Por Fred Mourão – convidado
O futebol não é mais aquele futebol romântico que existia até o fim dos anos 80, quando os jogadores muitas vezes dedicavam toda sua carreira a apenas um clube. O futebol se transformou, se profissionalizou e agora envolve somas milionárias, com compra de direitos econômicos de jogadores, direitos de imagem, altos salários, investimentos em formação, em estrutura, acompanhamento médico e psicológico, midia training, entre vários outros fatores que buscam desenvolver todo o potencial de cada atleta.
Para cumprir esses requisitos é preciso arrecadar, e todas as fontes precisam ser maximizadas. As cotas de televisionamento, a fornecedora de material esportivo, o espaço no uniforme, licenciamento de produtos, programa de sócio torcedor e, naturalmente, a renda de bilheteria. Não há como abrir mão de nenhuma receita.
É preciso administrar para todos sem perder receita e sem ser populista. Então, como conciliar a necessidade de arrecadar, mantendo as contas em dia, tendo um orçamento equilibrado para investir em novas contratações de peso, na formação de novos atletas na base, manter um time competitivo e trazer os apaixonados torcedores de menor poder aquisitivo novamente para o estádio?
Como manter o equilíbrio das receitas da partida cobrando mais barato por esses ingressos?
Como garantir que esse torcedor comprará o ingresso e entrará no estádio?
O que o impediria de revendê-lo por um preço maior?
E mais, como ele comprovaria sua situação econômica?
Antes de mais nada é essencial buscar o equilíbrio da receita, subsidiando esse ingresso através do aporte de algum patrocinador e/ou repassando o valor descontado para os ingressos de outros setores.
O passo seguinte é a venda e garantia de acesso a esse público.
Vender ingresso na entrada no estádio, com o torcedor comprando e entrando, sem a possibilidade de revender, garantiria o funcionamento do projeto, mas poderia causar tumulto nesse acesso com centenas de torcedores tentando comprar e entrar.
Então, para evitar esse possível tumulto na entrada, vender ingresso antecipado, nominal e intransferível, com acesso em separado seria uma solução.
E para garantir que somente o torcedor de menor poder aquisitivo tenha acesso a esse ingresso subsidiado, a melhor saída seria desenvolver um cadastro desses torcedores.
Já para os torcedores que não participam do projeto sócio torcedor, frequentam os estádios e gostariam de garantir seu acesso aos jogos mais importantes, onde provavelmente as vendas esgotariam ainda online, estes deveriam comprovar frequencia em um determinado número de partidas, guardando os canhotos dos ingressos, e garantindo assim um desconto para compra em alguma partida mais concorrida. Dessa forma, os torcedores fieis mas que não participam do projeto sócio torcedor, teriam a possibilidade de estar no estádio em jogos de grande demanda.
Ou seja, são soluções para os que frequentam todos os tipos de jogos sem serem sócios torcedores e gostariam de poder comprar uma semi ou final, e para os de menor poder aquisitivo terem a oportunidade de estar presentes acompanhando seu time do coração.
Fred Mourão foi Gerente de Marketing e Relacionamento do Flamengo entre 2013 a 2015. Formado em Marketing pela UCSD (Universidade da Califórnia de San Diego). Fez MBA em Gestão no Ibmec. Formado em Gestão de Futebol pela CBF. Também é graduado em Administração pela UERJ. Hoje trabalha como Coordenador e Professor de MBA em Marketing Esportivo. Siga-o no Twitter: @FredMourao
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