasil. Ser Flamenguista no Nordeste brasileiro não é tarefa fácil. A convivência com torcedor de outros times e com os bairristas é dura e é preciso ter paciência em alguns momentos, mas nunca tive grandes problemas com isso. O X da questão era a distância do Flamengo… Amor não se mede, não se pesa, não se calcula, não tem distância. Mas não “vê-lo” de perto me doía muito e muitas vezes me fez sentir “menos torcedor” que quem tinha o Mengão na sua rotina.
Eu no Estádio Romeirão. | Foto: Samille FidelesAntes de chegar a conclusão dessa história, vou contar uma outra que achei no mínimo curiosa. Poucos dias antes do amistoso entre Flamengo x Icasa em Juazeiro do Norte ser anunciado, o Diogo (@DidaZico) me convidou para fazer parte desse espaço de Flamenguice da melhor qualidade e, prontamente, aceitei. Parecia que o destino estava me dando a oportunidade de poder contar o que o dia dois de maio de 2015 me trouxe.
Enfim, muito tempo depois do sonho de sentar na arquibancada pra assistir meu time de coração em campo nascer, eis que uma chance surge em minha frente. A Copa do Brasil, segunda fase, Salgueiro – PE x Flamengo na cidade pernambucana que o time local homenageia. Distância razoavelmente boa de percorrer em comparação aos 3000 km do Rio de Janeiro. Inúmeras razões me fizeram hesitar… Pensei “Outra chance agora sabe-se lá quando”. Decepção ampliada ao ver as fotos dos amigos que convidaram a ir (aqueles mesmos que me contavam histórias do Flamengo quando eu era criança) na torcida, pertinho dos jogadores.
Mas no dia 27 de Abril, os deuses do futebol iluminaram aqueles que promoveram esse jogo. Não tive dúvidas, dessa vez não perco. Não perdi! Planejei tudo com detalhes, imaginei até o que falaria pra alguém que veste o Manto Sagrado se perto deles passasse. Semana que, por maldade, passou devagar ainda me reservou outra grata surpresa pra me acalmar. Era a chegada da Carteira de Sócio! Contribuinte Off-Rio!!! Meu rosto numa carteira ao lado do escudo do Flamengo e um número de registro protocolado na sede dele. Aquele mesmo menino que enfrentou o medo de ser Flamenguista por causa do pai adversário, cresceu e virou um integrante do quadro de sócios. Que honra! O sábado chegaria pra selar um dos maiores momentos da minha vida. E ele chegou! UFA! Tudo definido pra ter acesso aos jogadores e ao campo de jogo minutos antes da bola rolar.
Era a minha primeira vez e eu já teria o que muitos nunca tiveram e ainda sonham com isso. Conheci pessoas, fiz novos amigos (Obrigado, Flamengo por mais isso), coloquei um sorriso no rosto da mulher que amo, enfim, era um dia perfeito. Jogadores!!! A primeira coisa que pensei: “Esses caras existem! Eles são de verdade, carne e osso, tão pequenos na TV e agora em tamanho real tirando fotos comigo, apertando minha mão.” A qualidade técnica desse ou daquele era o que menos importava no momento, eles estavam representando o time daquele menino de 9 anos. Aquele momento antes do jogo… chegar cedo ao estádio, procurar um lugar legal pra ver o jogo, até sabia por assistir jogos de outros times e saber como fazer, mas tudo isso era depois. Eu iria pra o campo de jogo, ver tudo de outro ângulo antes da bola rolar.
Às 19:30, hora do jogo. Aqueles caras que assistia sempre na TV estavam próximos a mim pra entrar e jogar ali, na minha frente. As mãos suadas, tremia, parecia final de campeonato. O contexto do jogo foi o que menos importou. Aquele era uma das maiores alegrias que o Flamengo me proporcionara. O apito final me trouxe um breve filme, aquele dia passou rapidinho e fui pra casa feliz.
O título desse humilde post tem uma duplicidade de sentidos ímpar. Em minha estreia no @MRN_CRF, minha primeira vez de Flamengo. Que muitas estejam por vir, dos dois. Como citei lá em cima “O Flamengo é uma força da natureza”, vicia, alegra.
E assim foi a primeira vez desse Urubu Matuto!
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Saudações Rubro-Negras!
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