Eu não parava para ver a Seleção Brasileira há muito tempo. Acompanhar a convocação, esperar o jogo com ansiedade e correr para ver na televisão quando o plim-plim da Globo alertou o começo da transmissão. Galvão Bueno tentando me fazer amar o Brasil novamente já não soava tão canastrão tipo um vendedor de carro velho.
E quando William Arão foi ovacionado pela torcida do Flamengo. E quando William Arão foi vaiado pela torcida do Botafogo. E assim o primeiro tempo entre Brasil e Colômbia seguiu, com a torcida carioca sendo carioca da gema e o mediano meio-campista paulista o grande personagem.
Veio o segundo tempo. Arão saiu. Acabou-se o frisson intermitente das vaias botafoguenses e dos brados rubro-negros. Diego Ribas entrou e sua fortaleza futebolística sólida fez que o coletivo brasileiro brilhasse. Logo abrimos o placar com o palmeirense Dudu, depois de jogada da dupla corintiana Fagner e Rodriguinho que pegou rebote do goleiro depois do arremate de Diego Souza do Sport Recife.
E depois veio Camilo. Cabelo do Coalhada, bom de bola para a bola que se joga no Brasil. A torcida do Botafogo voltou a ter mais interesse no amistoso. E que sensacional ver Camilo dando uma caneta em Berrío. Que surpresa ver o botafoguense amigo zoando imediatamente no Whatsapp. Finalmente eu sou zoado por um botafoguense. Não acontecia desde quando? É legal. É o futebol.
Outro motivo de alegria era Jorge. Que orgulho! 20 anos e desfilando com a Amarelinha com extrema catiguria. Ops… eu disse Amarelinha? Mas… eu odeio a seleção há muito tempo! Por que estou a tratando com tanto carinho?
E esse meu sorriso com o Diego abraçando o Dudu… do Palmeiras, nosso atual grande rival! Não adianta disfarçar, eu sorri felizão com o gol da Seleção.
Sim, eu me relacionei com o time da CBF. Provavelmente não acontecerá tão cedo novamente. Pois o Coalhada do Botafogo não será convocado, o Scarpa do Fluminense também não, os gremistas Wallace e Luan muito menos, o xerifão Rodrigo Caio do São Paulo, o Robinho do Atlético-MG, o Lucas Lima do Santos, e sobretudo, o Jorge do Flamengo, provavelmente não estarão mais jogando no Brasileirão quando Tite os convocar novamente.
Quando a Seleção Brasileira voltar ao Nílton Santos é quase certeza que veremos o Neymar do Barcelona, o William do Chelsea, o Coutinho do Liverpool, a revelação Gabriel Jesus do Manchester City, o veterano Paulinho do Guangzhou Evergrande e o técnico lateral-esquerdo Jorge do Monaco (que aprendeu muito na Europa no último ano e merece a vaga, dirão os comentaristas durante o jogo).
Quando a Seleção Brasileira voltar ao Nílton Santos é quase certeza que pra mim o 7 a 1 voltará: nossa vergonha alheia de ser uma colônia de exploração de matéria-prima para o velho continente melhorar ainda mais sua indústria esportiva de ponta.
Quando a Seleção Brasileira voltar ao Nílton Santos é quase certeza que a torcida brasileira não vai ter um William Arão para vaiar e apoiar ao mesmo tempo. Não vai ter um Camilo para comemorar ovinho e zoar o amigo pelo whatsapp, não vai ter um Dudu pra marcar o gol da vitória, um Fagner pra ser praguejado por ser um filho da mãe violento, um Rodrigo Caio para acabar com a brincadeira na nossa área.
E sobretudo um Jorge pra dizer que craque a gente faz em casa e depois vira campeão mundial com chocolate para cima dos gringos lá no Japão.
Diogo Almeida é um beatnick boleiro. Escreve no Cultura RN quando consegue colocar as ideias no lugar. Siga-o no Twitter: @DidaZico.
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