Entre velhos lobos e novos táticos, Vanderlei Luxemburgo sempre se destacou pela inteligência na leitura dos jogos e do momento do time…
George Castro
Poucos “professores” sabem utilizar o elenco tão bem quanto Luxa, e até mesmo alguns jogadores que ninguém via talento, conseguem render bem sob o comando do nosso ‘pofexô’.
Na pré-temporada de 2015, Luxa treinou o Flamengo jogando quase no tão falado 4-1-4-1, segurando os laterais na defesa e se utilizando dos pontas para o ataque. O problema desse esquema é que ele depende de uma peça fundamental: o quase extinto camisa 10.
Nesse esquema com pontas e sem a subida dos laterais, o meia armador (camisa 10) é o responsável por fazer o jogo andar, trocar de lado e até mesmo infiltrar a área adversária. Se o time sobe por um lado e encontra a defesa bem posta, o camisa 10 faz a troca de lado ou tenta um passe/lançamento para a infiltração do centroavante. Sem essa função, os pontas ficam isolados, dependendo da subida dos laterais para terem com quem jogar.
Na ausência de Arthur Maia, Luxa precisou mudar o esquema. (Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)E quando o time perde seu camisa 10, o que acontece? Bem, aí tudo muda.
Sem um jogador para trabalhar a bola e mudar o jogo de lado, a solução é liberar os laterais e utilizar volantes no meio campo. Os volantes têm a missão de girar o jogo e ajudar na marcação, enquanto os laterais fazem o trabalho de apoio aos pontas e ao ataque. O problema é que esse esquema depende mais de jogadores de qualidade e de muito treino, pois a subida dos laterais expõe a zaga e cria espaços.
O Flamengo vem jogando no esquema com 3 volantes desde que o Arthur Maia se machucou, e era ele quem fazia o trabalho do 10. Arthur foi uma indicação do próprio Luxa, que observou nele essa característica. O trabalho da pré-temporada foi bem feito e o time do Flamengo vinha apresentando um bom futebol dentro do esquema treinado.
O problema agora é a falta de tempo para treinar. Jogando no meio e fim da semana, Luxemburgo quase não tem tempo de treinar o esquema alternativo de 3 volantes. Alguns outros problemas, como a fraca atuação de nossos volantes e as constantes lesões, contribuem para as tão sonolentas e/ou turbulentas atuações rubro-negras até então.
O time do Fla está mais calmo em campo, trabalhando mais a bola, mas falta objetividade. Só chegar e rondar a área adversária não basta, falta agredir mais o adversário, falta o passe para a conclusão. Contra os chorões o Flamengo dominou o jogo, mas quase não concluiu a gol. A falta de objetividade teve seu preço e fomos castigados com um gol de um chute de fora da área.
Para um primeiro semestre sem muitas emoções, o atual elenco serve bem, mas precisamos nos reforçar para o segundo semestre, visando conseguir ao menos uma vaga na libertadores do ano que vem.
Domingo é dia de clássico contra os vices, mais um teste de fogo para o ‘pofexô’ e seus esquemas táticos. Mas bem ou mal, nós estamos vendo o Flamengo com dois esquemas de jogo, dentro de suas possibilidades. E convenhamos que jogando feio ou não, o mais importante é cumprir o objetivo, que sempre será a vitória.
#SRN