Por Daniel Giotti
Conta-se que durante a preleção antes do jogo da espetacular seleção canarinho de 1958 contra a ex-União Soviética, o técnico Vicente Feola reuniu seu escrete e passou a estratégia, que envolvia lançamento de Nilton Santos para Garrincha, o anjo das pernas tortas, quem cruzaria da linha de fundo para o gol de Mazzola.
Era duro ganhar dos comunistas, por isso um golzinho, com nossa sólida defesa a cargo da enciclopédia do futebol, o Sr. Nilton Santos, era do que precisávamos.
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Garrincha, sem qualquer interesse no que se dizia, teria perguntado a Feola: “Mas o senhor já combinou tudo isso com os russos?”
Neste Brasileirão de 2020, o Flamengo vai resistindo, como um náufrago que se equilibra num pedaço de qualquer destroço, à deriva no mar.
Talvez nossas lídimas tradições na regata sejam o nosso “Sobrenatural de Almeida” para ainda estarmos na disputa pelo título, mesmo com um técnico que não encontrou o time há seis rodadas do fim, em um ano em que a diretoria do Flamengo, que tantos elogios costumeiramente merece, errou feio, errou rude, como se diz, na preparação do time.
Mas eu quero usar um pouco dos meus poderes de astrólogo e pensar numa (im)provável conjugação de resultados, para dizer que podemos chegar, sim, ao título do Brasileiro.
Só dependemos de nós, é claro, e para isso já fui informado pelos astros, pelo céu dos sumérios, de que vamos ganhar hoje do Sport [N. do E.: o texto foi escrito no dia 01/02/2020], chegando aos 61 pontos, contra os 65 do Inter.
Mando este texto para este canal antes do jogo, para dar credibilidade a meus poderes. Deu certo, como já sabem agora!
Aí restarão cinco confrontos para Inter e Flamengo. Rodada à rodada, os astros me informaram que ganharemos do Vasco, enquanto Inter empatará com o Athletico Paranaense, ficando 66 a 64 para eles.
Mas não se anime, torcedor ou torcedora, a emoção nos tomará e, na rodada seguinte, não consigo ver nada além de um empate contra o Bragantino para nós, e uma vitória do Internacional contra o Sport, voltando à diferença de quatro pontos de antes: 69 a 65 para os russos, digo para os colorados.
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Precisaremos da próxima rodada, quando Corinthians vai perder de nós, e o Vasco, na bacia das almas, vai arrancar um empate contra o time gaúcho, ficando em dois pontos novamente a diferença: 70 a 68.
E chegamos ao confronto direto e, aí, que os astros me perdoem, se estiver assim, nada pode impedir uma vitória contra o time do Abel, a esperança terá que vencer o medo e, finalmente, passaremos os gaúchos, por um pontinho: 71 a 70.
Precisa dar tudo certo, e como já disseram que a astrologia nasceu para fazer a economia mais respeitável, juro que vou confiar nos astros até a 37ª rodada, quase lendo meu horóscopo para saber se devo ou não assistir aos jogos.
Também juro que se errar um ou outro resultado, vou dar um jeito de encerar melhor a bola de cristal, para que os jogadores rubro-negros acertam o pé com a bola de futebol.
Na última rodada, o Inter tem o confronto contra o Corinthians, e nós contra o algoz de 2020, o São Paulo.
E aí que está o problema: não basta combinar com os russos, com os colorados, quero dizer, precisamos de nossas próprias forças, para vencer um adversário que nos deu baile até agora, combinar também com os “são paulinos”.
Que os deuses do futebol intercedam por nós, como na batalha de Gotemburgo, no jogo do Brasil contra a ex-URSS, em que vencemos não por um, mais por dois tentos a zero, com gols de Vavá, nada de Mazzola, e quando ainda surgiram para o mundo dois gênios do futebol, Garrincha em partida de gala, e Pelé, na sua estreia em Copa do Mundo, com passe para um dos gols.
Aliás, é bom já pensarmos em dois gols contra São Paulo, pois o Flamengo tem sofrido gol quase em todo jogo.
Haja coração!
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