Marco Quintanilha | Blogueiros da Nação | Pernambuco
“Esta noite sairei, vou beber com meus amigos… ha!
E com as asas que os urubus me deram ao dia
Eu voarei por toda a periferia”
Marco Quintanilha é da Embaixada FlaRecife
Foi ao som da música de Chico Science que encerrei a noite de quarta, na verdade a madrugada do feriado de quinta na Manguetown, feliz como um caranguejo na lama.
Nossa aventura começa no momento em que percebemos que o site da Arena Pernambuco não vendia meia entrada on line. Como é que é? Uma ferramenta que deveria facilitar a vida do torcedor cria um enorme obstáculo? Quer dizer que terei que me deslocar por 30 km para poder adquirir a meia entrada e somente no dia do jogo às 19 hs, ou seja, 3 hs antes da partida? É amigos, vida de torcedor no recife não é fácil.
Graças a Deus o pessoal do Náutico teve um bom senso que a Arena não teve e vendeu em sua sede que fica dentro da cidade e 1 dia antes. Como sempre o time dos Aflitos gentil com a torcida do Flamengo.
Superado este obstáculo, junto os amigos na FlaRecife e seguimos para o estádio numa van encarando a chuva contínua, coisa do inverno “rigoroso” nordestino de 21ºC, e um imenso trânsito, pois além de ser hora do rush (19h) era véspera de feriado, rumo a longínqua porém confortável e segura Arena de Pernambuco.
Ao chegar sinto aquele clima de Maracanã: Torcedores do Mengão em tudo que é lado. Nada como torcer para o time de maior torcida no mundo. Em qualquer lugar estamos em casa.
Arena Pernambuco | Foto: Arquivo PessoalDentro do estádio festa total, uma torcida que não para de cantar e cala a do anfitrião. Uma torcida que está acostumada a momentos decisivos mesmo com um time que não anda jogando bem mas que comparece em massa nesta noite chuvosa.
Começa o jogo tensão de ambas as torcidas, a do Náutico querendo sobreviver num campeonato primordial para suas finanças e a do Mengão querendo ver seu time voltar aos momentos de glórias que andam escassos.
Um 1º tempo morno mas que ao fim deste quase Guerrero marca. Bola rente a trave onde metade de nossa torcida gritou gol. Parecia o prenúncio do que viria no 2º tempo.
O canto rubro-negro entoa pela Arena. Pudemos matar saudades daquelas tardes maravilhosas no Maracanã, estando há 2.500 km de nossa terra natal. Que alegria!
No segundo tempo enfim pudemos soltar o grito engasgado que só quem mora distante de casa consegue entender e a festa toma conta de todo setor norte superior do estádio. Gol de Jorge! Salve Jorge!
Começa a pressão do Timbu dono da casa. Dono da casa ? Mas como é possível só se ouvir a torcida do Urubu? Só o Sobrenatural de Almeida explica.
De repente no auge da pressão, Pará tira em cima da linha e a bola espirra para um contra-ataque mortal e gol do novo ídolo da torcida; Paolo Guerrero!
A cidade do frevo se rende aos cantos da Nação. A do Timbu se retira silenciosa. O carnaval começou mais cedo este ano. Começou no dia 15 de julho.
São 3 da manhã , enfim nossa van nos deixa na sede da FlaRecife e os soldados enfim podem dormir com a certeza do dever cumprido.
“Fui no mangue catar lixo
Pegar caranguejo
Conversar com urubu”