Sim, os rubro-negros choraram.
E desta vez não foi com mais uma decepção.
O empate de 3 x 3, arrancado de maneira heroica, diante do Flu, nas quartas da Sul-Americana, mostrou que este time pode jogar muito mais bola do que já demonstrou este ano.
Já somos semifinalistas!
Os tricolores entraram em campo querendo mostrar disposição e não a apatia do primeiro tempo da partida anterior. Só que confundiram disposição com violência. Esqueceram de jogar mais na bola do que nas canelas.
Aliás, o Flu que se cuide, para não cair no Brasileirão.
Gostei das atitudes indignadas de Diego (que fez um belo gol de falta), Éverton, Pará e Willian Arão dentro de campo, depois de sofrerem agressões dos adversários. E o juizinho não expulsou ninguém do Flu. Por que?
Diego foi líderO time deu bobeira geral com o timinho tricolete, a ponto de estarmos perdendo por 3 a 1.
Cheguei a pensar em ir dormir, mas lembrei: “Pô, esse é o Flamengo e os jogadores, se não ganharem na bola, vão ganhar na raça e na camisa, que tem a fama de jogar sozinha”.
Deixei de lado o travesseiro e fiquei hipnotizado diante da televisão.
Acabei vendo mais um jogo histórico, em que só não vencemos porque o Diego (um monstro e um líder em campo), mais uma vez, perdeu um gol feito, no finalzinho. Seria a cereja do bolo!
Mas nós, mulambos, preferimos o bolo à cereja, não é mesmo?
Algumas coisas devem ser registradas:
– Willian Arão foi o que mais teve raça em campo, mas falhou demais na defesa e funcionou muito no ataque, a ponto de fazer o gol de empate.
– Éverton Ribeiro precisa ser mais regular. E tem bola pra isso. Jogou mal a maior parte do tempo e, de repente, veio com aquele passe meio de letra para o gol do Felipe Vizeu.
– Éverton continua sendo o motor do time. O cara não para em campo e grita o tempo todo chamando os companheiros à luta. Raçudo!
– A entrada do Vinícius Júnior mudou completamente o time. O Rueda tem que efetivar o menino como titular.
O que falta ao nosso time é raça, vontade, dedicação, foco, empenho e tantos outros sinônimos.
Por que não jogam sério assim sempre, se têm qualidade técnica para isso?
Salários altos e em dia. Excelentes condições de trabalho. Cercados pelo carinho da torcida.
O que mais os jogadores rubro-negros querem?
Talvez, fora o Palmeiras, o Flamengo tenha sido o clube que mais investiu no futebol em 2017.
Conquistar essa Sul-Americana é obrigação. É frase feita? É. Mas é verdadeira.
E que, a partir de agora, os jogadores do Flamengo se comportem em campo da mesma maneira, nas partidas que restam no Campeonato Brasileiro.
Também é obrigação ficar, pelo menos, entre os quatro primeiros. E condições para isso, sabemos que o time tem.
Só para registro, neste ano, nos clássicos cariocas, o Flamengo conseguiu oito vitórias, dez empates e uma derrota.
Acho que ainda nos falta uma mentalidade mais nacional e menos regional. Mas isso é papo para outra hora.
Paschoal Ambrósio Filho é jornalista e autor dos livros 6x Mengão, 100 Anos de Bola, Raça e Paixão, e PentaTri. Fundador e sócio da Editora Maquinária.
Imagem no post e destacada nas redes sociais: Gilvan de Souza / Flamengo