Na minha visão, a versão 2016 do Flamengo, ao contrário do que se imaginava (os mais pessimistas) se mostra forte. É o time/elenco mais forte de muitos anos. Como a grama do vizinho sempre parece mais verde, as criticas se fazem necessárias, mas logo digo que a grama do vizinho não está, quanto se imagina, tão verde do que a nossa.
Logicamente existem alguns cocôs de cachorro em nossa grama (desculpem-me pela expressão). Nada de anormal, pois até Barcelona, Real Madrid, Bayern de Munique têm suas fragilidades. O Flamengo é um parque, não um jardinzinho… e como um “grande parque”, precisa de investimento e manutenção. Não é perfeito, longe disso. T
Feita a introdução, tentarei avaliar as peças do elenco para traçar um rápido panorama atual e projetar para o futuro.
Goleiros: Muralha, Paulo Vítor, Thiago, Daniel
- Muralha – É o titular com justiça. Foi contratado para tal e tem dado conta do recado (bom investimento). Com virtudes notáveis, além da segurança que traz à defesa (e a torcida), sai com os pés ajudando a não rifar a bola, quando preciso.
- Paulo Vítor – Reserva, fraco, moeda de troca. Não fez os 7 jogos. Capitão da barca de 2017. Serve para espelho em 2016 ou moeda de troca. Qualquer lugar, menos no gol.
- Thiago (Copinha) – O promissor goleiro da Copinha tem personalidade forte. Vai aguardar a chance.
- Daniel – Das poucas vezes que vi, não agradou.
Laterais: Rodinei, Pará, Jorge e Chiquinho
- Rodinei – Disputado com Cruzeiro e Grêmio, que quase o contratou, valeu o investimento. É rápido e importante no apoio, não compromete na defesa. Precisa cruzar melhor. Titularíssimo.
- Pará – Não estou entre os maiores críticos, acho que não compromete, é um bom reserva. Pode farrear, mas dentro do campo sempre demonstrou vontade. Conta com a má vontade de parte da torcida por substituir Léo Moura e pelo Bonde da Stella (realidades). O problema é maior fora de campo. É uma boa peça de reposição. Elenco.
- Jorge – Talentoso e presunçoso na mesma medida. Passa a impressão de blasé. Falta um bom reserva ou jogador que dispute a posição com força. Falta fome.
- Chiquinho – O primeiro grande erro no planejamento do elenco. Veio por conta de um pedido de Muricy, que não está mais no clube. Fraco. Nem preciso me alongar. Barca no final do ano.
Zagueiros: Juan, Rever, Donatti, Rafael Vaz, Léo Duarte, Rafael Dumas
- Juan – Experiente e liderança técnica. Veio sob desconfiança geral e se provou uma peça útil dentro e fora de campo. Conexão em todas as pontas: elenco (jovens e estrangeiros), diretoria, comando técnico e torcida. Elenco.
- Rever – Aposta arriscada que se mostrou bem-vinda. Era companheiro de zaga do Juan no Inter. Chegou e mostrou-se útil, com experiência e liderança. Elenco.
- Donatti – Vem com fama de xerife, zagueiro-zagueiro, líder. Status de titular, espero que se adapte rápido, mas prefiro aguardar. Sua contratação é claramente projetada para o ano que vem, onde não se sabe sobre o rendimento de
- Rever e Juan (pode se aposentar). Boa contratação, útil. Elenco.
- Rafael Vaz – Veio sob desconfiança geral, por motivos (óbvios). Analisando com frieza, era reserva da zaga do Vasco. Único setor do rival que realmente é bom. Luan e Rodrigo tem entrosamento fora do comum, era reserva por “falta de espaço”. É um jogador útil, com certa técnica e autoconfiança. Aí está o problema, essa confiança produz lambanças como a que vimos contra o Fluminense. É rápido, talvez seja o titular do lado esquerdo neste momento. Elenco.
- Léo Duarte – Promissor zagueiro da base, de onde tem projetadas esperanças em seu nome. Pode esperar mais um pouco. O movimento de protegê-lo me parece bom. Vai conquistar seu espaço ao longo do tempo. Os mais velhos e o calendário cheio darão chances para que jogue. Joia.
- Rafael Dumas – Sem chance. Nem dá pra avaliar. Histórico frágil e não tem a confiança do departamento nem da torcida. Barca.
Meias: Cuéllar, Márcio Araújo, Arão, Mancuello, Alan Patrick, Canteros, Ronaldo
- Cuéllar – O volante mais talentoso da equipe. Um grande achado. Multifuncional, seria meu titular absoluto. Vai encontrar sua vaga neste time. Somente treinos ruins e algum problema extracampo explica essa não-titularidade atual. Era o primeiro da lista do Celta de Vigo (que levou Diaz, o segundo da lista) e do Cruzeiro, atravessado por nós. Titular.
- Márcio Araújo – Um dos grandes mistérios da humanidade. Quatro anos de titularidade no Atlético-MG (odiado), quatro anos de titularidade no Palmeiras (odiado), três anos de titularidade no Flamengo (odiado). É útil no elenco, mas não pode de forma alguma ser titular. De jeito nenhum! Sua renovação já foi ruim, mas aceitável do ponto de vista do elenco que precisava ser grande, além do pedido do treinador (Muricy). Chega, né? Obrigado e barca de 2017.
- Arão – Um grande achado. Particularmente não o conhecia o suficiente e pensei que seria reserva de Canteros. Chegou, tomou a vaga e é uma liderança no elenco, inclusive técnica. Excelente jogador, o mais regular do Flamengo em 2016. É o capitão do time. Isso diz muito.
- Mancuello – Outro bom investimento. Tem atitude positiva, vontade de acertar aqui, fez força para vir para o Flamengo. Irá se sobrepor tecnicamente durante a temporada, como Cuéllar. Ótimo reforço, ganho em batalha contra o Atlético-MG que pretendia contratá-lo. Elenco forte.
- Alan Patrick – Capitão do bonde da Stella, é útil, ótimo jogador. Andava desligado, mas vem se apresentando bem. Só desliga quando cansa. Estava em seu melhor momento no Flamengo até essa ultima contusão. Elenco forte. Dificilmente fica para 2017.
- Canteros – Veio como grande reforço, chegou e jogou. Depois, sumiu. Ainda acho que pode ser aproveitado durante a temporada. Trabalhador e tem técnica. Talvez com Exos e um treinador que confie em seu futebol possa ajudar. Ainda está na prateleira das moedas de troca, mas é elenco. Provável que não fique para 2017.
- Ronaldo – Joia da base, também terá seu tempo para maturação. Infelizmente não este ano. Talvez tenha sido o grande prejudicado na rodagem do elenco (com Léo Duarte), deveria ter disputado mais partidas no carioca. Encontrará seu espaço, faz trabalho especial de fortalecimento, treina no profissional. deve ter maior frequência de jogos em 2017, tem qualidades.
Meias-atacantes: Éderson, Gabriel, Éverton, Fernandinho, Paquetá
- Éderson – Nosso melhor meia-atacante. Em minha visão o crescimento da produção ofensiva passa diretamente por sua entrada na equipe titular. A bola parou mais no ataque e ele tem mais qualidade em todos os fundamentos do que os outros. Taticamente também é superior aos outros meias e atacantes. Precisa de sequencia, e foi uma pena que mais uma contusão por trama o tirou dessa sequência, que era boa. Muito útil no elenco.
- Gabriel – Útil na rodagem do elenco, tem certas qualidades, mas nunca alcançará o nível esperado para um clube como o Flamengo. Irrita a torcida como um todo, inclusive quem torce por um acerto… Sempre suou a camisa. É moeda de troca, barca 2017.
- Éverton – Segue a linha do Gabriel, só que canhoto e pouco melhor. Multifunção, mas corre muito mais do que deveria com a bola. Útil no elenco. Não consegue apresentar seu melhor no Flamengo. Foi destaque em 2014, mas deve ir pra barca de 2017.
- Fernandinho – Idem, Éverton. Falta explosão, por incrível que pareça. Vem até melhor do que eu imaginava. Barca 2017.
- Adryan – Chegou “de costas”. Provável que esteja de saída, vai gerar renda. Caso fique, evoluiu com a experiência europeia, passando por 3 países. Vai ajudar, será útil ao elenco. Mais uma opção para a armação.
- Paquetá – Como Ronaldo e Léo Duarte, pode esperar seu espaço, que chegará com naturalidade. Vem fazendo trabalho especial para fortalecimento, vai crescer em todos os aspectos. Talentoso. Joia.
Atacantes: Guerrero, Vizeu, Damião, Cirino, Sheik, Nixon, Thiago Santos
- Guerrero – Nosso melhor atacante, ainda que alguns questionem. Obviamente, vale menos do que “é pesado”, mesmo assim consegue elevar o nível de atuações de seus parceiros de ataque, a bola circula mais na frente, não “bate e volta”. Estava se dando bem com Ederson. Quanto melhor for o coletivo, melhor crescerá seu nível de jogo. É o 9, mas é “atacante” não “centroavante”. Titular, mas deve sair em algum momento. Não acredito que cumpra o contrato até o fim. Torço para que dê certo aqui.
- Vizeu – Joia bem utilizada na rodagem do elenco. Particularmente, o acompanho desde sua estreia no Flamengo, numa partida televisionada do sub-17. É 9 farejador. Tem técnica, busca o gol a todo instante. Falta-lhe um pouco de experiência, mas em princípio é o melhor atacante formado no clube na última década. Útil e deve se desenvolver.
Damião – Surgiu como um 9 clássico, decepcionou quando saiu do Internacional a peso de outro para o Santos. Não era o que se imaginava, nem um bonde completo. Pode e deve render. Está chegando à idade de maturação. Será muito útil. Elenco. - Cirino – Atual titular, foi disputado à tapas com Corinthians, Cruzeiro e São Paulo. Parece perdido, alheio. Além disso, sem forças para desempenhar sua função ofensiva. Fui um dos poucos a imaginá-lo como Luxemburgo o imaginou, como centroavante. Pode funcionar futuramente na função, mas teria de melhorar a finalização. Não acredito que seja aqui, no Flamengo. Moeda de troca. Barca 2017. Útil no elenco, mas não tem clima. Não acredito que renda muito mais do que o habitual por aqui. Sentiu o peso do Flamengo.
- Sheik – A renovação foi o maior erro do planejamento. Caro, encrenqueiro, embuste. Fim.
- Nixon – Evoluía antes da contusão em seu joelho. Voluntarioso, esforçado, com a cara do Flamengo. Nunca foi dotado de técnica, mas compensava com suor, não era nenhum craque. Merece buscar espaço em outro clube, recomeçar sua carreira.
- Thiago Santos – Dentre os jogadores campeões da copinha é o menos talentoso e terá de compensar com treino e esforço. Pode render esportiva e financeiramente. Necessita de espaço. Deve jogar o carioca de 2017. Útil. Entrará aos poucos numa transição tranquila.
Este ano foi um ano “longo”, com deslocamentos, mais partidas e tende a permanecer assim, já que disputaremos a Copa Sulamericana. É preciso um elenco grande e mais forte, acho que estamos preparados para isso, mesmo que ainda precisemos de uma ou outra peça. Cogita-se a contratação de Diego Ribas. Seria um upgrade que nos colocaria em patamares altíssimos na temporada, mesmo “sem casa” até outubro. Disputaremos todos os títulos. Falarei sobre o treinador.
Acredito demais no Zé Ricardo, em sua efetivação, no seu trabalho. Sim, é um cara que trabalha muito e já tem o respeito de seus comandados. Notem pelas entrevistas. Uma delas ficou em minha cabeça, quando Fernandinho o comparou a Roger do Grêmio. É promissor e nota-se facilmente pela organização da equipe. Comparem o time de Muricy com o atual. Não enxergo como “xenofobia” a escolha das peças, neste momento. Penso que no médio prazo as peças mudarão, questão de segurança e de conhecimento dos jogadores. Confiança, gestão do elenco.
Isso me leva a crer que Donatti não chegará jogando. Deve conquistar a vaga nos treinos. Cuéllar, jogará. Acontece algo nos treinos que nós não temos como enxergar, por isso Marcio Araújo e sua voluntariedade é o titular. Outro exemplo é a disputa entre Alan Patrick e Mancuello. O Time cresceu de produção com Alan Patrick, sua contusão abriu brecha para a entrada de Mancuello. Bom pro elenco.
O Flamengo de 2016 é o mais forte desde 1990, no papel e no campo. Passando por 2009 e 92, inclusive. Lembro de 2009, de um time muito forte, que atropelou no returno, que jogava junto desde 2007 e que encaixou algumas peças importantes, mas enxergo que esse elenco é mais forte do que aquele. Os elencos de 92, 95, 97, 2001 e 2009 eram fortes no papel, porém desequilibrados. O elenco atual é melhor equilibrado. Veremos se O TIME se mostrará forte em campo. A base para os próximos anos está sendo montada agora, isso é visível. Nos restarão as contratações pontuais e as trocas por possíveis vendas na janela.
Vale lembrar que não estamos excluídos de uma venda ou negócio durante a janela, pelo contrário. Inclusive, não estamos vulneráveis na janela pela primeira vez. Tirando Muralha e Jorge, qualquer outra posição estará coberta dentro do que se imagina para o ano de 2016. Nada do que disse acima transforma o Flamengo num clube perfeito, falhamos demais no planejamento, na demora para as contratações, em algumas opções erradas e na falta de uma casa no Rio de Janeiro.
Saindo do muro, meu time atual é: Muralha, Rodinei, Juan, Vaz, Jorge; Cuéllar, Arão, Mancuello, Diego (Alan Patrick); Ederson e Guerrero. Reservas: Paulo Vítor, Pará, Donatti, Réver, Chiquinho; Márcio Araújo, Canteros, Everton, Alan Patrick (Fernandinho); Cirino e Vizeu. Rodagem: Léo Duarte, Ronaldo, Gabriel, Fernandinho, Adryan, Paquetá, Damião e Thiago Santos. Barca imediata: Emerson, Nixon, Dumas. Barca 2017: PV, Dumas, Chiquinho, Márcio Araújo, Canteros (talvez), Everton, Alan Patrick (talvez), Cirino, Gabriel, Fernandinho, Emerson e Nixon. Essa barca depende de novas contratações e de grana. Talvez não dê pra mandar todo mundo pra rua…
Precisaremos de quatro ou cinco contratações que elevariam o nível de fato, muito menos do que no início deste ano, nem se fala em 2013. Não se trata de defesa de ninguém, é apenas minha visão sobre os fatos. Se com todos os contras relacionados o time se mantiver competitivo até Outubro, será difícil segurar (DCF). Tenho o costume de ver o copo meio cheio (sempre!), 2016 parece ser o ano do renascimento do nosso futebol competitivo. Vamos, Flamengo!