Os desafios de um Flamengo que não melhorou seu programa de sócio torcedor baseado em ingressos com o cancelamento de jogos devido à covid-19
Com sete anos de vida, o programa Nação Rubro-Negra surgiu para preencher a evidente necessidade de facilitar o acesso ao ingresso do torcedor do Flamengo. Portanto, o que mais interessa ao sócio torcedor é a comodidade da compra e da entrada ao estádio de futebol. Para isso, paga-se uma mensalidade. No caso do Flamengo, esse contrato pode ser semestral ou anual.
Dentro desse escopo, foram criadas gradações de facilidades levando-se em conta o poder aquisitivo do associado. Atualmente, quem quiser associar-se ao Nação desembolsará de R$ 54,90 (semestral de R$ 329,40) até R$ 294,90 (semestral de R$ 1769,40).
Quem paga mais tem mais vantagens, que basicamente são traduzidas na prioridade para a compra de ingressos para os jogos em casa. É importante também dizer que o clube não garante nenhum tipo de desconto, sendo este, estipulados quando e como o clube quiser.
Não vamos nos alongar muito em torno do resultado dessa dinâmica excludente para os torcedores com baixo poder aquisitivo. Quem ganha um salário-mínimo dificilmente terá a oportunidade de ver um jogo decisivo do Mengão.
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É como se o torcedor pobre do clube mais popular do Brasil fosse de segunda classe. Uma perversidade, sem dúvida, que nenhum dirigente quis debruçar-se o suficientemente para resolver, basicamente instituindo um sócio torcedor popular. Não há sequer necessidade de inventar a roda, basta seguir o exemplo do Internacional.
Parece que precisamos de um time de craques fora de campo para resolver outro problema que cinicamente é colocado para debaixo da grama da nossa administração: o off-Rio. Se um alienígena fizesse um estudo sobre a paixão clubista desse esporte futebol na Terra, com certeza destacaria o torcedor do Flamengo que não mora no Rio de Janeiro como o símbolo desse enigmático esporte.
Sempre colocado em segundo plano, esse tal off-Rio veste vermelho, preto e resiliência. É um super-herói com capa e tudo. Quase nada tem de volta do programa. As reclamações nos primeiros anos foram tantas que não podemos chegar a nenhuma conclusão que não seja a que aponte o Flamengo como um clube com certo sadismo. Certo demais está quem aponte o Flamengo como a expressão mais próxima de tudo que é o Brasil e suas desigualdades.
E agora o Clube de Regatas do Flamengo se depara com um sério problema. Mais um, em tempos de pandemia, recessão e atividade esportiva paralisada: como manter o associado gerando importante aporte financeiro com este modelo baseado unicamente na facilidade de aquisição do ingresso?
Quem acompanha o trabalho do MRN sabe que nossa ideia sempre será a de fazer uma crítica construtiva. Desde 2015, estamos batendo na tecla da necessidade de evolução conceitual do Nação. Relevamos por muito tempo a ruindade do programa com a compreensão de que o clube estava quebrado e cheio de esqueletos no armário. Lançar a braba do amor mais altruísta em 2013 é super ok. Com orçamento beirando um bilhão em 2019, pura chantagem cruel.
Reclamações à beira do cancelamento
“Alguém cancelou o sócio? Acho um absurdo eles justificarem a cobrança por conta dos descontos.“
Quando a Camila Silveira postou essa mensagem lá no grupo de Whatsapp MRN Pensar Flamengo, um calvário de insatisfações dentro de um cenário em que todos perderam o único benefício de um programa baseado em jogos que não estão acontecendo. Seguem algumas reclamações:
“Nenhum comunicado foi feito: vão cobrando como se nada tivesse acontecido.“
“Falta de respeito com o torcedor. Poderiam oferecer alguma vantagem para os que permanecerem.“
“No mínimo, quem continuou pagando deveria ter um upgrade… Prorrogação de contrato…“
“Tentei entrar em contato para efetuar o cancelamento e recebi: para realizar o cancelamento do contrato vigente, será cobrado uma multa de 50% sobre o período restante e a cobrança é feita pelo mesmo meio do pagamento principal. Importante lembrar que cartão ingresso e ingresso comprados são cancelados, caso queira voltar ao plano você começará do zero. Você deseja cancelar o plano?“
“Eles estão tratando como se fosse período de fim de ano…“
“Extinção dos pontos acumulados! Falta de transparência na aquisição de pontos. Dificuldades para troca de pontos por experiências. Falta de vantagem além dos ingressos. Sistema uma “m” nos jogos maiores.“
“Central de relacionamento uma ‘m’…“
“Burocracia desmedida e imbecil quando tem que efetuar a troca física do ingresso.“
“Podiam dar descontos significativos em produtos de consumo regular como supermercados, farmácias, gasolina, restaurantes etc. Algo significativo que incentivasse o cara que não vai ou não tem a oportunidade de ir aos jogos a ser sócio.“
“Off-Rio deve ser praticamente uma doação. O único argumento é ajudar o seu time de coração a ser mais forte…”
“Se não morasse no RJ, jamais seria ST. Esse cara tem que ser olhado com muito mais carinho.“
E por aí foi…
Landim quer copiar o Real Madrid
Após pandemia, surge o interesse de copiar o Real Madrid. Segue trecho da transcrição feita pelo “Lance!”, com o pronunciamento do presidente Rodolfo Landim à FlaTV a respeito do tema:
“Eles têm os sócios normais, os abonados, que têm direito a acesso cativo, diferente do que fizemos aqui, e uma categoria que chamam de “Carnet Madridista”, que não dá direito à compra de ingresso, mas é para quem mora distante, com pouca chance de ir a jogos, e que tem vontade de ficar por dentro do que está acontecendo no clube. A gente acredita que é algo que a gente deva conseguir implementar no Flamengo, sendo bem sincero, muito em breve. Buscar gera conteúdo próprio aos nossos torcedores, como informações e produtos, em prol da fidelização“.
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Curiosa essa ideia de copiar um clube de outro país, com realidades, demandas e expectativas de seus torcedores completamente diferentes. Claro que a importação de boas ideias é positivo. Entretanto, não seria mais inclusivo e democrático ouvir a própria torcida? O Flamengo não é o real Madrid, presidente. A Nação Rubro-Negra tem 42 milhões de torcedores e torcedoras espalhados no país com o quinto maior território do mundo.
Quanto o Nação arrecada?
De acordo com os balanços financeiros, no exercício de 2018, o Nação arrecadou R$ 48,077 milhões. Em 2019 tivemos um salto para R$ 61,665 milhões.
A renda líquida de bilheteira em 2018 foi de R$ 6,379 milhões, com a renda bruta de R$ 44,700 milhões. Em 2019, já com contrato novo com o Maracanã e um timaço jogando o fino, a renda pegou um foguete e atingiu estratosféricos R$ 109,049 milhões, com liquidez de R$ 48,501 milhões.
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Crédito imagem destacada: Larry White / Pixabay.
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